A epilepsia é uma condição neurológica crônica que afeta cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil, correspondendo a aproximadamente 1,5% da população. O diagnóstico precoce é fundamental para garantir o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, uma vez que a epilepsia não tratada pode causar lesões cerebrais, acidentes e até morte súbita. Para dimensionar a estrutura brasileira e os atendimentos realizados, a LifesHub, plataforma de inteligência estratégica em saúde, cruzou alguns dados do Ministério da Saúde, Sistema Único de Saúde (SUS) e Agência Nacional de Saúde (ANS) e apresenta a seguir um panorama da doença no Brasil.
Estrutura para atendimento no país
O tratamento das epilepsias é realizado através de medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais. Em casos que sejam constatadas crises frequentes e incontroláveis, há a avaliação de encaminhamento para intervenção cirúrgica. O SUS oferece tratamento integral e gratuito para casos de epilepsia que incluem desde o diagnóstico até o acompanhamento e tratamento, incluindo a distribuição de medicamentos e cirurgias. O atendimento inicia por meio das Unidades Básicas de Saúde e, havendo necessidade, o médico encaminha para um atendimento de média e alta complexidade.
Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2022 demonstram que há no Brasil 4.145 médicos neurocirurgiões e 6.776 médicos neurologistas. Um crescimento expressivo, de 70% e 111% respectivamente, quando comparados com dados de uma década antes, em 2012. Atualmente, existem 94 estabelecimentos em Neurologia/Neurocirurgia classificados especificamente para investigação e cirurgia de epilepsia no Brasil, que devem oferecer todo o atendimento necessário ao paciente neurológico, desde consultas, exames, diagnóstico, tratamento e acompanhamento. Destes, 45,7% são da rede de saúde suplementar (clínicas e hospitais com atendimento por planos de saúde) e oferecem mais de 37 mil leitos.
Diagnósticos e atendimentos de epilepsia
De acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial do SUS, foram realizados 72.087 procedimentos em pacientes com diagnóstico de epilepsia, atendimentos em estabelecimentos com serviço especializado de atenção em neurologia, neurocirurgia, investigação e cirurgia de epilepsia no período de 2018 a 2022. Os dez municípios brasileiros que mais realizaram atendimentos podem ser verificados na tabela abaixo:
Desde o início da Covid-19, em 2020, o diagnóstico e o tratamento da epilepsia no país foram afetados, possivelmente pela suspensão de consultas presenciais em muitas clínicas e hospitais durante os picos da pandemia, além do receio dos pacientes em buscar atendimento médico durante este período. Em relatório organizado pela LifesHub, em 2022 o número de internações hospitalares em decorrência de epilepsia voltou a apresentar aumento, alcançando um total de 61.820 internações no país, que correspondem a um crescimento de 26% em relação a 2020, primeiro ano da pandemia. Entre as regiões brasileiras, a região Sudeste foi a responsável pelo maior número de internações por epilepsia, correspondendo a 40% dos procedimentos, seguido da região Nordeste com 26%, Sul 19%, Centro-Oeste 9% e Norte, com apenas 5% das internações.
Para o CEO da LifesHub, Ademar Paes Junior, entender como se distribui a estrutura de atendimento da saúde no Brasil para o cuidado de pacientes com epilepsia é fundamental para diminuir qualquer dificuldade no tratamento que, em determinados casos, é para a vida toda. “O sucesso do tratamento depende de o paciente fazer uso continuado de medicação, mas também ter o atendimento médico para controle e avaliação. Para isso, os gestores de saúde devem ter dados que os permitam direcionar verbas, dimensionar a real necessidade de contratação de profissionais e investimento em estrutura a fim de assegurar uma boa qualidade de vida para o paciente”.