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Número de médicos especialistas no país cresce 84% em 10 anos

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O número de registros de médicos com título em alguma especialidade cresceu 84% nos últimos 10 anos no Brasil. As mulheres passarão a ser maioria na profissão já a partir do próximo ano. Com a expansão da abertura de cursos e vagas de medicina, em 2035 haverá no país mais de um milhão de médicos no país.

​As informações constam da mais nova edição da Demografia Médica no Brasil (DMB) a primeira produzida em parceria entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), no mais completo estudo já realizado sobre a realidade dos médicos em todo o país.

​A DMB 2023, coordenada pelo pesquisador Mário Scheffer, professor livre-docente do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, foi formulada a partir de três eixos principais: estudos demográficos da população médica, estudos sobre formação e profissão médica e inquéritos sobre Residência Médica e trabalho médico no Brasil.

​César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira, destaca o suporte institucional oferecido para a nova edição da DMB, por meio da disponibilização dos dados anonimizados dos associados da entidade, dentre outras informações. “Temos orgulho de participar ativamente desta edição da Demografia Médica, que oferece dados de relevância nacional e importantes subsídios a todos os gestores públicos e privados comprometidos com a valorização da medicina e a saúde da população”, enfatiza.

​Para a professora Eloisa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da USP, a Demografia Médica tem se revelado importante fonte de informações dirigida a pesquisadores, veículos de comunicação, entidades e órgãos governamentais. “É fundamental para o planejamento do sistema de saúde tomar conhecimento do número, do perfil e da distribuição dos médicos e médicas no Brasil, das mudanças na graduação de Medicina, na Residência Médica e na oferta de especialistas, assim como acompanhar as transformações no mercado de trabalho médico”, afirma.

​Além da AMB, a produção da Demografia Médica no Brasil 2023 também contou com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FFM (Fundação Faculdade de Medicina), Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e Ministério da Saúde.

​Médicos especialistas e especialidades médicas

​Em 2022 o Brasil possuía 321.581 médicos com ou mais títulos de especialistas, o que representa 62,5% dos profissionais em atividade no país. Os demais 37,5% eram médicos generalistas, ou seja, sem titulação em nenhuma especialidade.

​O número total de registros de médicos titulados no país chega a 495.716, o que representa 84% a mais em relação aos 268,2 mil registros existentes em 2012. Trata-se de um dado inédito e relevante da Demografia Médica, resultado da expansão da Residência Médica no Brasil e da atuação da AMB e de suas filiadas – sociedades de especialidade que concedem títulos de especialistas.

Um mesmo médico pode ter título ou ter concluído Residência Médica em mais de uma especialidade e, por isso, o número de títulos em especialidades é maior que o número de indivíduos especialistas.

​O estudo considerou as 55 especialidades médicas reconhecidas pela Comissão Mista de Especialidades, composta por representantes da Comissão Nacional de Residência Médica, Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira.

A defasagem entre os egressos de cursos de medicina e vagas de Residência Médica de acesso direto aumentou no período analisado pela Demografia Médica. Essa diferença, que era de 3.866 vagas em 2018, passou para 11.770 vagas em 2021. Considerando que a oferta de vagas de graduação em medicina vem aumentando no país, em curto prazo o número de médicos sem formação especializada deverá aumentar ainda mais, caso não haja ampliação de vagas de Residência Médica.

​As especialidades com maior número de registros de especialistas são Clínica Médica, com 56.979 médicos, Pediatria (48.654), Cirurgia Geral (41.547), Ginecologia e Obstetrícia (37.327), Anestesiologia (29.358), Ortopedia e Traumatologia (20.972), Medicina do Trabalho (20.804) e Cardiologia (20.324). Juntas, essas oito especialidades representam mais da metade (55,6%) do total de registro de especialistas.

​Um segundo grupo, de cinco especialidades – Oftalmologia, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Psiquiatria, Dermatologia e Medicina de Família e Comunidade, soma 14,4% do total de especialistas. Assim, 13 das 55 especialidades médicas existentes no Brasil reúnem 70% dos registros de especialistas.

