A dengue é um problema de saúde pública que, ao longo dos anos, tem se mostrado resiliente e de difícil controle. Apesar dos esforços das autoridades sanitárias e da colaboração da sociedade, o vírus, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, continua se disseminando em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Até 2025, esse cenário exige uma combinação de ações preventivas, investimentos em tecnologia e conscientização contínua para reduzir a incidência e a gravidade da doença.
1. Cenário atual e perspectivas
- Expansão geográfica: Cada vez mais municípios registram casos de dengue, inclusive em áreas anteriormente consideradas de baixo risco, em parte devido a mudanças climáticas, urbanização desordenada e falta de saneamento básico.
- Arboviroses múltiplas: Além da dengue, o Aedes aegypti também é vetor de zika e chikungunya, complicando o manejo clínico e a vigilância epidemiológica.
- Sazonalidade acentuada: O aumento das chuvas e das temperaturas em determinadas épocas do ano favorece a proliferação do mosquito, provocando picos de epidemia.
2. Principais desafios para 2025
- Controle vetorial efetivo
Apesar das campanhas de mobilização, eliminar criadouros de água parada continua sendo um grande desafio. Além disso, o uso de inseticidas perde eficácia quando o mosquito desenvolve resistência ou quando a aplicação não é feita de maneira apropriada.
- Engajamento e educação da população
Uma parcela considerável de focos de dengue encontra-se dentro das residências ou em seus arredores. Convencer a população a manter rotina de limpeza, evitar acúmulo de água parada e abrir espaço para equipes de vigilância e agentes de saúde requer estratégias de comunicação bem planejadas e contínuas.
- Monitoramento e vigilância inteligente
Sistematizar dados e obter informações em tempo real sobre casos suspeitos, confirmações e regiões mais afetadas são passos fundamentais para definir prioridades e alocar recursos de forma eficiente. Falhas em notificação e sub-registro de casos prejudicam a tomada de decisões.
- Estrutura de assistência
Em picos de epidemia, postos de saúde, hospitais e laboratórios ficam sobrecarregados. Garantir testes de diagnóstico rápidos (como teste sorológico ou NS1) e profissionais capacitados para identificar sinais de alarme e tratar corretamente os pacientes é essencial.
3. Tecnologias e inovações que podem fazer a diferença
- Inteligência artificial e análise de dados
Ferramentas avançadas de machine learning podem prever surtos de dengue ao correlacionar dados climáticos, demográficos e históricos de casos. Isso permite que as autoridades planejem ações preventivas de forma mais assertiva e tempestiva.
- Soluções genéticas
Pesquisas com mosquitos geneticamente modificados (capazes de interromper o ciclo reprodutivo do Aedes) e com bactérias como Wolbachia (que reduzem a capacidade de transmissão do vírus) têm avançado. Com aprovação regulatória e comprovação de eficácia, essas técnicas podem ser expandidas a mais áreas afetadas.
- Vacinas
Embora existam vacinas aprovadas em alguns países, ainda são necessários estudos adicionais e ações de vigilância para verificar a eficácia e a segurança em larga escala, especialmente diante das múltiplas cepas do vírus da dengue.
4. Políticas públicas e colaboração intersetorial
- Integração entre governos e sociedade
O combate à dengue demanda uma ação conjunta de prefeituras, secretarias de saúde, instituições de pesquisa e comunidade. Programas intersetoriais que envolvam saneamento básico, educação, infraestrutura e vigilância tendem a apresentar resultados mais duradouros.
- Campanhas permanentes
Ao invés de concentrar esforços somente em períodos de alta incidência (geralmente ligados ao período chuvoso), é crucial manter atividades de prevenção e informação durante todo o ano.
- Foco em áreas carentes
Regiões onde falta saneamento, coleta de lixo regular ou recursos para armazenamento de água merecem atenção especial. Nessas localidades, o risco de criadouros do Aedes aegypti é maior, exigindo investimentos estruturais e presença constante de agentes de saúde.
5. Participação da população
- Inspeções frequentes em casa
A rotina de checar calhas, pratos de vasos de planta, pneus e reservatórios deve ser incorporada aos hábitos diários.
- Reportar possíveis focos
Comunicar às autoridades locais quaisquer ambientes propícios para proliferação do mosquito, como terrenos abandonados ou depósitos de lixo.
- Estar atento aos sintomas
Em caso de febre alta, dores no corpo, manchas na pele ou qualquer sinal característico de dengue, procurar rapidamente o serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados.
6. Conclusão
Enfrentar a dengue em 2025 exige uma combinação de tecnologia, políticas públicas bem estruturadas e conscientização cidadã. O desafio de controlar a proliferação do Aedes aegypti permanece grande, mas o aprimoramento de ferramentas de vigilância, a adoção de inovações genéticas e o fortalecimento do engajamento coletivo podem aproximar o cenário de uma redução efetiva dos casos e de suas consequências para a saúde da população. Ações contínuas, planejamento e colaboração entre diversos setores são os pilares para combater de forma mais eficaz essa doença que, há décadas, integra a realidade de tantos brasileiros.
Fonte: Futuro da Saúde – Dengue em 2025: desafios