Vinte e cinco mil médicos se formam todos os anos no Brasil em faculdades, que não ensinam educação financeira. Falta de conhecimento leva prejuízos à classe médica
No Brasil, existem em funcionamento 353 faculdades de Medicina, sendo que 173 delas foram abertas entre 2011 e 2021. A informação está no estudo “Radiografia das Escolas Médicas do Brasil”, do Conselho Federal de Medicina (CFM), o qual aponta que essas faculdades estão em 228 municípios e oferecem, juntas, 37.423 vagas por ano para a formação em uma das carreiras mais prestigiadas e valorizadas do mundo.
Com, aproximadamente, 500 mil médicos em atividade, o número de formados no ano passado, em plena pandemia da Covid-19, foi de 24.587, a nível nacional. Nesse sentido, entre os principais obstáculos desse contingente, destaque para a aprovação na residência médica; jornadas de trabalho extensas e cansativas; escolha de uma entre 55 especialidades reconhecidas pelo CFM; e a principal: a falta de conhecimento sobre as melhores formas de aplicação de seus vencimentos, bem como sobre as normas contábeis, empresariais e tributárias vigentes no País, noções não ensinadas por nenhuma faculdade de Medicina no Brasil.
Em especial, essa última dificuldade, atrelada à ausência de informação sobre sua própria renda, faz com que muitos médicos comecem a ter, rapidamente, prejuízos financeiros, como explica o médico Francinaldo Lobato Gomes, da Academia Saúde mais Ação Sucesso na Carreira: “A carreira médica garante vencimentos entre R$ 20 e R$ 30 mil por mês. Entretanto, todo esse ganho vem do número de horas trabalhadas, e um médico costuma trabalhar de 60 a 80 horas semanais. Como ele não sabe cuidar do dinheiro que ganha, gasta mais e, muitas vezes, gasta aquilo que nem tem, enriquecendo, assim, as operadoras de saúde, os bancos, as cooperativas e o próprio governo, por falta de um planejamento tributário e uma educação financeira”.
Júlia Lázaro
Para piorar, a maioria é levada a constituir um Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para desburocratizar a prestação de serviços, e, sem entender sobre dinheiro e tributos, eles se tornam “empresários inconscientes”. “É raro hoje, no Brasil, um médico que não possua uma empresa. Seja como premissa para atuar nas operadoras de planos de saúde, seja por exigência dos hospitais ou, ainda, para abrir um consultório ou uma clínica: independentemente da área de atuação, é incomum um médico não ter CNPJ”, comenta Júlia Lázaro, fundadora da Mitfokus Soluções Financeiras, fintech voltada à gestão contábil, tributária e financeira de profissionais da área médica e que emprega tecnologia e inovação em seus produtos.
Então, nas palavras de Júlia, como não existem obrigações tributárias e acessórias simples, não são poucos os médicos que se perdem em meio à sopa de letrinhas dos impostos, taxas e contribuições, e à quantidade de prazos para essas obrigações, o que ocasiona multas, perda de tempo e prejuízos financeiros, formando uma bola de neve.
Embora a educação financeira tenha caráter suplementar dentro da formação técnica do médico, ela passa a ser primordial para alicerçar a carreira, dado que angariar conhecimentos econômicos é o que fará a diferença no desenvolvimento profissional, estabelecendo ganhos sólidos de pequeno, médio e longo prazo. “Ao adquirir educação financeira, o médico terá oportunidade de, além de conhecer sobre os impostos e obrigações legais, ficar por dentro de onde melhor investir seu dinheiro, como as rendas passivas (as que não dependem do seu trabalho), por exemplo. Então, quando ele estiver de férias ou impossibilitado de trabalhar, terá o seu dinheiro rendendo a seu favor… Na prática, esse tipo de instrução transforma o profissional em um “metamédico”, proporcionando uma liberdade na carreira e fazendo com que a pessoa não dependa de outras para controlar os processos que envolvem o seu dinheiro”.
