O tratamento de diversos tipos de câncer, doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e síndromes metabólicas ganhou um importante aliado: a medicina personalizada. Nos últimos anos, a técnica, que proporciona uma atenção direcionada no paciente, utilizando tecnologias avançadas como inteligência artificial, genômica e análise de dados, tem ganhado espaço nas redes privada e pública de saúde.
Ao contrário da medicina tradicional, em que todos os pacientes diagnosticados com determinada doença recebem tratamentos iguais, a medicina personalizada busca identificar a causa da patologia e, a partir daí, indicar a melhor forma de tratamento. “Antes o foco era na doença, agora o foco é no paciente”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde – SBIS e Diretor Médico Regional da Oncologia D’Or, Antonio Carlos Onofre de Lira.
Segundo Lira, o câncer de mama, por exemplo, tem características e tipologias diferentes, e um medicamento pode ser mais ou menos eficiente no tratamento de acordo com a tipologia diagnosticada. Neste conceito, em que se entende que cada paciente é único, é preciso apoiar-se em testes e ferramentas de diagnóstico modernos para poder descobrir anomalias genéticas ou outras enfermidades. Uma estratégia que, infelizmente, ainda encontra resistência nos altos custos dos procedimentos e na falta de uma integração dos dados dos pacientes, das doenças e dos tratamentos, impedindo que médicos tenham mais capacidade de aplicar, relacionar e potencializar os tratamentos.”
A SBIS, segundo Lira, tem sido uma forte aliada de hospitais, laboratórios e operadoras na busca de discussões que proporcionem o avanço dessa integração. “É preciso uma linguagem unificada, um prontuário interoperável, um padrão de comunicação para que possamos potencializar a medicina personalizada, para que ocorra uma melhora prática. A SBIS vem constantemente debatendo e estudando este assunto”, afirma. Para o presidente da entidade, também cabe à Secretaria de Informação e Saúde Digital – SEIDIGI, ligada ao Ministério da Saúde, regulamentar essa questão.
De acordo com o executivo, com a velocidade atual para enxergar, entender e incorporar novas tecnologias emergentes, é necessário debater mais as necessidades para consolidação da medicina personalizada, que agregará aos desfechos clínicos. “A tecnologia é sem dúvida uma ferramenta potente e transformadora dos cuidados em saúde. Mudará a visão sobre cuidados, doenças e pessoas em um futuro breve e irreversível”, conclui.