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Sustentabilidade na saúde ainda é um conceito em construção

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O setor enfrenta desafios para integrar práticas sustentáveis em um ecossistema complexo e interdependente.

O termo ESG, Environmental, Social and Governance, traduzido em português como Ambiental, Social e Governança, surgiu em 2004, a partir de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Banco Mundial, com o objetivo integrar esses três fatores no mercado de capitais e conscientizar as empresas a gerar valor em seus negócios de forma ampla. O tema ganhou destaque no Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2020, quando a pandemia de Covid-19 acelerou a discussão sobre critérios ESG e não por acaso a saúde passou a ter maior evidência. Mas na saúde, a sustentabilidade ainda é interpretada de formas diferentes por cada instituição. 

O setor é composto, no Brasil, por agência reguladora, saúde suplementar, fornecedores, pacientes e governo, o que traduz um desafio constante para acomodar os interesses de todas as partes. Em um contexto populacional do Brasil que promove maior complexidade: 220 milhões de habitantes, sendo que mais 33 milhões ainda passam fome, mais de 35 milhões não têm sem água tratada, 100 milhões sem coleta de esgoto e 50 milhões de usuários de planos de saúde. 

Olhando para os números identificamos que temos uma população vulnerável de milhões de habitantes que, por razões de fome e falta de saneamento básico, são potenciais pacientes para o SUS e a falta de iniciativas de contenção destas questões prioritárias e básicas tardará a sustentabilidade da saúde. 

É claro que a pandemia foi um divisor de águas, trazendo reflexões e evidências para agendas necessárias como: sistemas de saúde que devem ser devidamente financiados, melhor distribuição de recursos aos municípios, atenção básica como estratégia de contenção e prevenção, imunização, melhor gestão da rede pública, mais recursos para o sistema, necessidade de crescimento para produção nacional, e estratégias abrangendo bem-estar e sustentabilidade ambiental. 

Em 2023 aconteceu a 17ª Conferência Nacional de Saúde, é um dos mais importantes da área que ocorre a cada quatro anos. No evento, realizado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e Ministério da Saúde (MS) foram debatidos as principais iniciativas e diretrizes para a saúde deste atual governo, dentre elas a visão de sustentabilidade. No mesmo ano, o governo criou o projeto “Eficiência na Saúde” em resposta a uma necessidade identificada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em promover maior eficácia nos serviços de assistência fornecidos pelo SUS e com a possibilidade de melhoraria na utilização dos recursos públicos, mais especificamente, nos hospitais. 

Com relação a hospitais privados, existem desafios igualmente amplos, como o piso salarial da enfermagem, altos custos com tecnologias, um campo de crescimento voltado a crescente abertura de novos leitos, novas salas cirúrgicas e mais tecnológicas além de projetos de ampliações que traga, melhores resultados e menores custos. Isso em um contexto em que grandes grupos financeiros têm repensado os investimentos no setor, a indústria tem se mostrado flexível para compor modelos de negócios e serviços para atender as necessidades do mercado, como aluguel de equipamentos, além de exercer um papel fundamental trazendo ciência, inovação, educação e desenvolvimento técnico. Iniciativas e estratégias em ações ESG ainda estão em processo de entendimento, principalmente em relação ao retorno que elas possam propiciar dentro desta complexa engrenagem. 

Com este cenário o sistema de saúde privado sofre uma pressão acelerada por redução de custos, que repassa aos fornecedores em uma busca frenética pela aplicação de tecnologia nos processos. Um dos destaques tem sido a medicina preventiva e atendimento primário para conter futuras demandas, além de healthtechs que nascem trazendo inovação, tecnologia e dados que contribuem com indicadores e avanços. 

O setor da saúde caminha em tecnologia, mas nem sempre na mesma velocidade em seus processos. Ainda temos grande parte das instituições com número de profissionais enxutos para área especificas ou sistemas que não gerenciam processos administrativos e de gestão por completo, consumindo custos significativos e invisíveis aos gestores hospitalares. Encontramos profissionais sem apetite para mudanças e fechados para a tal palavra inovação, que chama atenção na teoria, mas ainda precisa avançar na prática.  

