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Transformação Digital e os desafios para a integração dos dados da Saúde

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Os desafios para a integração dos dados da Saúde foram tema de debate em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Projeto sobre o assunto que está sendo examinado pela comissão (PL 3814/20) foi aprovado no ano passado no Senado e obriga o Sistema Único de Saúde a criar uma plataforma digital para unificar informações de pacientes atendidos pelas redes de saúde pública e privada.

Na plataforma digital unificada poderão ser registrados prontuários médicos, resultados de exames, procedimentos ambulatoriais, receitas médicas e outras informações de saúde. Pelo projeto de lei, o paciente deve autorizar a inserção dos dados do seu histórico com anonimato do perfil e sigilo das informações prestadas. O acesso a esse banco de dados só poderá ser feito pelo próprio paciente ou por profissionais de saúde envolvidos no atendimento, por autorização do paciente ou de representante legal.

O desafio, segundo o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde Denizar Vianna, é proporcionar a troca de informações entre beneficiários, médicos, laboratórios e hospitais. “No momento em que conseguimos integrar todos esses dados públicos e privados de diferentes locais de atendimento dos nossos pacientes isso vai certamente potencializar, e muito, o que vamos entregar na ponta aos pacientes.”

Durante a audiência, foram detalhadas ações do Poder Executivo dentro da Estratégia de Saúde Digital, como o Plano de Ação de Saúde Digital, que vai até 2028, e a Rede Nacional de Dados em Saúde, uma plataforma de troca de dados que criou a estrutura do Conecte SUS.

Informatização

O diretor do Departamento de Informática do SUS (Datasus), Merched Cheheb, lembra que 134 milhões de brasileiros estão conectados, o que corresponde a 2/3 da população. E que 99% das pessoas têm telefone celular. “Um grande desafio seria a gente informatizar todos os níveis da saúde, seja na atenção básica, na atenção especializada, a gente ter todos os passos da saúde de forma digital”, disse.

“E um dos pontos principais da transformação digital: colocar o usuário como protagonista. Fazer com que ele tenha acesso à sua informação de forma rápida, que ele possa ajudar os profissionais de saúde a ter acesso a essa informação e que ele possa compartilhar a informação com quem quiser, porque a informação é do cidadão.”

Segurança dos dados

Merched Cheheb informou que entre 2020 e 2021, os ataques ao sistema do Ministério da Saúde cresceram em 300%. Com a Lei Geral de Proteção de Dados, a preocupação com a segurança das informações é ainda maior e é preciso aumentar os investimentos.

Os ataques são também uma preocupação do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Eduardo Marques, que acredita que implementar a troca de informações é um desafio porque é grande a quantidade de parceiros do sistema de atenção à saúde no país. Segundo ele, sem padronização, não há como avançar ou garantir a qualidade de atenção em todo o Brasil.

“Hoje nós temos ilhas de excelência, como temos ilhas de grandes problemas a serem resolvidos. A questão da segurança e privacidade é muito importante. Infelizmente, nós temos vários exemplos no mundo inteiro de quebra de segurança e o Brasil é um dos países em que esses ataques têm uma frequência muito alta e com baixa capacidade de as empresas de se defenderem por falta de adoção de mecanismos de proteção”, apontou.

Prioridades

Na opinião do diretor executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Antonio Britto, o debate precisa ser mais aprofundado. Ele acredita que o assunto não foi disciplinado corretamente na proposta aprovada no Senado, onde, na avaliação dele, o assunto não foi suficientemente discutido.

“Propomos que haja uma hierarquização de prioridade. É impossível supor que devamos nos atirar em todos os dados de todas as pessoas e de todas as entidades. Onde, por onde queremos começar? Vacinação, seguramente. Os dados sobre internação e alta complexidade, seguramente. O que mais?”, questionou.

