O Future Health Index 2024, estudo global com líderes do setor de saúde, aponta suas prioridades e perspectivas. Em sua nona edição, o levantamento explora como os líderes de saúde veem a capacidade de suas organizações de fornecer cuidados oportunos e de alta qualidade a todos. O relatório foca nas lacunas que impedem isso, além de examinar maneiras de superá-las. Esta edição, baseada em uma pesquisa quantitativa proprietária realizada em 14 países, incluindo o Brasil, é apoiada por entrevistas qualitativas em quatro desses países: Cingapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.
Este ano, o estudo, que contou com quase 3 mil respondentes, revela uma crise crescente na força de trabalho da saúde, desafios na acessibilidade ao atendimento e o impacto positivo das inovações tecnológicas, com um foco crescente no monitoramento remoto de pacientes.
Principais apontamentos da Pesquisa global:
1. Crise de Pessoal:
Longas esperas pelo lado dos pacientes e a falta de profissionaisestão tornando cada vez mais difícil para as pessoas obterem os cuidados de que precisam quando precisam. Encontramos essa pressão no acesso aos cuidados não apenas em regiões remotas e rurais, mas também em áreas metropolitanas.
Aproximadamente 66% dos líderes de saúde relatam um aumento significativo em burnout, estresse e problemas de saúde mental entre os profissionais da área. A carga de trabalho excessiva está resultando em um aumento na rotatividade e na necessidade urgente de novas estratégias para atrair e reter talentos. A escassez de pessoal está afetando tanto os cuidadores quanto os pacientes, com mais de 1 em cada 3 líderes acreditando que parcerias externas são necessárias para atrair e reter funcionários qualificados.
2. Desafios no Atendimento:
A pesquisa revela que 77% dos líderes de saúde apontam atrasos no atendimento como um problema crítico, com os principais desafios sendo o aumento das listas de espera para consultas (60%), tempos de espera mais longos para tratamentos e procedimentos (57%) e acesso limitado ou retardado a triagens, diagnósticos e cuidados preventivos (54%).
Esses atrasos têm um impacto significativo sobre os pacientes, resultando em piores resultados de saúde, menor qualidade de vida e custos mais altos a longo prazo. A escassez de pessoal agrava ainda mais a situação, com muitos profissionais sobrecarregados e trabalhando além de seu escopo profissional, o que pode comprometer a segurança do paciente.
Um depoimento de um líder de saúde nos Estados Unidos destacou que, nos departamentos de emergência, devido à falta de pessoal, os pacientes podem esperar até 12 horas para serem atendidos, aumentando o risco de complicações e comprometendo a qualidade dos cuidados.
3. Monitoramento Remoto de Pacientes:
À medida que a adoção do atendimento virtual se torna mais comum, o monitoramento remoto de pacientes está se consolidando como uma ferramenta essencial. Atualmente, 50% dos líderes de saúde implementam soluções de monitoramento remoto para gerenciamento de doenças crônicas, 44% para adesão à medicação e 43% para monitoramento pós-operatório. Para os próximos três anos, 40% planejam expandir para cuidados em telestroke, 36% para saúde materna e fetal e 35% para monitoramento pós-operatório. O monitoramento remoto está se provando uma solução eficaz para oferecer cuidados fora dos ambientes clínicos convencionais e aliviar a pressão sobre o time de atendimento hospitalar.
4. Inovações Tecnológicas:
A automação e a inteligência artificial estão emergindo como soluções chave para melhorar a eficiência e a qualidade dos cuidados. 89% dos líderes de saúde observam um impacto positivo do atendimento virtual na redução da escassez de pessoal e no aumento da capacidade de atendimento. A automação está sendo priorizada em áreas como agendamento de consultas, documentação clínica e manutenção de equipamentos, com planos para ampliar sua implementação nos próximos anos.
5. Desafios Financeiros:
A pesquisa revela que 96% das organizações de saúde enfrentam desafios financeiros, os quais impactam diretamente a qualidade do atendimento. Adicionalmente, 86% dos líderes estão priorizando a sustentabilidade do ambiente, implementando estratégias para reduzir o impacto ecológico. A interconexão entre a saúde ambiental e a saúde humana é reconhecida, com muitos executivos buscando soluções tecnológicas sustentáveis que ajudem a reduzir o custo do cuidado.
Destaques Adicionais:
Não Deixar Nenhum Paciente para Trás: Apesar dos avanços no atendimento virtual, 66% dos entrevistados destacam a importância da acessibilidade e conectividade com a internet. Há uma preocupação crescente com a divisão digital e a necessidade de alfabetização digital para garantir que todos os pacientes possam se beneficiar dessas tecnologias.
