André Barros, médico ortopedista do Grupo de Cirurgia do Ombro e Cotovelo do Hospital da Luz Lisboa, apresentou no maior congresso europeu da especialidade, que decorreu em Lisboa, entre 22 e 24 de junho, dois trabalhos prospetivos sobre o uso da técnica Regeneten no tratamento de doentes com degeneração da articulação do ombro. Trata-se de uma tecnologia bioativa, de regeneração dos tecidos da coifa dos rotadores (conjunto de tendões e músculos que envolvem a articulação do ombro), apenas realizada em Portugal pelo Hospital da Luz, que foi selecionado devido à experiência dos seus especialistas nesta área.
“Os trabalhos que apresentámos no congresso da EFORT demonstram os resultados clínicos da aplicação do implante Bioinductivo Regeneten na reparação da coifa dos rotadores, comparando com a técnica de reparação clássica: a utilização deste implante revelou melhores resultados clínicos funcionais e diminuição significativa da taxa de re-rotura”, explica André Barros.
A equipa do Ombro e Cotovelo do Hospital da Luz Lisboa, coordenada por Eduardo Carpinteiro, é atualmente, aliás, “a que tem maior experiência na utilização desta técnica na Europa”.
O Regeneten:
- É uma técnica relativamente recente, sendo usada nos EUA, Austrália e Canadá há menos de 10 anos;
- Consiste na aplicação de um derivado de tendão de Aquiles bovino, com elevado grau de purificação, altamente poroso e com orientação ótima de fibras de colagénio tipo I. Estas caraterísticas estimulam uma resposta natural do organismo, de indução de um novo crescimento celular (regeneração) do tendão.
- O implante assim colocado é remodelado gradualmente ao longo dos seis meses seguintes, deixando uma camada de novo tecido semelhante ao tendão saudável, e aumentando, assim, a espessura do tendão remanescente.
- O tecido tendinoso recém-induzido compartilha a carga com o tendão nativo, o que reduz a tensão excessiva que é causa da degeneração.
Este foi o 23.º congresso anual da EFORT (European Federation of National Associations of Orthopaedics and Traumatology), federação europeia de associações nacionais desta especialidade, que conta habitualmente com participantes oriundos de todo o mundo, e que este ano tinha como tema ‘As necessidades do doente moderno – Desafios e soluções em ortopedia e trauma’. Fundada em 1991 para promover a formação e investigação na área da ortopedia e traumatologia, a EFORT reúne cerca de 50 sociedades científicas de 40 países.