O debate foi mediado pela relatora da proposta que cria uma plataforma de unificação de dados de saúde, deputada Adriana Ventura (Novo-SP). “Farei a próxima audiência, já combinamos aqui, atendendo sugestões dadas pelo doutor Antonio Britto, de hierarquização. É importante esse caminho”, assentiu.

Para a relatora, o Brasil precisa avançar na informatização dos serviços de saúde e é importante discutir como a integração pode ser feita com segurança para garantir que os dados dos cidadãos estarão preservados. (Com informações da Agência Câmara de Notícias).

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O futuro do armazenamento de imagens médicas no Brasil

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Por Ricardo Prudêncio

A gestão de imagens médicas no Brasil enfrenta desafios crescentes, especialmente em relação à infraestrutura necessária para garantir o armazenamento seguro e eficiente desses dados. Desde 1983, o padrão DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) se consolidou como o formato ideal para exames como ultrassonografias, raios X, mamografias, tomografias, ressonâncias magnéticas e PET/CTs. Contudo, o volume crescente de informações médicas, geradas diariamente, tornou o armazenamento e a gestão desses dados cada vez mais complexos e dispendiosos. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a telerradiologia tem se desenvolvido cada vez mais no país, gerando valor para toda a cadeia de saúde. Além disso, o mercado global de diagnóstico por imagem projeta um crescimento anual de aproximadamente 8-10% nos próximos cinco anos, alcançando um valor estimado entre 40 a 50 bilhões de dólares até 2028.

A necessidade de modernizar o armazenamento de dados e reduzir os custos crescentes no setor de saúde tem impulsionado a adoção de soluções em nuvem em todo o mundo. O mercado global de armazenamento em nuvem na saúde deve alcançar US$ 153,1 bilhões até 2030, com um crescimento anual de 15,8%. Esse cenário deixa claro que não se trata apenas de uma inovação isolada, mas uma transformação global, com a promessa de enfrentar os desafios modernos de segurança, eficiência e escalabilidade no setor de saúde.

Quando comecei a trabalhar com sistemas de PACS em 2010, vi de perto a realidade das instituições de saúde brasileiras. Era comum encontrar grandes salas dedicadas apenas a servidores de TI, ocupando espaço valioso e exigindo manutenções constantes. Em muitos casos, era preciso alugar áreas externas para garantir que, em caso de desastre, os dados estivessem minimamente protegidos. Isso representava um custo alto e um risco considerável, tanto financeiro quanto operacional.

A nuvem, então, surge como uma alternativa revolucionária a esses antigos métodos de armazenamento. Com sistemas de arquivamento e comunicação de imagens (PACS) em nuvem, os custos associados a infraestrutura física, manutenção e atualização de servidores são substancialmente reduzidos. E há um benefício crucial: a escalabilidade. À medida que a demanda cresce, a nuvem se adapta, permitindo o armazenamento de dados de maneira flexível, sem a necessidade de investimentos adicionais em hardware.

Mesmo com esses avanços, a realidade é que muitas instituições de saúde ainda permanecem apegadas a soluções cliente-servidor e armazenamento local. Essa resistência à mudança geralmente está enraizada em modelos de negócios ultrapassados e na falta de inovação de certos fornecedores de tecnologia. Infelizmente, essa postura limita o potencial de modernização e expõe as instituições a riscos operacionais e financeiros evitáveis.

Mas, migrar para a nuvem envolve mais do que simplesmente modernizar a infraestrutura. Há questões fundamentais que precisam ser abordadas para que essa transição seja realmente bem-sucedida. Como a equipe de TI lida com os altos custos iniciais e contínuos? Como será garantida a segurança dos dados sensíveis dos pacientes? Existe um plano robusto para recuperação de desastres que proteja informações críticas? E, conforme a demanda cresce, como o sistema será escalado para suportar o aumento no volume de dados?

