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A saúde mental dos jovens em tempos de conectividade

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Marcelo dos Santos

Psicólogo e Professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie no Centro de Ciência e Tecnologia (CCT Campinas).

Nunca foi tão real, o vício em internet, com um número crescente de pessoas, principalmente jovens, sofrendo com seus impactos negativos, quase um problema de saúde pública. A existência de tantas pessoas adoecidas, pelo uso inadequado de certas tecnologias, com destaque a internet, sua conectividade e as redes sociais, podem ser vistas como agentes condicionantes da manutenção do imediatismo vivido na atualidade, além do uso desmedido com grave dependência.

Foi divulgado pelo IBGE (PNDA Contínua TIC) que 161,6 milhões de pessoas entre dez anos ou mais idade acessaram à internet no Brasil. A pesquisa também revelou que 91,5% dos domicílios possuem acesso à internet, sendo o telefone móvel celular (98,9%) o mais comum.

É inegável a revolução causada pela internet, na forma como vivemos, aprendemos e nos relacionamos uns com os outros, com inúmeras mudanças comportamentais e hábitos. Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, descreve a sociedade contemporânea como ‘líquida’, caracterizada pelo desapego, provisoriedade e individualismo, o que contribui para o acelerado ritmo de vida e a busca constante por novidades.

Isso mostra que vivemos em tempos de muitos desafios, principalmente, para a nova geração, que tem na Internet uma “vitrine social”, cujos produtos (corpos perfeitos, vidas invejáveis, passeios maravilhosos, fotos incríveis, rapidez nos resultados, as expectativas comportamentais etc.) acarretam nocivas consequências à saúde mental.

Nesse sentido, há um fenômeno, cujas causas são atribuídas ao uso indiscriminado da internet, trata-se do Kikikomori, um transtorno mental conhecido pelo extremo isolamento social voluntário, cujas implicações são sentidas fisicamente e nas relações interpessoais, limitadas apenas aos familiares. Termo cunhado pelo pesquisador japonês Tamaki Saito, também conhecido como “adolescência prolongada”. Neste mundo hiperconectado, esses jovens não conseguem se desconectar, são pessoas solitárias que se afastam de todo convívio social, podendo ficar anos sem saírem de casa, apenas usando a tecnologia.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) o problema causado pela necessidade de se manter conectado ao celular, a nomofobia, atinge aproximadamente 39% dos jovens adultos no Brasil, com possibilidade de aumento, por conta da ampliação da presença dos celulares nos domicílios brasileiros, ou mesmo, da subnotificação do transtorno por desconhecimento, ou até mesmo, pela potencialidade em conectar pessoas. A perda do sinal do celular pode desencadear sintomas físicos e emocionais intensos, como ansiedade, irritabilidade e taquicardia, característicos da nomofobia, muito parecido com sintomas de abstinência.  

É notório que os jovens já nasceram com enorme familiaridade tecnológica e seus avanços, já faz parte ativa de suas vidas, mesmo que isso lhes custem tais adoecimentos. Lembrando que o foco não é criticar estas disponibilidades tecnológicas, mas alertar para o uso desmedido com grave dependência. E foi justamente esta dependência que fez surgir um outro movimento, talvez com caráter de resistência, a “Joy Of Missing Out” (JOMO), “alegria em ficar fora de alguma coisa”, ou seja, se manter offline por vontade própria, com o intuito de desfrutar o momento, busca-se evitar manter o foco em outros, ou mesmo, no imediatismo e na urgência proveniente deste atual modelo capitalista.

O JOMO foca no aqui e agora, evitando se conectar com redes sociais, não se importando em perder as novidades postadas nessas redes, independentemente do local que estejam, um contraponto ao vício digital. Contudo, tal movimento não visa se colocar de forma alienada ou ausente de tudo, mas escolher conscientemente onde se deseja colocar a atenção e energia, valorizando a qualidade de vida e o bem-estar.  

Os desafios são inúmeros, pois há um mar de atrativos disponíveis na internet para estes jovens. Apesar da familiaridade e domínio que possuem com as novas tecnologias, como seria possível fazê-los entender ou perceber o adoecimento que pode surgir?

