Alterar e amplificar células dos próprios pacientes em ambiente laboratorial para usá-las em terapias contra enfermidades que resistem aos métodos convencionais pode parecer futurista, mas essa técnica já é realidade nos laboratórios do Einstein. Agora, com o suporte da Embrapii e da Fapesp, espera-se que essa prática se difunda pelo Brasil.
Selecionado pela Embrapii para comandar o Centro de Competência em Terapias Avançadas (CCTA), o Einstein receberá investimentos dessas instituições nos próximos anos para aprimorar a pesquisa em terapias genéticas visando tratamentos revolucionários. Esses fundos também visam disseminar o conhecimento adquirido aos colaboradores de empresas brasileiras, fomentando a criação de centros de excelência em uma área inovadora da saúde.
José Mauro Kutner, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador-geral do CCTA, destaca que um dos objetivos é expandir o acesso a treinamentos e eventos promovidos pela instituição, como o reconhecido Simpósio Internacional de Hemoterapia e Terapia Celular, que já realizou 31 edições.
Outras iniciativas incluem o estímulo a startups interessadas em terapias avançadas, incorporando-as ao ambiente inovador do Einstein. Aqui, elas terão à disposição consultorias e a infraestrutura do Centro de Processamento Celular (CPC) para o desenvolvimento de pesquisas e formação profissional, dentre outras atividades.
Kutner explica que no CPC encontram-se as essenciais salas limpas, onde se mantém um controle rigoroso de qualidade do ar, temperatura e umidade para prevenir contaminações durante o manuseio celular, crucial para as terapias aplicadas aos pacientes.
“Nos últimos anos, nos especializamos na operação dessas salas, o que demandou formação especializada e desenvolvimento de infraestrutura. Esse é um recurso valioso que oferecemos”, ressalta Kutner.
O CPC do Einstein é um dos poucos na América Latina certificado para a manipulação e aplicação clínica de produtos de terapias avançadas, destacando-se também por conduzir o primeiro ensaio clínico totalmente nacional de terapia CAR-T, aprovado pela Anvisa.
Neste método, para tratar certos tipos de câncer hematológico, linfócitos do paciente são geneticamente modificados para reconhecer e combater as células tumorais de maneira mais eficaz.
“Além de focar em doenças hematológicas, nossa equipe investiga terapias inovadoras para condições raras, ortopedia, oncologia de tumores sólidos, medicina fetal, nefrologia, endocrinologia e oftalmologia”, Kutner adiciona. “Com a gestão do Centro pelo Einstein, pretendemos intensificar essas pesquisas e explorar novas áreas de interesse conforme as demandas do setor.”