Cada vez mais a ciência de dados coletados será fator principal para que gestores tenham visibilidade de suas estruturas hospitalares e com isto, usar as informações processadas com inteligência para aumentar a capacidade de governança sobre processos e controles, ganhar visibilidade de indicadores de performance e tomar decisões baseados em dados concretos. Outro movimento será necessário acontecer no qual os profissionais da saúde se tornam mais qualificados, propondo soluções para melhoria dos processos das áreas, engajando colaboradores, criando ambiente de confiança para liderança de novos projetos e se posicionando de forma colaborativa.  

sustentabilidade na saúde pode avançar em passos pequenos onde cada instituição busque aprimorar o modelo de gestão, conscientizar seus colaboradores que somos parte de um ecossistema interdependente, que precisa ponderar sobre soluções que impactam o coletivo e ter coragem de serem promotores de mudanças e transformações no sistema. 

*Soraya Capelli é CEO da Zentys Medical, empresa associada da ABRAIDI – Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos e fundadora da Hospp, empresa de healthtech. 

créditos: https://www.saudebusiness.com/mercado-da-saude/sustentabilidade-na-saude-ainda-e-um-conceito-em-construcao/

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Realização de exames de retina no SUS cresce quase 50%

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O número de exames oftalmológicos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para prevenir doenças da retina registrou crescimento de 49,5% em 2023 com relação a 2019. No ano passado, foram realizados quase 12 milhões de procedimentos deste tipo, o que representa um recorde histórico, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Em 2019, o Ministério da Saúde aponta a realização de 7,9 milhões de exames. Até agosto de 2024, mais de 9 milhões de exames já haviam sido realizados, apontando para a tendência de um novo marco histórico.

Na avaliação do CBO, este avanço reflete o fortalecimento das políticas de saúde pública e a crescente conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da retinopatia diabética, principal responsável pelo volume de exames de retina realizados no SUS.

O relatório do CBO avaliou os registros dos quatro tipos de exames para o diagnóstico de problemas na retina disponíveis no SUS: biomicroscopia de fundo de olho, mapeamento de retina, retinografia colorida binocular e retinografia fluorescente binocular. O detalhamento dos números mostra que todos estes procedimentos registraram aumento significativo no ano passado.

Em 2019, de janeiro a agosto, por exemplo, foram realizados, em média, cerca de 645 mil exames desses quatro tipos a cada mês. No mesmo período do ano seguinte, esse total baixou para 413 mil mensais. Em 2023, com a normalidade dos atendimentos do SUS já estabelecida, a média ultrapassou 972 mil procedimentos e, em 2024, já supera a marca de 1,1 milhão de exames ao mês.

As mulheres representam a maioria dos pacientes que são submetidos aos exames, conforme mostram os dados analisados pelo CBO. Nos períodos de janeiro a agosto, nos anos de 2019 a 2024, foram feitos 15,5 milhões de testes na população feminina. Outros 11,2 milhões foram aplicados em homens.

Com relação à idade, a maior parte dos exames foi realizada na população com idades acima de 60 anos, com 3,6 milhões de exames em 2024. (Com informações da Agência Brasil)

Créditos: https://medicinasa.com.br/exames-retina-sus/

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Dispositivo da Unicamp permite testar fármacos usados em tratamentos contra o câncer

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Um dos principais desafios enfrentados pelos médicos em tratamentos contra o câncer é identificar os fármacos, as suas concentrações e as suas combinações mais eficazes para eliminar as células cancerígenas do organismo de um paciente. De um modo geral, os médicos seguem um protocolo de escolhas dos quimioterápicos a partir dos resultados das biópsias, receitando, em cada caso, os medicamentos que vão combater as células dos tumores malignos.