O Potencial dos Insights Baseadas em Dados: Líderes de saúde acreditam que os insights baseados em dados podem melhorar a qualidade do atendimento, ajudar a otimizar planos de tratamento e reduzir listas de espera. No entanto, desafios como a precisão dos dados e a interoperabilidade ainda precisam ser superados.
Adoção de IA na Saúde: A implementação de IA está crescendo, com 33% dos líderes já usando IA para monitoramento remoto de pacientes e 41% planejando implementá-la nos próximos três anos. A IA generativa, em particular, está se destacando como uma área promissora, com 85% dos líderes planejando investir nessa tecnologia nos próximos três anos.
Sustentabilidade Ambiental: 71% dos líderes de saúde definiram ou planejam ter metas para descarbonização e monitoramento de emissões. Estratégias como reciclagem, economia de água e redução do uso de energia são comuns, e a adoção de modelos de assinatura para tecnologia está em crescimento.
E no mercado brasileiro?
Melhorar a pontualidade e a qualidade do atendimento que exige um esforço coletivo
No Brasil, a pesquisa do Future Health Index 2024 destaca que 44% dos líderes de saúde acreditam que melhorar a coordenação de cuidados e a implementação de modelos de cuidado baseados em valor requer parcerias externas. Essas parcerias, que incluem instituições governamentais, empresas de tecnologia da saúde e provedores de TI, são vistas como essenciais para garantir um atendimento mais pontual e de qualidade para os pacientes.
Além disso, quando questionados sobre quais aspectos requerem parcerias externas para melhorar os cuidados de saúde, os executivos brasileiros destacam as seguintes áreas:
Esses dados sublinham a necessidade de colaborações estratégicas para enfrentar os desafios e promover um sistema de saúde mais eficiente e acessível no país.
Barreiras ao atendimento virtual permanecem
Apesar dos avanços na adoção de tecnologias de cuidados virtuais no Brasil, 69% dos líderes de saúde ainda identificam a acessibilidade à tecnologia e a conectividade à internet nos ambientes de saúde como barreiras críticas. Além disso, a alfabetização digital dos pacientes continua sendo um desafio significativo para a expansão eficaz dessas tecnologias.
Quando perguntados sobre os fatores críticos de sucesso para a entrega de cuidados virtuais, além das considerações financeiras, os líderes de saúde destacam:
Esses fatores refletem as principais áreas que precisam ser abordadas para garantir a eficácia e a ampliação dos cuidados virtuais, sublinhando a necessidade de uma abordagem integrada para superar os desafios existentes e melhorar a qualidade do atendimento.
Líderes de saúde precisam de melhor integração de dados
A pesquisa revela que 92% dos líderes de saúde no Brasil afirmam que sua organização enfrenta desafios de integração de dados que impactam na capacidade de fornecer cuidados de alta qualidade e em tempo hábil. Esses desafios incluem dificuldades na interoperabilidade entre plataformas e na conectividade de dados dos pacientes, o que limita a capacidade de tomar decisões clínicas informadas e de melhorar os resultados de saúde.
Quando perguntados sobre onde vêm as maiores oportunidades para que insights baseados em dados melhorem a capacidade de suas organizações de fornecer cuidados oportunos e de alta qualidade, os líderes de saúde destacam:
Esses resultados indicam que, para muitos executivos, a análise de dados pode ser uma ferramenta crucial para enfrentar desafios atuais e melhorar a qualidade e a eficiência dos cuidados prestados.
Sobre a Pesquisa
O relatório Future Health Index 2024 explora como os líderes de saúde veem a capacidade de seus hospitais em fornecer cuidados oportunos e de alta qualidade a todos. Uma pesquisa quantitativa foi realizada com quase 3.000 líderes de saúde de 14 países (Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Países Baixos, Polônia, Arábia Saudita, Cingapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos). Isso foi complementado por oito entrevistas qualitativas com líderes de saúde, duas de cada um dos seguintes países: Cingapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. As etapas de pesquisa quantitativa e qualitativa foram realizadas entre dezembro de 2023 e março de 2024.
Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar
O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.
Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”
Tratamentos modernos com alta precisão
Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:
Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.
O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.
Inteligência artificial a favor da medicina
Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.
“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.
Um marco para o cuidado digestivo no Brasil
A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.
Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica
Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.
Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.
A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.
“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.
Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores
Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.
“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.
Conforto e qualidade de vida preservados
Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:
“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.
Precedente relevante para outros casos
A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.
Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.
📉 Causas do prejuízo A estatal atribui a crise principalmente:
à queda nas receitas com encomendas internacionais;
ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.
📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.
📋 Medidas do plano de recuperação:
Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.
🚴♂️ Investimentos e transição ecológica
Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:
50 furgões elétricos;
2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
1.502 veículos para renovação da frota.
💸 Alerta de liquidez
A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.
📢 Mensagem da direção
Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.
Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.