​No período entre 2012 e 2022, algumas especialidades como Clínica Médica, Medicina de Família e Comunidade, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Medicina Legal e Perícia Médica, Cirurgia de Mão, Medicina de Tráfego, Angiologia, Geriatria, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurologia, Genética Médica e Mastologia pelo menos dobraram o número de especialistas.

​Outras 15 especialidades se destacaram, com crescimento entre 80% e 100%. São elas, Ortopedia e Traumatologia, Cirurgia Vascular, Endocrinologia e Metabologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Dermatologia, Reumatologia, Patologia, Nefrologia, Medicina Intensiva, Medicina Esportiva, Cirurgia Geral, Endoscopia, Psiquiatria, Infectologia e Oftalmologia.

​Os homens são maioria em 36 das 55 especialidades médicas e as mulheres predominam em 19 delas. As especialidades mais “femininas” são Dermatologia, Pediatria, Alergia e Imunologia, Endocrinologia e Metabologia e Genética Médica. As especialidades mais “masculinas” são Urologia, Ortopedia e Traumatologia, Neurocirurgia, Cirurgia Cardiovascular e Cirurgia do Aparelho Digestivo.

A especialidade com maior número de mulheres é a Dermatologia: são 8.236 médicas, o que representa 77,9% dos dermatologistas do país. Outras especialidades com grande proporção de mulheres são Pediatria (75,6%), Alergia e Imunologia e Endocrinologia e Metabologia, ambas com 72,1%.

Em nove das 55 especialidades, os homens são mais de 80%. As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas, caso da Cirurgia Geral, em que representam menos de 25% do total de especialistas.

Em 34 das 55 especialidades médicas existentes no Brasil, a média de idade dos médicos especialistas é inferior a 50 anos.

No Sul do país, 68% dos médicos possuem alguma especialidade. Já no Centro-Oeste 63,4% dos profissionais são médicos especializados, enquanto no Sudeste são 63,3%, no Norte, 57,2% e no Nordeste, 52,3%.

O Distrito Federal possui a maior proporção de médicos especialistas em relação ao total de profissionais (72,7%), enquanto o Amapá registra a menor (40,4%).

Em relação à Força de Trabalho Cirúrgica – que inclui cirurgiões, anestesiologistas e obstetras, a Demografia Médica aponta que, no Brasil, há uma densidade de 66 especialistas por 100.000 habitantes, mais do que o triplo do recomendado pela Lancet Commission On Global Surgery, que é de 20 por 100 mil.

Contudo, também nesse quesito há disparidade na distribuição territorial. Enquanto no Distrito Federal e no Estado de São Paulo, a FTC tem razões, respectivamente, de 151,5 e 85,4 por 100.000 habitantes, no Maranhão e no Acre os índices são de 26,7 e 28,6.

Aumento de médicos no Brasil

Nos últimos 13 anos, de 2010 a 2023, mais de 250 mil novos médicos (251.362) entraram no mercado de trabalho no Brasil, resultado direto da abertura de cursos e de vagas de graduação em medicina.

Em janeiro de 2023 o país contava com 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que corresponde a uma taxa nacional de 2,6 médicos por 1.000 habitantes. Na mesma data, o total de registros médicos chegava a 618.593.

Essa diferença entre o quantitativo de indivíduos médicos e o de registros se refere aos profissionais que possuem inscrições em mais de um CRM, seja porque trabalham em cidades de diferentes estados ou porque se deslocam temporariamente a outro estado.

No ano 2000 o Brasil contava com 239.110 médicos. Enquanto o número de profissionais mais do que dobrou até 2023, a população geral do país cresceu em torno de 27%.

​Duas regiões do país possuem número de médicos em relação à população inferior à média nacional. No Norte há 1,45 médico por 1.000 habitantes e, no Nordeste, 1,93.