Contudo, são comuns os casos de pacientes cujas células oferecem resistência à ação dos quimioterápicos. E essa barreira natural, difícil de ser identificada nas análises das células, torna ineficazes muitos dos tratamentos. Por isso, em geral os testes de eficiência são realizados submetendo os pacientes aos quimioterápicos escolhidos, ação que pode se prolongar durante três ou quatro meses. Caso os testes sejam ineficazes, novas experiências com outros fármacos são realizadas nos meses seguintes. Esse protocolo é repetido até ser encontrado o medicamento mais eficaz. Infelizmente, nem sempre há tempo para alcançar a cura desejada.

Por essas razões, a existência de métodos mais rápidos e precisos para identificar quimioterápicos que eliminem, com eficiência, células cancerígenas é um desejo comum da comunidade médica. Foi com esse objetivo que uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que reuniu especialistas do Instituto de Biologia (IB) e da Faculdade de Engenharia Química (FEQ), desenvolveu um dispositivo para criar uma estratégia de triagem de fármacos e descobrir, de antemão, se um ou mais quimioterápicos terão ação eficaz ou não na eliminação de células cancerígenas.

Um benefício que este dispositivo proporciona é o de acelerar o processo de escolha dos fármacos e ainda apontar as combinações mais eficientes e que possibilitam menores dosagens, oferecendo mais opções aos médicos para indicar os tratamentos com maior chance de sucesso na eliminação de tumores malignos. Essa triagem prévia dos fármacos permite identificar com mais agilidade se haverá ou não resistência das células cancerígenas à ação dos quimioterápicos.

Dispositivo foi desenvolvido com o uso de microtecnologia

Para desenvolver o dispositivo, cuja pesquisa contou com a assessoria da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp) para a proteção de sua propriedade intelectual, os pesquisadores usaram a microfluídica, tecnologia que explora o escoamento em pequenos canais e câmaras e que permite aplicações em áreas como nanotecnologia, biologia celular, entre outras.

Para aplicações na área biológica, tais dispositivos, denominados microchips, são normalmente confeccionados com materiais compatíveis com as células, como polímeros ou silicone, e possuem canais e microrreservatórios interligados onde são alojadas células vivas. Modelos de microchips mais complexos também estão sendo desenvolvidos para replicar as funções dos órgãos humanos em um dispositivo em escala miniaturizada, do tamanho de uma lâmina para microscópio. O objetivo dessa técnica é dispor de modelos em miniatura dos órgãos humanos ou de sistemas de órgãos. Por isso, esses microchips são denominados Organ-on-a-Chip ou sistemas microfisiológicos.

“Eles permitem reproduzir modelos das doenças e podem ser utilizados para compreender ações de doenças, identificar fármacos, dentre inúmeras outras aplicações”, explica a professora da FEQ, Lucimara Gaziola de La Torre, que participou do desenvolvimento do dispositivo. Segundo ela, “os microchips ainda estão em evolução, mas essa tecnologia é, hoje em dia, o que mais se aproxima da realidade humana para simular estudos e facilitar pesquisas de novos medicamentos. Os resultados dessas simulações estão sendo projetados e investigados para que sejam confiáveis, a ponto de dispensarem no futuro os testes de fármacos em animais, acelerando os resultados dos ensaios pré-clínicos, alcançando resultados seguros em menos tempo e com mais precisão”, acrescenta a pesquisadora.

Como é feita a triagem dos fármacos com o chip

La Torre explica que, para as estratégias de triagem dos fármacos, as células cancerígenas podem ser introduzidas nas diferentes microcâmaras presentes no microchip. Em seguida, são injetados nos microchips o meio de cultivo e o quimioterápico. O microchip foi projetado para ser um sistema de alta performance, gerando grande quantidade de resultados em um único experimento, já com as triplicatas. Segundo a pesquisadora, essa é a grande vantagem do emprego de microfluídica em técnicas convencionais de análise, como ela detalha:

“O microdispositivo permite testar concentrações diferentes de fármacos em cada uma dessas microcâmaras, esses ‘pocinhos’, que compõem o microchip. Em seguida, com a aplicação de um gradiente difusivo de concentração, analisamos quais células cancerígenas foram mais sensíveis à ação do fármaco, e em quais concentrações. Dessa forma, conseguimos descobrir não apenas se um quimioterápico é capaz de eliminar uma célula coletada da biópsia, mas também identificamos a concentração mais eficiente”, explica La Torre.