Para tanto, é possível promover discussões sobre os impactos das redes sociais para a autoimagem e a para a saúde mental; conscientizá-los sobre o consumo de informações; desenvolver pensamentos críticos; prevenção do vício as redes sociais, conectividade a internet; informação sobre os riscos da internet; reflexão sobre os efeitos do imediatismo; desenvolver hábitos saudáveis do uso da internet; equilíbrio entre o mundo online e o mundo offline, entre outros.

O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie  

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

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Câmara aprova projeto que autoriza residentes a parcelarem férias

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Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que autoriza os médicos de programas de residência a fracionarem suas férias. A proposta segue para o Senado. A medida consta do Projeto de Lei 1732/22, da ex-deputada Soraya Manato. O texto foi aprovado em Plenário com parecer favorável do deputado Luizinho (PP-RJ), que apresentou pequenas mudanças.

A exemplo dos trabalhadores e servidores públicos, os médicos, quando participarem de programas de residência médica, passarão a poder fracionar os 30 dias de férias em períodos mínimos de 10 dias. Para esses médicos residentes, as férias são chamadas de repouso anual.

A rotina exigente dos residentes pode levar ao burnout e à exaustão, na opinião de Luizinho. “Comprometendo não apenas a saúde mental e física dos médicos, mas também a qualidade do atendimento prestado aos pacientes.”

Segundo ele, o fracionamento das férias permitirá que esses profissionais tenham períodos de descanso menos espaçados e façam uma gestão mais flexível do tempo.

Outros profissionais

O texto de Luizinho especifica que os demais profissionais da área de saúde terão o fracionamento do repouso anual disciplinado em regulamento. Ele acatou emenda da deputada Adriana Ventura (Novo-SP). “Os profissionais de saúde merecem essa flexibilidade”, disse a deputada.

Durante o debate do projeto em Plenário, o deputado Eli Borges (PL-TO) defendeu a aprovação. “É o tipo de profissional que não tem dia, não tem hora e faz o seu trabalho de doação de vida para as pessoas”, declarou. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)

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Vuelo Pharma apresenta inovações no tratamento de feridas durante a Sobenfee 2024

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A empresa curitibana estará com stand exclusivo no evento, que ocorre em Salvador entre os dias 26 e 29 de novembro

A Vuelo Pharma, empresa curitibana especializada em produtos de healthcare com foco em skin care, wound care e wellness — self care,  marcará presença no Sobenfee 2024 — um dos maiores eventos de saúde e enfermagem do Brasil. 

O congresso, que acontece entre os dias 26 e 29 de novembro, será realizado em Salvador, na Bahia, e irá reunir o IX Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, o II Congresso Brasileiro de Enfermagem Estética e o XV Congresso Iberolatinoamericano sobre Úlceras e Feridas – SILAUHE.

Com um stand exclusivo, a Vuelo Pharma irá expor e demonstrar seu portfólio de produtos, permitindo que os visitantes conheçam de perto as soluções que a empresa desenvolve para o tratamento de feridas e cuidados com a pele. 

“A nossa participação no evento reforça o compromisso da Vuelo com a disseminação de boas práticas e tecnologias de ponta para os profissionais de enfermagem, promovendo a saúde e o bem-estar por meio de produtos de alta qualidade e eficácia”, comenta Thiago Moreschi, CEO da Vuelo.

O Sobenfee 2024 promete reunir especialistas e profissionais renomados do Brasil e da América Latina para discutir uma ampla gama de temas, com destaque para políticas públicas de saúde, segurança do paciente, novas tecnologias em curativos, o papel das práticas integrativas no serviço público, e o impacto do letramento em saúde para a desospitalização de pacientes.

Também serão abordados tópicos críticos como o manejo de lesões em pacientes diabéticos, feridas oncológicas, e a importância dos ambulatórios públicos no atendimento de pacientes com feridas crônicas. “Certamente voltaremos com uma bagagem de aprendizado muito relevante, será uma ótima oportunidade”, finaliza o CEO.