​Já as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil possuem razões de 3,39, 3,10 e 2,95 médicos por 1.000 habitantes, respectivamente.

​Os estados brasileiros que possuem maior densidade de médicos por 1.000 habitantes são o Distrito Federal (5,53), Rio de Janeiro (3,77), São Paulo (3,50) e Santa Catarina (3,05). As menores densidades são encontradas no Pará (1,18 médico por 1.000 habitantes), Maranhão (1,22) e Amazonas (1,36).

​Os dados da Demografia Médica ainda mostram que os médicos se concentram nas capitais brasileiras que, somadas, reúnem 312.246 médicos de todo o país, o que representa uma razão de 6,13 profissionais por 1.000 habitantes.

​Já o grupo de regiões metropolitanas do Brasil (excluindo capitais) possui 44.824 médicos, o que significa 1,14 médico por 1.000 habitantes. Na somatória das cidades que compõem o interior do Brasil, são 225.996 médicos ou 1,84 profissional por 1.000 habitantes.

“Ainda é pouco significativa a dispersão territorial ou ‘interiorização’ de médicos, o que vinha sendo aguardado depois que inúmeros cursos de medicina foram abertos no interior. Pela projeção feita, o Brasil como um todo terá 4,4 mil médicos por mil habitantes em 2035, mas a desigualdade pode até mesmo se intensificar, com mais profissionais se dirigindo para locais onde a concentração já é alta”, destaca o documento da Demografia Médica em suas considerações finais.

​Projeção da oferta de médicos no Brasil nos próximos anos

​Uma das projeções inéditas feitas pela nova edição da Demografia Médica no Brasil 2023 é referente à oferta de médicos em atividade no país nos próximos anos.

​Em dois cenários analisados – de eventual “congelamento” na abertura de cursos de graduação e vagas de medicina entre 2023 e 2029 ou de manutenção dos efeitos da legislação vigente em 2022 em que a abertura de cursos e vagas é regulada e não seria interrompida nos anos seguintes -, a projeção é de que em 2035 haverá entre 1.016.121 e 1.032.753 médicos no Brasil.

​Em ambos os cenários o Brasil chegará a 2035 com densidade superior a 4,4 médicos por 1.000 habitantes. E, em qualquer circunstância, a população de médicos no país será, além de mais numerosa, mais feminina, mais jovem e, provavelmente, mais desigualmente distribuída.

​”Haverá acirramento das disparidades de concentração de médicos. Das 27 unidades da Federação, 18 delas irão apresentar densidade de profissionais por mil habitantes abaixo da média nacional, estimada em 4,4 em 2035. Ou seja, se medidas excepcionais não forem adotadas, estará mantida ou será agravada a desigualdade da distribuição geográfica, o que fará persistir a escassez localizada de profissionais, mesmo em cenário de maior e crescente oferta de médicos”, alerta o documento da pesquisa.

​Mais mulheres na profissão

​O fenômeno da “feminização” da profissão médica já vinha sendo observado desde 2009 entre os recém-graduados, mas ainda havia, no total da profissão, 59,5% de homens e 40,5% de mulheres. Em 2022 a proporção foi de 51,4% de médicos e 48,6% de médicas. Para 2024 a projeção é de que 50,2% do total de médicos no país sejam mulheres.

​Entre 2010 e 2022 o número de mulheres médicas quase dobrou, passando de 133 mil para 260 mil. Entre os homens o crescimento foi mais lento, com acréscimo de 43%.

​O estudo também demonstrou desigualdade de renda entre os gêneros. Conforme dados obtidos por meio de declarações junto à Receita Federal referente ao ano-base de 2020, as médicas brasileiras declaram rendimento médio anual 36,3% inferior que os profissionais do sexo masculino.

​Ainda de acordo com a projeção do estudo da Demografia Médica, a idade média do médico brasileiro vai cair e, em 2035, mais de 85% dos profissionais terão entre 22 e 45 anos. Também em 2035 haverá 56% de profissionais de medicina do sexo feminino contra 44% do sexo masculino.

