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75% dos brasileiros estão mais focados na saúde

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A fim de entender os principais hábitos de consumo no varejo, seis mil brasileiros de todas as regiões e níveis econômicos foram entrevistados para mapear variações alimentares e tendências emergentes no mercado. A  L.E.K. Consulting, empresa de consultoria estratégica global, presente em 12 países e com escritório em São Paulo, constatou neste levantamento inédito, que cerca de 75% dos participantes passaram a ter mais cuidado com a saúde após a pandemia.

“Nos últimos anos, tornou-se quase onipresente uma forte tendência de crescimento de produtos com viés de saudabilidade. Alguns segmentos cresceram muito e têm elevado consumo regular, como os enriquecidos em proteína, com baixa gordura e totalmente naturais,” afirma Felipe Ahouagi, sócio da L.E.K Consulting.

O estudo constatou mudanças nos comportamentos dos consumidores brasileiros em diferentes dimensões:

  • Na forma como lidam com temas de saudabilidade, aumentando a frequência de aquisição de itens com essa proposta. Ao mesmo tempo, e de forma paradoxal, o sabor ainda é chave na seleção de itens saudáveis, e a indulgência continua muito relevante.
  • Na busca por opções de conveniência, particularmente conectadas à transformação proporcionada por aplicativos de delivery.
  • Na dinâmica de escolha de consumo fortemente afetada por um cenário de inflação de alimentos sem precedentes.

Saudabilidade

De acordo com a pesquisa, o cuidado com a saúde física e mental é indicado como primeira ou segunda prioridade em todos os segmentos dos consumidores brasileiros, independentemente de classe social ou faixa etária. A outra prioridade é passar mais tempo com família e amigos.

Seguindo a tendência, produtos à base de vegetais também têm crescido bastante, em grande medida impulsionados por consumidores que também consomem produtos de origem animal, porém fazem a substituição em alguns dias ou refeições.

As maiores diferenças entre quem se considera bem ou malsucedido em ter uma alimentação saudável estão relacionadas a um maior consumo de legumes, ovos e pescados, e a um menor consumo de carboidratos. Curiosamente, o consumo maior de itens de indulgência não elimina a percepção de alimentação saudável: quem se avalia assim consome mais snacks e doces que os demais, além de mais bebidas alcoólicas.

Apps de delivery

Outro ponto que chama atenção no levantamento é a evolução pós-pandemia do comportamento do consumidor quanto ao uso de aplicativos para delivery de alimentos, com quase um terço utilizando o serviço de forma frequente, ou pelo menos 1 vez por semana. Esse perfil de comportamento é constante nos segmentos de maior renda e para quem trabalha no modelo híbrido.

Ao selecionar sua refeição no app de delivery, a grande maioria dos consumidores de segmentos de renda mais alta prioriza a qualidade e variedade de pratos. Para os demais segmentos, de renda média e baixa, o custo é a variável mais importante para escolha da refeição.

Os principais canais de compra online são os aplicativos de delivery (48%), whatsapp/varejista (19%) e supermercado online (14%) .

Efeito econômico

Com a combinação de quebra das cadeias de suprimentos globais em função da pandemia, estímulo econômico para mitigar efeitos da covid-19 e guerra entre Rússia e Ucrânia, o mundo viveu um fenômeno que não se observava há 40 anos, com aceleração da inflação nos Estados Unidos e países desenvolvidos. Naquela época, a energia foi a grande vilã da inflação, e desta vez, os alimentos foram o maior ofensor: inflação de 12 meses de alimentos no varejo alcançando pico de 13,5% em julho do ano passado nos Estados Unidos.

“Embora tenha assustado o mundo todo, esse efeito fica pequeno quando comparado com o que ocorreu no Brasil. Um ano após o início da pandemia, o país sofreu com a inflação de alimentos no varejo com alta de quase 20% devido à grande desvalorização do real. Quando esse indicador começava a se normalizar, veio a inflação global de alimentos. Como resultado, a inflação de alimentos no varejo cresceu 45% desde o início da pandemia, contra um aumento nominal médio da renda de 18%”, afirma Ahouagi.

Uma parcela da população, em geral de renda média e baixa, tende a ser muito sensível a oscilações no preço dos alimentos, optando por marcas mais baratas ou similares. Já outros segmentos, em geral de renda mais alta, tendem a ser menos sensíveis à inflação de alimentos, e não deixam de comprar o item da sua rotina alimentar. Boa parte destes segue valorizando a alimentação, aumentando o consumo de itens com apelo saudável, como os enriquecido em proteínas, ou então itens com maior diferenciação de qualidade e sabor, como produtos importados ou com temperos especiais

Como resultado, os produtos tradicionais, que eram o carro-chefe da sua categoria e alcançavam 60% a 70% do mercado, agora têm cada vez mais dificuldade de crescer. “As empresas de alimentos agora precisam se equilibrar entre inovar em produtos para atender as demandas de qualidade e saudabilidade de parte dos consumidores, porém por outro lado também precisam ganhar eficiência e ter mais opções baratas no portfólio, para continuar relevante nas demandas dos demais segmentos, agora cada vez mais sensíveis a aumento de preços”, finaliza Ahouagi.

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