Atrelada a esse ponto de vista, a Mitfokus oferece, dentro do seu portfólio de produtos, a “Mitsystem”, uma plataforma inteligente de contabilidade digital para médicos com gestão tributária e financeira integrada, cujo objetivo é evitar ralos financeiros e passivos tributários. No sistema, é possível obter conciliação bancária, controle de produção médica, emissão de notas fiscais de acordo com a especialidade selecionada, agendamento automático de impostos, além de linhas de créditos e financiamentos a juros acessíveis e competitivos, recebíveis e antecipação, incluindo o crédito estudantil.
Com 3 mil clientes em sua base, a Mitfokus possibilita economia de impostos pagos ao longo de sua trajetória médica. Calcula-se, segundo a empresa, que R$ 1,6 milhão é o valor médio que um médico deixa de receber ao longo de sua carreira ao confiar em serviços contábeis generalistas e não tecnológicos.
Em um cenário de crescente atenção às necessidades de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Bradesco Saúde celebra os avanços do seu Programa de Acolhimento, desenvolvido com foco na personalização e qualidade do cuidado prestado. Em um ano de implementação, a operadora de saúde duplicou sua rede de atendimento especializada, alcançando mais de 570 prestadores credenciados em todo o país.
Lançado em 2024, o programa oferece uma Central Exclusiva de Atendimento, que funciona como ponto de acolhimento e triagem inicial, orientando os pacientes e suas famílias sobre os caminhos adequados de cuidado e acompanhamento clínico. A jornada do beneficiário é monitorada pela operadora, garantindo suporte contínuo e especializado.
Resultados expressivos no primeiro ano
Entre março de 2024 e março de 2025, o programa especializado para TEA registrou aproximadamente 12 mil acionamentos, beneficiando mais de 5 mil pacientes. De acordo com levantamento da Bradesco Saúde, 70% das demandas foram para o sexo masculino e 30% para o feminino. Além disso, 42% dos pacientes atendidos estavam na faixa etária de 0 a 5 anos, público no qual o diagnóstico e as intervenções precoces são especialmente relevantes.
“O programa tem sido bem-sucedido na sua proposta de proporcionar o cuidado adequado aos pacientes diagnosticados com o TEA. Temos como pilares o acolhimento humanizado às famílias, protocolos integrados e parcerias com redes especializadas”, destaca Fernando Pedro, superintendente sênior de Gestão de Rede da Bradesco Saúde.
Compromisso com o cuidado humanizado
A expansão da rede e o modelo de acompanhamento reforçam o compromisso da Bradesco Saúde com uma abordagem centrada no paciente, especialmente em um tema tão sensível como o TEA. Ao investir em uma estrutura dedicada, a operadora contribui não apenas para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, mas também para a conscientização da sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce, do apoio às famílias e da inclusão.
A iniciativa integra a estratégia da empresa de inovação no cuidado em saúde, alinhada aos princípios da medicina personalizada e baseada em valor. Ao promover ações integradas e especializadas, a Bradesco Saúde avança em sua missão de proporcionar mais acesso, qualidade e eficiência assistencial no setor de saúde suplementar.
Com o objetivo de fortalecer a atenção primária e qualificar a gestão da informação no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde lançou novos sites dedicados à Estratégia e-SUS APS, ao Painel e-SUS APS e ao Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab). As plataformas reúnem funcionalidades essenciais para o uso adequado das ferramentas digitais, além de conteúdos voltados à capacitação técnica e apoio à implementação nos municípios.
A iniciativa integra o esforço do governo federal para reduzir o tempo de espera no SUS e aprimorar o cuidado prestado aos usuários, conforme destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, a modernização dos sistemas de informação em saúde é um dos pilares para acelerar o acesso aos serviços, monitorar indicadores e facilitar a tomada de decisões baseadas em evidências.
Ferramentas disponíveis nos novos hotsites
Os hotsites disponibilizam recursos estratégicos para apoiar os profissionais no uso dos sistemas, tais como:
Downloads para instalação do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC);
Orientações para instalação e uso do Painel e-SUS APS;
Manuais técnicos e materiais de apoio à implantação;
Linha do tempo com principais entregas e versões;
Biblioteca de vídeos explicativos e de apoio;
Ambiente de treinamento com dados simulados (XML);
Integração direta com a plataforma de educação permanente Educa e-SUS APS;
Canal de suporte técnico e seção de novidades;
Blog com atualizações e notícias da área.