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Mitos e Verdades sobre Hipertensão Arterial – a popular pressão alta: o que é verdade e o que é erroneamente divulgado sobre a doença

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Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista do Sírio Libanês de Brasília, fala sobre a pressão alta, uma das doenças cardiovasculares mais comum entre os brasileiros

A hipertensão arterial – que é conhecida popularmente como “pressão alta” – afeta cerca de 27,9% da população brasileira (dados da Vigitel de 2023). E ainda que seja uma doença que atinge boa parte da população, ela é cercada de mitos e verdades que precisam ser esclarecidos. 

Dra Fernanda Weiler, médica cardiologista e internacionalmente certificada em Medicina do Estilo de Vida esclarece os principais mitos e as suas verdades a respeito da hipertensão arterial:

Mito 1: “Hipertensão é uma doença que aparece apenas na terceira idade”

A verdade: Dra Fernanda Weiler explica que a hipertensão arterial antes era prevalente em pessoas mais velhas, no entanto, mudanças no estilo de vida – especialmente alimentação e sedentarismo – fizeram com que a doença aumentasse drasticamente inclusive na população mais jovem. “O aumento de consumo de ultraprocessados e a falta de atividade física – bastante comum inclusive em jovens – faz com que a pressão aumente, gerando em muitos um diagnóstico de hipertensão arterial”, diz a médica.

Mito 2: “Hipertensão não tem sintomas, por isso não precisa de tratamento”

A verdade: “Ainda que alguns pacientes sejam realmente assintomáticos, não significa que o organismo não corre riscos, pelo contrário: quem não sente os sintomas clássicos da hipertensão (dores de cabeça, tontura e mal-estar) pode evoluir para um diagnóstico ainda mais sério por conta da falta de tratamento”, explica Fernanda. 

Mito 3: “Basta cortar o sal e a pressão normaliza”

A verdade: “Não basta apenas cortar o sal das refeições e seguir se alimentando de ultraprocessados ricos em sódio”, fala a especialista. Para o melhor controle dos níveis pressóricos, além do cuidado com o sal é preciso controlar o que é consumido. Ultraprocessados são ricos em sódio e seu alto consumo pode manter elevada a pressão arterial. A preferência é consumir alimentos naturais e ricos em nutrientes.

Mito 4: “Medicamentos para hipertensão são sempre necessários e devem ser tomados para o resto da vida”

A verdade: Cada caso é um caso a ser avaliado individualmente. “Quando se fala em hipertensão arterial é preciso entender o quão elevada ela está. Casos de hipertensão leve podem – muitas vezes – ser tratados apenas com mudanças no estilo de vida, focando na alimentação saudável, na prática de atividade física e no controle de tóxicos, como tabagismo e etilismo. Outros casos mais severos podem pedir a intervenção medicamentosa mas, vale dizer, que mesmo quando há necessidade do uso de medicação, o paciente precisa melhorar a alimentação e a prática de exercícios. Apenas o remédio não vai, de fato, solucionar o problema, uma vez que a causa não é tratada”, afirma a doutora.

Mito 5: “Quem tem pressão normal não precisa se preocupar com hipertensão”

A verdade: “A pressão arterial varia em seu índice naturalmente ao longo do dia. Durante a prática esportiva ela é naturalmente mais elevada quando comparada ao organismo em repouso. E se ela é variável em atividades corriqueiras, por que não poderia mudar por conta dos hábitos de cada indivíduo?”, questiona a profissional, que continua: “Uma pessoa que passou anos com a pressão arterial considerada normal e que, por exemplo, interrompe as atividades físicas e passa a se alimentar com mais ultraprocessados podem, sim, desenvolver a hipertensão arterial. O mesmo pode acontecer com uma gestante que, a depender dos fatores, pode ter um aumento de pressão que seguirá mesmo depois do parto”, explica Fernanda. “O aconselhado é fazer medidas esporádicas de pressão e buscar ajuda de um especialista ao menor sinal de aumento. Muitas vezes o diagnóstico precoce faz a diferença no tratamento”, finaliza a médica.

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