Consultas médicas no Brasil

Segundo dados inéditos da Demografia Médica, mais de 600 milhões de consultas médicas são realizadas por ano no Brasil, o que corresponde a pouco mais de 3,13 consultas por habitante/ano (dados relativos a 2019, ano pré-pandemia). O número é menor do que a média dos países que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) – 6,8 consultas por habitante/ano.

Considerando o número de médicos no país, cada profissional realiza, em média, 1.260 consultas anualmente ou 4,5 consultas por dia, em um calendário de 280 dias úteis (excluindo finais de semana e feriados). O número também é menor do que a média dos países que integram a OCDE – 2.122 consultas por médico/ano.

As disparidades relativas a consultas nas diferentes regiões do país e nos setores público e privado de saúde, contudo, são significativas. Em 2019 foram 2,3 consultas por habitante entre usuários do SUS e 3,3 entre clientes da saúde suplementar.

As regiões Sudeste e Sul apresentaram maior proporção de consultas por habitante, chegando a 3,93 e 3,19, respectivamente. As regiões Centro-Oeste (2,86 consultas por habitante), Nordeste (2,38) e Norte (1,86) estão abaixo da média nacional.

Com relação aos estados, São Paulo (4,64 consultas por habitante) e Rio de Janeiro (3,80) se destacam como os estados com maior número de consultas por habitante, seguidos pelo Mato Grosso do Sul (3,62). Tocantins (1,60), Amapá (1,60), Pará (1,76) e Amazonas (1,77) possuem os indicadores mais baixos.

O número de consultas médicas realizadas no SUS em 2019, segundo dados do Datasus , foi de 482,6 milhões, correspondente a 2,12 consultas por habitante.

O indicador varia bastante no território brasileiro. As regiões Norte e Nordeste apresentam razão de consultas SUS por habitante inferior a 2: 1,49 e 1,76, respectivamente.

Em relação aos estados, Amapá (1,20), Piauí (1,25) e Distrito Federal (1,27) apresentaram menor número de consultas médicas por habitante na rede pública. No outro extremo, São Paulo registrou 2,96 consultas SUS por habitante, o que contribui para manter a região Sudeste à frente, com 2,48 consultas por habitante.

Já as regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram indicadores de consultas SUS por habitante de 2,22 e 2,01, respectivamente.

A proporção de consultas médicas por habitante entre os clientes de planos e seguros de saúde, em comparação com as consultas de usuários do SUS, se mostra superior em todas as grandes regiões do país.

A região Sudeste apresenta o maior número de consultas por usuários de plano privado, com 3,62 atendimentos por habitante, chegando a 4,59 no Espírito Santo e a 3,91 em São Paulo. O Nordeste foi a segunda região com maior número de consultas por usuários de planos de saúde (3,25 por habitante), seguida das regiões centro-oeste (2,67) e Sul (2,61).

Já a região Norte, assim como ocorreu nas consultas SUS, foi a que apresentou a menor razão de consultas por habitante entre usuários de planos privados de saúde (2,02).

​A expansão dos cursos de medicina no Brasil e o perfil dos estudantes

​Segundo a Demografia Médica, de 2013 a 2022 foi registrada a maior expansão do ensino médico da história do Brasil.

​Em 2022 o Brasil contava com 389 escolas médicas que, juntas, ofereciam 41.805 vagas de graduação. Desse total, 23.287 novas vagas foram abertas de 2013 em diante. O aumento foi quase quatro vezes maior do que o registrado entre 2003 e 2012, quando foram autorizadas 5.990 vagas.

​Uma das principais características da expansão da oferta de graduação médica nos últimos 20 anos no Brasil foi a abertura de vagas predominantemente no setor privado de educação.

Nesse período, enquanto as novas vagas de medicina em universidades públicas passaram de 5.917 em 2003 para 9.725 em 2022 (aumento de 64%), as vagas em escolas médicas do setor privado subiram de 7.001 para 32.080 (crescimento de 358%).