O que é a Estratégia e-SUS APS
Liderada pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), a Estratégia e-SUS APS visa reestruturar a gestão da informação na atenção primária por meio da informatização qualificada dos serviços. A proposta é criar um novo modelo de gestão de dados em saúde, promovendo mais eficiência e rastreabilidade nos atendimentos.
A principal inovação recente é o Painel e-SUS APS, plataforma que permite o monitoramento em tempo real de indicadores populacionais e clínicos. A solução oferece suporte direto à tomada de decisão em saúde, possibilitando que equipes realizem intervenções mais rápidas e eficazes no cuidado dos pacientes.
Educação permanente para os profissionais
Para apoiar a implementação e a melhoria contínua dos sistemas, o Ministério da Saúde também disponibilizou o Educa e-SUS APS, uma plataforma gratuita de educação permanente. O ambiente oferece cursos, treinamentos e materiais atualizados para profissionais de saúde, gestores e equipes de tecnologia, com foco no uso eficiente das ferramentas e na aplicação prática dos dados para a gestão da atenção primária.
Com essas novas iniciativas, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com um SUS mais digital, eficiente e integrado, contribuindo para uma gestão pública mais transparente e centrada na saúde das pessoas.
Um estudo internacional liderado pela Stanford Medicine, nos Estados Unidos, trouxe evidências promissoras sobre o impacto positivo da vacinação contra herpes zóster na saúde cerebral de idosos. Segundo a pesquisa, publicada na prestigiada revista Nature, o imunizante foi associado a uma redução de 20% no risco de desenvolvimento de demência, incluindo Alzheimer.
A pesquisa teve como base os registros de saúde de idosos no País de Gales, onde uma política de vacinação restritiva — permitindo a aplicação da vacina apenas para pessoas com 79 anos completos em 1º de setembro de 2013 — criou um “experimento natural”. Os pesquisadores, então, compararam grupos vacinados e não vacinados com perfis semelhantes ao longo de sete anos.
“A situação permitiu um estudo observacional robusto com dados reais e controle adequado de variáveis como idade e estado de saúde”, destacou o professor Pascal Geldsetzer, autor sênior do estudo.
O elo entre vírus latentes e doenças neurodegenerativas
O herpes zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é causado pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora. Após a infecção inicial, o vírus permanece dormente no sistema nervoso e pode ser reativado décadas depois, especialmente em idosos com imunidade reduzida. Além de causar dores intensas e erupções cutâneas, ele também pode desencadear inflamações crônicas nos nervos.
Essas inflamações — em especial quando envolvem o sistema nervoso central — vêm sendo estudadas como possíveis fatores de risco para doenças como a demência e o Alzheimer.
Como a vacina pode proteger o cérebro
A principal hipótese para os efeitos neuroprotetores da vacina contra o herpes zóster é a redução da neuroinflamação. Ao evitar a reativação do vírus, o organismo sofre menos episódios inflamatórios, preservando melhor as funções cerebrais ao longo do tempo. Além disso, os pesquisadores sugerem que a vacina possa gerar uma resposta imunológica mais ampla, fortalecendo o sistema imune contra infecções silenciosas que impactam a cognição.
Mulheres e pessoas com doenças autoimunes ou alergias, que normalmente apresentam respostas imunológicas mais fortes, mostraram benefícios ainda mais expressivos na pesquisa.
“A inflamação é prejudicial para diversas doenças crônicas, incluindo a demência. Impedir reativações virais pode ser uma forma eficaz de proteger o cérebro no longo prazo”, reforça Geldsetzer.
Um novo caminho para prevenção da demência
Com mais de 55 milhões de pessoas afetadas pela demência no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e com o aumento da expectativa de vida global, a descoberta acende uma luz sobre novas estratégias de prevenção.
A demência, especialmente a do tipo Alzheimer, ainda não tem cura, e os tratamentos disponíveis são limitados. Assim, iniciativas de prevenção ganham relevância, e a vacinação pode ser uma aliada inesperada e poderosa — não apenas contra o herpes zóster, mas também na proteção da saúde neurológica.
A pesquisa também reforça a necessidade de ampliar o acesso à vacina, especialmente em países em desenvolvimento, onde o envelhecimento populacional se acelera e os recursos para tratar doenças neurodegenerativas são limitados.