Além disso, a mobilidade e o acesso remoto exigem uma adaptação cuidadosa da equipe médica. Em um país como o Brasil, onde o número de médicos radiologistas é limitado, especialmente nas áreas mais remotas, como a equipe médica pode contar com um sistema que permita diagnósticos rápidos e precisos, sem comprometer a qualidade do atendimento? Essas são perguntas que destacam a importância de uma análise cuidadosa e de uma implementação estratégica de soluções em nuvem.

Quando falamos de PACS em nuvem, os benefícios vão muito além da redução de custos. A segurança dos dados, por exemplo, é um aspecto essencial. Provedores de nuvem como a Amazon Web Services (AWS) projetam suas infraestruturas para atender aos mais altos padrões de conformidade e segurança, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e a HIPAA nos Estados Unidos. Esse tipo de proteção é vital para as instituições de saúde, que lidam diariamente com dados sensíveis de seus pacientes.

Outro ponto importante é a mobilidade. Em emergências ou em áreas remotas, onde especialistas locais podem ser escassos, o acesso rápido às imagens e laudos é essencial para garantir diagnósticos ágeis e precisos. Além disso, a continuidade do negócio é garantida em casos de desastres naturais, como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul, que destruíram servidores e resultaram na perda de dados críticos. O armazenamento em nuvem protege essas informações e assegura a continuidade das operações, oferecendo uma camada de segurança que o armazenamento local simplesmente não consegue alcançar.

Mesmo com todos esses benefícios, algumas instituições ainda optam por soluções híbridas, armazenando dados recentes localmente e transferindo apenas arquivos mais antigos para a nuvem. Essa abordagem, embora econômica à primeira vista, pode prejudicar a eficiência dos profissionais de saúde, dificultando o acesso rápido a históricos de pacientes e ainda comprometendo o diagnóstico. A decisão de migrar para um PACS em nuvem vai muito além do porte ou do orçamento da instituição; trata-se de uma busca por eficiência, segurança e excelência no atendimento ao paciente. Para garantir um sistema de saúde moderno e sustentável no Brasil, é fundamental que as instituições reavaliem seus modelos de armazenamento e gestão de imagens médicas, adotando tecnologias que estejam em sintonia com as demandas contemporâneas.

A modernização do armazenamento de imagens médicas não é uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o setor de saúde brasileiro. A nuvem é um caminho sólido nessa direção, proporcionando benefícios tangíveis que impactam positivamente tanto as instituições quanto os pacientes.


*Ricardo Prudêncio é Country Manager da Eden no Brasil.

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Atividade física é caminho para quem quer parar de fumar

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Exercícios melhoram o condicionamento e liberam substâncias que aliviam sintomas da abstinência

Com benefícios que vão além do condicionamento do corpo, a atividade física contribui significativamente para quem deseja parar de fumar, aliviando os sintomas físicos e psicológicos da abstinência e ajudando a reduzir o hábito em momentos de ócio.

Segundo Carolina Salim, pneumologista do A.C. Camargo Cancer Center, o esporte pode oferecer uma “injeção” natural de bem-estar que alivia sintomas das crises de abstinência gerados pela dependência da nicotina, como dores de cabeça e irritabilidade, e até substitui a sensação de bem estar proporcionada pela substância em quem é fumante. 

“O esporte libera substâncias no corpo que ajudam a reduzir a necessidade do cigarro, como a serotonina e a endorfina. É comum que muitos pacientes relatem que, após o exercício, passam várias horas sem sentir sequer vontade de fumar”, afirma.

Segundo Daniel Carlos, treinador da Smart Fit, outro benefício da atividade física nesse processo é a melhora de desempenho nos treinos, que deixa mais evidente os malefícios que o cigarro causa no organismo e a importância de parar.  

“O cigarro prejudica muito os sistemas respiratório e cardiovascular. Isso faz com que quem fuma sinta mais cansaço durante os exercícios físicos. Quando a pessoa para de fumar e percebe que o treino fica mais fácil, os benefícios tornam-se mais evidentes e funcionam como incentivo para manter-se longe do cigarro”, explica.

