A Central Nacional Unimed (CNU), uma das maiores operadoras de planos de saúde do país, apresentou à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) um conjunto de medidas para o saneamento financeiro da cooperativa. A reunião aconteceu nesta quarta-feira (2) e foi convocada pela reguladora após a CNU registrar, em 2024, o maior prejuízo do setor: um resultado negativo de R$ 503 milhões.
Apesar do cenário preocupante, a ANS avaliou de forma positiva o plano apresentado. “As medidas apresentadas parecem conceitualmente factíveis. Vamos monitorar de perto a implementação e devemos ter uma nova reunião de acompanhamento em cerca de 30 dias”, afirmou Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS.
Novo comando e aporte de R$ 1 bilhão
A CNU está sob nova liderança desde 11 de março, com a posse do presidente Luiz Otávio Fernandes Andrade, que destacou o apoio das cooperativas regionais como fator-chave para a recuperação financeira. Em janeiro, a operadora firmou um acordo que prevê um aporte de R$ 1 bilhão, aprovado por 300 Unimeds regionais, para garantir o equilíbrio das contas e evitar medidas mais drásticas por parte da ANS.
“Estamos num momento de ajustes importantes e implementação de ações concretas. O apoio das Unimeds demonstra confiança e reconhecimento da relevância da CNU no sistema cooperativista nacional. Tenho expectativa de reversão ainda em 2025 e muito otimismo para os próximos anos”, declarou Andrade.
Monitoramento contínuo e compromisso com a qualidade
A operadora firmou em dezembro de 2023 um Termo de Assunção de Obrigações Econômico-Financeiras (TAOEF) com a ANS, que segue em vigor. Segundo o novo presidente, esse acordo está sendo cumprido e as medidas em curso foram detalhadas à agência reguladora, incluindo ações adicionais para garantir a sustentabilidade da cooperativa.
Apesar do cenário econômico desafiador, Andrade garantiu que a qualidade do atendimento aos mais de dois milhões de beneficiários não será afetada. “Recebemos um excelente feedback da ANS. Em nenhum momento houve questionamento quanto à qualidade da assistência. Continuamos com a melhor nota do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) entre operadoras do mesmo porte”, ressaltou.
Setor em recuperação, mas com desafios
O setor de saúde suplementar como um todo apresentou recuperação expressiva em 2024, com lucro total de R$ 10,2 bilhões, segundo dados divulgados pela própria ANS. Ainda assim, casos como o da Central Nacional Unimed evidenciam os desafios de gestão enfrentados por grandes operadoras em um mercado pressionado por custos assistenciais, judicialização e envelhecimento da população.
A próxima reunião entre CNU e ANS está prevista para abril, quando a nova diretoria apresentará avanços e detalhamentos do plano de recuperação.