Proporcionalmente, a participação das instituições públicas no ensino médico atingiu seu menor patamar histórico em 2022, quando menos de um quarto das vagas foram ofertadas em 121 escolas públicas, enquanto as vagas nos 268 cursos privados representaram 77% do total. No Sudeste brasileiro, que concentra quase metade de todos os postos de graduação em medicina no Brasil, apenas 16,6% das vagas estão em instituições públicas.

Entre 2010 e 2020 o número de alunos cursando o primeiro ano de escolas médicas passou de 16.818 para 40.881, o que representa crescimento de 143% no período, resultado da ampla abertura de novos cursos de graduação no país.

As mulheres foram maioria entre os alunos do primeiro ano de medicina no período analisado pela Demografia Médica, representando 54,9% do total de estudantes em 2010 e 61,4% em 2019.

A Demografia identificou um aumento da população negra – soma de alunos que se declararam pretos e pardos -, de 1.483 estudantes de medicina em 2010 para 9.326 em 2019.

Além disso, cresceu a participação de estudantes de medicina entre aqueles que cursaram o ensino médio em escolas públicas, de 25,9% do total em 2010 para 29,8% em 2019.

Oferta e distribuição de Residência Médica

​Em 2021, 4.950 programas de RM estavam credenciados no Brasil. Naquele ano, os 41.853 médicos que cursavam Residência Médica representavam cerca de 8% do total de médicos em atividade no país.

O estado de São Paulo concentra 33,3% de todos os residentes, seguido por Minas Gerais (11,1%), Rio de Janeiro (10%) e Rio Grande do Sul (7,1%). Das 27 unidades da Federação, 11 possuem menos de 1% do total de residentes do país. Desses, à exceção do Mato Grosso, todos se localizam nas regiões Norte e Nordeste.

Cerca de 46% das instituições que oferecem RM se concentram na região Sudeste, onde está metade dos programas credenciados.

O Distrito Federal é a unidade federativa com maior densidade de médicos residentes por 100.000 habitantes (44,92), seguido por São Paulo (29,86), Rio Grande do Sul (25,84) e Rio de Janeiro (24,06). No outro extremo, o estado do Maranhão apresenta a densidade mais baixa (4,57), seguido por Amapá (5,13) e Pará (7,10).

Em 2021, cerca de 43% dos médicos residentes cursavam programas em quatro especialidades: Clínica Médica (14,2%), Pediatria (10,87%), Ginecologia e Obstetrícia (9,15%) e Cirurgia Geral (9,08%).

Entre 2018 e 2021 o número de médicos que cursavam Residência Médica no Brasil passou de 38.681 para 41.853.

Ao comparar a oferta nacional de vagas de primeiro ano de Residência Médica com o número de profissionais que concluíram medicina no ano anterior percebe-se um descompasso entre a formação especializada e o ensino de graduação. Em razão da intensa abertura de cursos de medicina, as vagas de R1 disponíveis no Brasil não têm sido suficientes para formar especialistas em quantidade equivalente aos novos registros de médicos formados no ano anterior.

Ainda conforme a nova Demografia Médica no Brasil, apenas 24,6% dos médicos residentes entrevistados afirmaram ter intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS (Sistema Único de Saúde) no prazo de um ano após a conclusão da residência. No cenário de após cinco anos da conclusão da RM, a intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS cai para cai para 12,1% dos entrevistados.

A maioria dos residentes (55,7%) pretende, um ano após a formação, manter exercício profissional de dupla prática, dividindo a atuação profissional entre os serviços público e privado. Porcentagem semelhante (49%) pretende manter essa inserção público-privada após cinco anos de formado.

Cerca de 20% dos residentes entrevistados revelaram a intenção de trabalhar majoritariamente ou integralmente no sistema privado após um ano da conclusão do curso. Essa proporção sobe para 40% quando questionados sobre a intenção de local de trabalho cinco anos após a conclusão da RM.

Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui.

