A crise financeira enfrentada pelos Correios alcançou um novo patamar alarmante, afetando diretamente a saúde dos funcionários da estatal e comprometendo suas operações logísticas em todo o país. Desde novembro de 2024, os repasses mensais para a Postal Saúde – operadora responsável pelo plano de saúde dos colaboradores – foram interrompidos. Como resultado, a dívida acumulada já ultrapassa os R$ 400 milhões.
Esse cenário gerou a suspensão unilateral de atendimento por parte de grandes redes hospitalares que compõem a rede credenciada da Postal Saúde. Instituições renomadas como Rede D’Or, Unimed, Dasa, Grupo Kora e Beneficência Portuguesa (BP) comunicaram oficialmente que não atenderão mais os beneficiários do plano enquanto os pagamentos não forem regularizados. A decisão afeta diretamente cerca de 200 mil funcionários e seus dependentes, que, agora, enfrentam sérias dificuldades para acessar serviços médicos essenciais.
A situação se agravou ainda mais com a paralisação de transportadoras terceirizadas que prestam serviço aos Correios. Pelo menos 42 empresas de transporte suspenderam suas atividades alegando falta de pagamento e incapacidade de manter as operações, incluindo o abastecimento de veículos e o pagamento dos motoristas. A paralisação afeta cerca de 6% da frota de entregas da empresa, impactando diretamente o fluxo de encomendas e correspondências no país.
A gestão dos Correios reconheceu a gravidade do problema e afirmou estar adotando medidas para regularizar os pagamentos, embora de forma gradual. No entanto, a incerteza sobre a continuidade dos serviços preocupa sindicatos, beneficiários do plano de saúde e a população em geral, que já sente os reflexos no atraso de entregas.
O cenário evidencia uma crise sistêmica, que vai além do atraso financeiro. A suspensão do atendimento médico e a interrupção dos serviços logísticos colocam em risco não apenas o bem-estar dos colaboradores da estatal, mas também a reputação e o papel estratégico dos Correios na infraestrutura nacional.
Diante desse contexto, torna-se urgente a adoção de medidas estruturais que garantam a sustentabilidade da Postal Saúde e a normalização das operações. A situação escancara a fragilidade da gestão financeira e a urgência de um plano emergencial para assegurar os direitos dos trabalhadores e a continuidade dos serviços prestados à população brasileira.