Uma pesquisa iniciada em prol de uma história pessoal gerou resultados positivos na busca de um tratamento com derivados da Cannabis. Na tentativa de ajudar seu então noivo a ter mais qualidade de vida, mesmo com um tumor cerebral, Paula Dall’Stella decidiu aprofundar seu conhecimento em Endonocanabinologia, comprovando os estudos que relacionam benefícios em tratamentos de doenças como o câncer, Alzheimer e epilepsia.
Percebendo essa procura crescente pelo tratamento à base de cannabis, a médica passou a investir na disseminação de informações legítimas sobre o assunto e na formação de médicos para prepará-los para prescrever e tratar os pacientes de forma menos invasiva, respeitando o direito à vida digna.
Com esse intuito, no dia 11 de outubro, vai ter início o primeiro curso on-line de educação em Endocanabinologia e cannabis para fins medicinais. Liderada pela médica Paula Dall’Stella, pioneira na prescrição de cannabis para fins medicinais no Brasil, a Sativa Global Education é uma plataforma que reúne alguns dos profissionais mais renomados da medicina canabinoide de diferentes especialidades e lugares do mundo.
A médica e fundadora da Sativa Global Education, Paula Dall’Stella, exemplifica que “em cada módulo do curso, o conhecimento será progressivo e os acessos se estendem além de videoaulas, agrupando conhecimento e abrindo espaço para discussões com convidados internacionais e responsáveis pelas realizações dos principais estudos e publicações, debates sobre as questões funcionais dos canabinoides, podcasts e paper reviews, além de encontros semanais para discussões de casos clínicos reais”, afirma a pesquisadora.
São três acessos diferentes, que englobam programas para médicos, estudantes de medicina e também profissionais da saúde, compilados em 22 módulos, apresentando aulas que passam desde questões judiciais, éticas e de acesso, até a fisiologia do sistema endocanabinoide e as aplicabilidades da Cannabis e seus derivados para uso medicinal.
Paula Dall’Stella explica que todos os médicos podem receitar esse tipo de tratamento, mas é preciso preparo e entendimento sobre as formas de aplicação e por isso a necessidade de um curso voltado a este entendimento.
“Apesar de ser um tratamento seguro, é preciso que os profissionais da área saibam prescrever corretamente e, principalmente, estarem atentos à idade, contraindicações e eventos adversos que podem ocorrer. Adolescentes, por exemplo, são pacientes que devemos ter cautela, pois o sistema endocanabinoide ainda não está maduro, e pode haver consequências do uso precoce dessas substâncias. Isso já não acontece com os idosos, onde o uso dos canabinoides, pode melhorar a sinalização cerebral”, explica a médica.
Atualmente, existem, no Brasil, aproximadamente 2 mil médicos prescritores de cannabis; em hospitais de ponta, como o Sírio-Libanês, em São Paulo, e hospitais universitários, como a Unesp, em Botucatu, “o uso da cannabis já é uma realidade, e os pacientes têm acesso a tratamentos com medicamentos derivados de canabinoides, que ajudam no manejo e controle de sintomas, mas faltam profissionais preparados”, reafirma Paula.
Tendo em vista que na maior parte dos casos a demanda vem do próprio paciente, é preciso que o profissional esteja apto a prescrever de forma correta. “O grande impasse ocorre devido a um desconhecimento dos próprios médicos sobre o assunto. É preciso uma educação formal nesse sentido, até para saber o que funciona, o que não funciona, e também para aumentarmos a produção científica sobre o tema”, finaliza a médica.