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Envelhecer é preciso e inevitável, mas de forma saudável e consciente

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A banda norte-americana de rock The Beach Boys lançou, em 1966, o álbum “Pet Sounds”, que abre com a canção “Wouldn’t it be nice”, cuja letra propõe uma questão algo exótica: “Wouldn´t it be nice if we were older?” (“Não seria legal se a gente fosse mais velho?”, em tradução livre). Ficar mais velho não é algo que se associe aos desejos da juventude, da época e de hoje. Mas a idade chega para todos nós e, com a vida adulta, preocupações: medo de perder o emprego, de problemas de saúde, de crises familiares. Essas preocupações têm o efeito perverso de acentuarem o envelhecimento – e isso foi verificado num estudo recente, que avaliou os efeitos do estresse no sistema imunológico.

O estudo, publicado neste mês pela revista especializada PNAS (Anais da Academia Nacional de Ciências dos EUA, na sigla em inglês), foi realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia e Universidade do Sul da Califórnia, e considerou dados de mais de 5.700 pessoas acima dos 50 anos de idade. O que os pesquisadores verificaram foi que o estresse causado por acontecimentos traumáticos – como perder o emprego, morte ou doença de familiares, discriminação, entre outros – afeta a produção de células T novas (ou células T naïve, na linguagem científica). A importância dessas células, por sua vez, está em preparar o sistema imunológico para que este se adapte e enfrente novas doenças.

A queda na produção de células T novas é própria de um fenômeno conhecido por um nome um tanto difícil de pronunciar: imunossenescência. Significa basicamente o envelhecimento do nosso sistema imunológico. Os fatores de estresse investigados pelos pesquisadores aceleram esse processo — o que expõe o indivíduo ao risco de doenças que só viria a eventualmente contrair quando fosse de fato mais velho.

Outro estudo, este da Penn State University (EUA), publicado no periódico “The Journals of Gerontology” também em junho, pesquisou dados de mais de 33 mil pessoas de mais de 51 anos e verificou que gerações mais novas de idosos podem vir a sofrer de doenças crônicas mais cedo que gerações anteriores. Os pesquisadores não avaliaram o efeito específico de fatores estressantes sobre o processo, mas consideraram raça, etnia e condições socioeconômicas na infância.

Envelhecer é um medo humano comum: evoca a ideia de que tudo eventualmente chegará ao fim e pior – de que não se sabe quanto tempo se tem até que o fim chegue. A arte capta esse medo, seja na forma de parar a ação do tempo, seja na do desejo de voltar a ser jovem – “O Curioso Caso de Benjamin Button”, do escritor Scott Fitzgerald, “Fausto”, do alemão Johann von Goethe, e mesmo “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, são apenas alguns exemplos de uma longa lista.

No mundo fora da ficção, envelhecer ganhou status de estigma – como o chamado “idadismo” ou “etarismo” que não só prejudica em nível individual (complicando, por exemplo, as chances de se encontrar emprego depois de certa idade) como em nível social (comprometendo a elaboração e execução de políticas públicas que promovam bem estar e igualdade para idosos). Envelhecer já é tratado inclusive como doença – como condição que no futuro poderá mesmo ser revertida, com medicamentos e outras formas de tratamento. O professor David Sinclair, da Universidade Harvard, por exemplo, é um expoente bastante conhecido sobre esse tema. A OMS (Organização Mundial de Saúde) já publica um relatório sobre idadismo.

No Brasil, o envelhecimento da população é um fato. Levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de outubro de 2021 elaborou três cenários – um deles de choque populacional, em que, no ano 2100, os mais jovens serão 9% do total, enquanto os idosos representarão 40%. A forma de se lidar com o envelhecimento, segundo o estudo publicado na PNAS, passa pela adoção de estilos mais saudáveis de vida, como dieta mais saudável e atividades físicas com regularidade. No Brasil, políticas públicas que cuidem da saúde e promovam a qualidade da população idosa são e, a se confirmarem as projeções, cada vez mais fundamentais.

Atribui-se ao dramaturgo irlandês George Bernard Shaw a frase que diz que a juventude é maravilhosa – pena ser desperdiçada com os jovens. Mas isso é injusto com os jovens e com os idosos. O mundo abre hoje possibilidades inéditas, e tanto a força da juventude como a experiência da idade vão construir uma realidade melhor. À pergunta dos Beach Boys – seria legal se fôssemos mais velhos? –, mais do que nunca, estão hoje à mão os meios para fazer com que a resposta possa ser um categórico sim.

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Hospital São Luiz Itaim inaugura Centro Avançado de Endoscopia com foco em alta tecnologia e IA

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Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.

Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”

Tratamentos modernos com alta precisão

Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:

  • Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
  • Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
  • POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
  • Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.

O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.

Inteligência artificial a favor da medicina

Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.

“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.

Um marco para o cuidado digestivo no Brasil

A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.

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Justiça obriga plano de saúde a reembolsar R$ 496 mil por sessões de hemodiálise

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Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica

Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.

Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.

A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.

“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.

Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores

Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.

“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.

Conforto e qualidade de vida preservados

Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:

“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.

Precedente relevante para outros casos

A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.

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Correios anunciam plano emergencial para contornar prejuízo bilionário em 2024

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Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.

📉 Causas do prejuízo
A estatal atribui a crise principalmente:

  • à queda nas receitas com encomendas internacionais;
  • ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
  • aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.


📋 Medidas do plano de recuperação:

  1. Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
  2. Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
  3. Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
  4. Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
  5. Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
  6. Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
  7. Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
  8. Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.

🚴‍♂️ Investimentos e transição ecológica

Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:

  • 50 furgões elétricos;
  • 2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
  • 1.502 veículos para renovação da frota.

💸 Alerta de liquidez

A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.


📢 Mensagem da direção

Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.

Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.

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