Com o envelhecimento da população, o avanço da medicina preventiva, a incorporação de novas tecnologias e um cenário econômico ainda incerto, o setor de saúde suplementar no Brasil chega a 2024 diante de um panorama complexo — porém, lucrativo. De acordo com dados divulgados recentemente, a área apresentou crescimento significativo em suas margens de lucro, reforçando a importância do setor privado na assistência à saúde de milhões de brasileiros. Além disso, o ritmo de recuperação e a adequação de custos, após os impactos da pandemia de Covid-19, revelam uma resiliência notável entre as operadoras.
Crescimento do segmento e expansão de beneficiários
Atualmente, cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil contam com planos de saúde privados, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse universo de beneficiários não apenas reflete a relevância do setor, como também sinaliza uma demanda cada vez mais especializada. A expansão do número de segurados se manteve sólida, ainda que com oscilações regionais, graças a fatores como a busca por atendimentos mais rápidos, melhor acomodação hospitalar e acesso a redes credenciadas de qualidade.
Margens de lucro em alta e desafios no controle de custos
Ao longo dos últimos anos, o setor de saúde suplementar vem consolidando margens de lucro mais robustas. Esse movimento está associado a uma gestão mais eficiente, à digitalização dos serviços e à reorganização de carteiras de beneficiários. Planos empresariais, por exemplo, têm sido negociados com maior rigor, equilibrando reajustes e sinistralidade. No entanto, o controle de custos segue sendo um desafio. A escalada de preços de medicamentos de alta complexidade, os novos procedimentos de alto custo e a necessidade de atualização tecnológica constante pressionam as contas das operadoras.
Inovação e medicina baseada em valor
Em 2024, outro ponto central do debate sobre sustentabilidade no setor passa pela adoção de modelos de pagamento baseados em valor (value-based healthcare). Nessa abordagem, a remuneração aos prestadores de serviços tende a considerar a qualidade dos cuidados, os desfechos clínicos e a satisfação do paciente, em vez do volume de procedimentos. A expectativa é de que essa mudança traga mais previsibilidade financeira e, ao mesmo tempo, melhorias na experiência do usuário.
A telemedicina, consolidada nos últimos anos, também segue como aliada estratégica. O uso de plataformas digitais ampliou o acesso a consultas e monitoramento contínuo, colaborando para a redução de custos operacionais, agilidade no atendimento e melhor gerenciamento de pacientes crônicos. Essa nova dinâmica tecnológica tende a impactar positivamente os resultados financeiros, além de tornar o setor mais competitivo.
Perspectivas para o futuro
Diante desse cenário, é essencial que as empresas do setor mantenham o foco em gestão eficiente, inovação e parcerias estratégicas — seja com startups de saúde digital, centros de pesquisa ou fornecedores de equipamentos de última geração. O objetivo é encontrar um ponto de equilíbrio entre sustentabilidade financeira, qualidade assistencial e satisfação dos beneficiários.
Em um país com desigualdades regionais e carências estruturais no sistema público, a saúde suplementar tem um papel crucial no atendimento à população. A geração de lucros mais robustos em 2024 não apenas sinaliza um mercado aquecido, mas também impõe responsabilidade: os ganhos precisam ser revertidos em melhorias, transparência, acesso a tratamentos mais modernos e, sobretudo, cuidado centrado no paciente.
Fonte: Futuro da Saúde – Lucro da saúde suplementar 2024