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Healthtech Mevo capta R$ 110 milhões em Série B

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Mevo, healthtech brasileira especializada em prescrições digitais, captou R$ 110 milhões em sua série B. O aporte teve como principal investidor a Matrix, tradicional fundo de venture capital sediado em São Francisco, na Califórnia, que já investiu em empresas como a Apple e FedEx  quando ainda estavam começando, e teve a participação da Jefferson River Capital, family office de Hamilton E. James, ex-presidente da Blackstone e atual presidente do conselho da Costco.

Neste ano, a healthtech – que aplicará os recursos recém captados no avanço tecnológico e desenvolvimento de novos produtos – deve superar a marca de 10 milhões de brasileiros atendidos com prescrições eletrônicas e outras soluções digitais.

“Esse investimento não é apenas um voto de confiança em nosso modelo de negócios, mas também um passo crucial para acelerarmos a adoção da prescrição eletrônica no Brasil. Ainda existem muitas instituições de saúde e médicos que não têm acesso a essa tecnologia, e nosso objetivo é desenvolver a melhor solução do mercado para alcançá-los”, comenta Pedro Dias, fundador e CEO da Mevo, que já atende instituições como o Sírio-Libanês, Rede D’Or São Luiz e Oncoclínicas.

Reconhecida por sua expertise em identificar e apoiar startups inovadoras, a Matrix escolheu a Mevo como seu primeiro investimento no Brasil e o segundo, depois de mais de 13 anos, na América Latina. A Matrix possui US$ 2,2 bilhões em Assets Under Management (AUM) e a chegada ao Brasil reforça seu compromisso em apoiar o ecossistema de inovação onde quer que esteja.

“Temos a convicção de que, na próxima década, a prescrição manuscrita será algo do passado. Nosso foco é trazer mais segurança, transparência e qualidade para pacientes e profissionais de saúde, e este investimento nos permitirá continuar perseguindo esse sonho com ainda mais determinação”, completa Pedro.

Anteriormente, a Mevo já havia realizado outras captações seed e série A, entre 2019 e 2022, totalizando aproximadamente R$ 100 milhões levantados, que contaram com a participação de investidores como Floating Point, fundo de venture capital sediado em NY, IKJ Capital, FIR Capital, além de representantes de grupos e famílias de referência como a LTS Investments, dos fundadores do 3G Capital, Paul Fribourg, da Continental Grain Company, e a família Martins do Grupo Martins e Tribanco, entre outros.

Recentemente, a empresa foi selecionada para participar da 4ª turma do Programa Emerging Giants, uma parceria entre o Distrito e a KPMG, para apoiar os próximos passos estratégicos de startups em rápido estágio de crescimento e já consolidadas em seus mercados.

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Entenda como se proteger e quais os principais danos à saúde causados pelas fumaças das queimadas no Brasil

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Com a presença de fumaças que percorreram longas distâncias até grandes cidades, os cuidados com a saúde devem aumentar

A quantidade de queimadas no Brasil no mês de agosto bateu recordes em diversos estados e a fumaça decorrente dessas queimadas se espalhou, para além de locais próximos, para grandes cidades no Brasil. O resultado foram dias que se tornaram “nublados” e em que muitas pessoas relataram incômodos e até mesmo dificuldades para respirar. Mas quais são os principais danos que as fumaças das queimadas podem causar à saúde e como se proteger desses prejuízos?

O cirurgião torácico do Hospital Edmundo Vasconcelos, Marcel Sandrini, explica que os maiores danos são causados às pessoas com problemas respiratórios anteriores, que apresentam piora dos sintomas, como tosse e falta de ar. Esses pacientes, como asmáticos, enfisematosos e alérgicos, podem apresentar um quadro de crise aguda de tosse, rinite, bronco espasmo (chiado no peito) e desconforto para respirar.

Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

“Isso podemos falar para casos de queimadas à distância, em que a fumaça chega até outras cidades. Para pessoas que moram próximas aos locais com incêndios, pode haver a inalação de fumaças extremamente tóxicas. Os casos podem ser muito graves, com quadros de lesões com queimaduras de vias aéreas, por exemplo. Se as queimadas da mata atingirem depósitos de lixo, por exemplo, onde existem muitos tipos de plástico e outros materiais tóxicos, esta fumaça traz prejuízos adicionais à saúde”, detalha o médico.

O especialista afirma que todo tipo de fumaça é prejudicial, inclusive pessoas que inalam muita fumaça ao longo dos anos, como, por exemplo, fumaça de fogão a lenha, podem apresentar quadro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), síndrome que engloba doenças como bronquite e asma, e até mesmo o enfisema pulmonar. Essas pessoas que já apresentam DPOC podem evoluir com quadros respiratórios mais graves durante as queimadas. “Os problemas mais graves vão depender do tempo de exposição à fumaça, da disposição do corpo, quantidade de vezes essa pessoa foi exposta e da distância em que a pessoa está em relação à fonte da fumaça”, avalia.

Marcel Sandrini ainda indica que, em casos de exposição leve à fumaça, pode ser normal ter um quadro de tosse, contudo, caso o quadro piore, o melhor a fazer é se afastar da fumaça e pode ser necessário procurar atendimento médico de urgência. “Se começar a evoluir para um chiado ou falta de ar e tosse persistente, o conselho é se afastar da fonte da fumaça e procurar um hospital, pois o quadro clínico pode se agravar. Uma reversão do bronco espasmo (chiado no peito) e intoxicação causados pela fumaça podem levar muito tempo para melhorar e se o paciente continuar inalando isso por mais tempo, só agrava a situação. Por isso, é preciso observar o quadro junto a especialistas”, ressalta. 

Para se proteger, o médico explica que o mais indicado é, sempre que possível, se afastar da fumaça ou ficar o mais distante possível. Utilizar umidificadores de ar dentro de casa também podem colaborar para a respiração.

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O impacto psicológico das barreiras sociais para autistas e cuidadores

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66% das pessoas com autismo já pensaram em suicídio, aponta estudo

O mês de setembro é marcado pela campanha do Setembro Amarelo, dedicada à conscientização e prevenção do suicídio. Entre os temas cruciais abordados durante o período, destaca-se a saúde mental de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que enfrentam desafios únicos em todas as fases da vida. Além dos autistas, os cuidadores, principalmente as mães, também vivenciam pressões significativas que afetam diretamente seu bem-estar psicológico.

Não é de hoje que as pessoas com autismo enfrentam barreiras sociais e emocionais desde a infância, o que pode levar ao isolamento e ao agravamento de condições psicológicas. Segundo o estudo “Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil”, realizado pela Genial Care, 29% das pessoas com TEA sofrem de transtornos de ansiedade, e 4% apresentam distúrbios do sono, epilepsia ou Transtorno Opositivo-Desafiador. Esses dados destacam como as adversidades cotidianas podem afetar a qualidade de vida dos autistas. 

Outro obstáculo significativo enfrentado durante a adolescência e a vida adulta é a busca por empregos, que pode gerar sérios problemas devido à constante luta pela inclusão no mercado de trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 85% dos autistas permanecem fora do mercado de trabalho, contribuindo para o número de 1,7 milhão de desempregados no Brasil, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). A dificuldade em conseguir um emprego agrava ainda mais os sentimentos de frustração e exclusão social, impactando diretamente a saúde mental.

Dados da National Autistic Society indicam que 66% das pessoas com TEA já pensaram em suicídio, e 35% já planejaram ou tentaram se suicidar, destacando o impacto profundo das dificuldades diárias na saúde psicológica. Pessoas com TEA têm até quatro vezes mais chances de desenvolver depressão ao longo da vida. O estudo “Retratos do Autismo no Brasil”, da Genial Care, apontou que 49% dos autistas já apresentaram comportamentos de autolesão ou automutilação, e 7% tentaram tirar a própria vida. 