Salim reforça que, embora importante, a atividade física é apenas uma parte do processo. Abandonar o cigarro demanda uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir suporte psicológico, ajustes alimentares e, em alguns casos, o uso de medicamentos. 

A médica também alerta que fumantes interessados em começar a treinar como parte dessa jornada devem realizar testes físicos antes de iniciar os exercícios, além de sempre realizar as atividades com o acompanhamento de um profissional de educação física.

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A importância do estadiamento na estratégia para tratar o câncer

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Quando se trata do câncer, existem diversos termos que, até então, eram desconhecidos pelo paciente. Um deles é o estadiamento, fundamental no momento do diagnóstico.

Pensando em esclarecer melhor o assunto foi que desenvolvi este conteúdo. Afinal, o que é o estadiamento do câncer?

Consiste no processo de verificar a extensão da doença quando ela é diagnosticada. Ou seja, analisar qual a extensão do câncer, já que uma das suas características é se disseminar localmente ou à distância.

O estadiamento considera vários fatores, incluindo subtipo do tumor, tamanho, se está localizado apenas na região de origem ou já se espalhou pelos gânglios linfáticos ou órgãos distantes.

Qual a importância de termos esse conhecimento?

O estadiamento do câncer é fundamental para a definição de estratégias de tratamento. Por exemplo, se um tumor de mama está confinado somente na região de origem, pode ser indicada cirurgia em conjunto com outros tratamentos, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo.

Em contrapartida, se no momento do diagnóstico já houver metástases em outros órgãos, o procedimento cirúrgico pode não ser recomendado, apenas outros protocolos para o controle da doença.

Além disso, ele também é um importante indicador do prognóstico do paciente, nos ajudando a prever a probabilidade de cura, recuperação e sobrevida. Ou seja, ele fornece informações valiosas que permitem aos profissionais de saúde oferecerem um tratamento personalizado e mais eficaz, aumentando as chances de sucesso e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Como é feito o estadiamento?

Normalmente é realizado por meio de uma combinação de diferentes exames, por exemplo: ressonância magnética, tomografia computadorizada, cintilografia óssea e PET-CT.

Em alguns casos, marcadores tumorais como o PSA no câncer de próstata fazem parte da avaliação de risco inicial. O resultado da biópsia também faz parte dessa avaliação, pois fornece o grau de agressividade do tumor e isso é usado na avaliação inicial e classificação de risco (próstata, mama).

Se o tratamento cirúrgico é feito de forma upfront, ou seja, antes dos demais tratamentos, ele fornece informações relevantes no estadiamento que chamamos patológico. Isso porque o médico patologista consegue definir com precisão, examinando a peça cirúrgica que foi retirada, a medida do tumor, o grau de invasão, a quantidade e forma de disseminação pelos linfonodos.

Com base nos resultados, o câncer é classificado em estágios, que normalmente variam entre 1 e 4, com estágio 1 quando a doença é inicial, e com estágio 4 quando está avançada, ou seja, metastática. Existe também o estágio 0, ou seja, um tumor mais precoce que o estágio 1, e que ainda não tem potencial de invasão e disseminação de outros órgãos e tecidos.

Vale ressaltar que existem diversos sistemas de estadiamento usados para diferentes tipos de neoplasias. Por exemplo, o sistema TNM é geralmente utilizado para tumores sólidos, levando em conta o tamanho do tumor primário (T), se o câncer se espalhou para os gânglios linfáticos (N) ou já se disseminou para outras partes do corpo (M).

Conhecer o estadiamento dos diferentes tipos de neoplasias é essencial para garantir aos pacientes o tratamento mais adequado. Por isso, é parte significativa no momento do diagnóstico.

*  Fernanda Ronchi é professora de Oncologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e responsável técnica do serviço de Oncologia Clínica e do Centro de Pesquisas do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM).

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