Em suma, o ‘preço’ de ser uma pessoa autista no Brasil é alto, multifacetado e muitas vezes injusto. Enfrentar obstáculos em todas as áreas da vida, desde o acesso ao diagnóstico até a inclusão no mercado de trabalho, é uma batalha contínua e exaustiva mentalmente. 

“Apoiar cada jornada, especialmente na comunidade autista, é uma necessidade urgente. Os números não deixam dúvidas: o risco de lidar com desafios de saúde mental é significativamente maior entre pessoas com TEA, reforçando a importância de uma atenção coletiva. O impacto acumulado da exclusão social, da dificuldade de inserção no mercado de trabalho e da falta de suporte adequado afeta não apenas a saúde mental dos autistas, mas também de suas famílias”, afirma a Diretora Clínica da Genial Care, Alice Tufolo.

No entanto, o bem-estar psicológico de uma criança ou adulto com TEA está diretamente ligada ao ambiente ao seu redor. A criação de redes de suporte, desde escolas preparadas até empresas mais inclusivas, pode fazer uma enorme diferença na qualidade de vida dessas pessoas e de suas famílias. 

O outro lado da jornada: a saúde mental dos cuidadores

Embora o foco esteja crescendo nas dificuldades enfrentadas pelos autistas, os cuidadores, especialmente as mães atípicas, também sofrem impactos emocionais profundos.  Conforme o estudo “Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil”, da Genial Care, 86% das pessoas cuidadoras de crianças com TEA são as próprias mães, e 68% dos cuidadores relataram dificuldades em encontrar tempo para cuidar de si e descansar, o que compromete diretamente a sua estabilidade mental e bem-estar.

Para quem vive uma maternidade atípica, as responsabilidades podem ser ainda mais complicadas, pois os tratamentos contínuos dos filhos demandam mais tempo na vida dessas mães. Segundo o estudo da Genial Care, 47% delas sentem-se culpadas pela condição de seus filhos. Esse sentimento de culpa também afeta 36% dos outros cuidadores. A sobrecarga emocional combinada com a falta de tempo para autocuidado prejudica a saúde psicológica, tornando necessário o desenvolvimento de redes de apoio e programas de acolhimento.

A presença de um sistema de apoio, formada por familiares, amigos, profissionais de saúde e grupos especializados, oferece às mães suporte emocional, recursos práticos e informações valiosas sobre o autismo. Esse grupo torna as decisões menos pesadas e proporciona solidariedade, fortalecendo-as para superar desafios e celebrar conquistas. Ao compartilhar experiências, as mães se sentem compreendidas e menos isoladas, criando um ambiente essencial para o bem-estar de toda a família e o desenvolvimento de seus filhos.

A orientação parental é essencial para apoiar o desenvolvimento de crianças com autismo, proporcionando aos pais ferramentas e conhecimento para lidar com os desafios diários. Pais bem informados podem desempenhar um papel fundamental no ensino de habilidades e comportamentos que facilitam a autonomia e o crescimento da criança. É necessário que eles se sintam preparados e seguros, pois a insegurança pode impactar negativamente o desenvolvimento infantil. Por isso, etapas como educação sobre o autismo, comunicação aberta com profissionais, definição de metas claras e consistência nas rotinas são muito importantes.

Além de focar no desenvolvimento da criança, a orientação parental também cuida da saúde emocional dos pais. “A orientação parental auxilia os cuidadores a entenderem melhor os comportamentos desafiadores de seus filhos e a lidar com suas próprias emoções. A inclusão do autocuidado e a criação de uma rede de apoio são aspectos essenciais para garantir que os cuidadores tenham o suporte necessário para promover o bem-estar de toda a família”, ressalta Alice.

Nesse cenário, falar sobre saúde emocional de forma aberta e acessível é imprescindível para desmistificar o tema e promover intervenções eficazes. O Setembro Amarelo serve como um lembrete de que cuidar da saúde mental é essencial para todos, especialmente para os que enfrentam os desafios diários do autismo, direta ou indiretamente. 

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