Além dessa possibilidade, a pesquisadora conta que a equipe também já fez testes simultâneos com mais de um fármaco para avaliar a eficácia de sua ação combinada. “Nessas simulações, é preciso verificar se eles terão efeitos sinérgicos ou antagônicos e quais são as concentrações adequadas. Nesses testes cruzados, podemos identificar quais concentrações devem ser evitadas, para um não anular a ação do outro, e quais são as melhores para potencializar o efeito sinérgico dos quimioterápicos, além de outros parâmetros importantes para a área farmacêutica, aumentando assim a chance de sucesso do tratamento”, explica La Torre.

Selagem reversível é um diferencial da tecnologia da Unicamp

Uma característica do dispositivo desenvolvido pelos pesquisadores é a sua selagem reversível, ou seja, o microchip pode ser aberto posteriormente para a análise dos materiais. O mais comum nas pesquisas é que os microchips sejam lacrados, impossibilitando o acesso ao material de pesquisa após os testes.

Segundo La Torre, o uso de um microchip não selado atende a um desejo comum dos biólogos, a quem interessa analisar as células após serem submetidas aos tratamentos com os fármacos. “Por isso optamos por desenvolver um dispositivo que permitisse reverter a selagem após os testes, o que pode proporcionar informações valiosas aos pesquisadores”, conclui a pesquisadora.

Créditos: https://medicinasa.com.br/dispositivo-farmacos/

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ANS firma compromisso para tornar a saúde suplementar mais inclusiva

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Carta assinada durante o CONAHP 2024 visa promover diversidade e equidade no atendimento a beneficiários LGBTQIAPN+ e PCDs, com medidas práticas e educativas para transformar o setor.

PorJuliana Santos

Saúde Suplementar no Brasil deu um passo importante em direção a um sistema mais justo, acessível e inclusivo. Durante o Congresso Nacional de Hospitais Privados (CONAHP) 2024, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), representada pelo presidente Paulo Rebello, e a CEO da TM Jobs, Tânia Machado, assinaram uma carta de intenção e recomendação. O documento reforça o compromisso com políticas de diversidade e inclusão nos serviços de saúde suplementar, buscando atender às necessidades de todos os beneficiários, independentemente de orientação sexual, identidade de gênero, deficiência ou raça. 

Segundo Rebello, o momento simboliza o início de uma transformação necessária para tornar o setor de saúde mais humanizado. “Essa assinatura é o primeiro passo para a construção de um mundo mais empático, onde as adversidades do outro sejam compreendidas. É uma pequena, mas importante contribuição da ANS para um setor que atende 25% da população brasileira, ou seja, 51,4 milhões de pessoas”, afirmou. 

Medidas práticas para inclusão 

Desde 2023, o grupo responsável pela iniciativa trabalha na criação de um formulário com perguntas inclusivas, que permitirá a coleta de dados relevantes dos beneficiários no momento de adesão ao plano de saúde. Esse recurso será essencial para identificar diferentes públicos, compreender tipos específicos de deficiência e determinar as necessidades de acessibilidade e o tom da comunicação adequado para cada pessoa. 

Além disso, uma cartilha está sendo desenvolvida para orientar profissionais sobre como acolher de forma inclusiva a população LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência (PCDs). “Hoje, os beneficiários não se reconhecem nos formulários de inscrição. A falta de dados torna essas populações invisíveis para os serviços de saúde”, destacou Tânia Machado. Ela acrescenta que um atendimento humanizado não só aproxima essas pessoas dos serviços de saúde, mas também é crucial para promover igualdade no setor. 

Desafios e oportunidades 

Dados do Censo de 2010 do IBGE mostram que o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, sendo que 12,7 milhões enfrentam comprometimentos significativos e dependem de espaços e serviços acessíveis. Globalmente, populações marginalizadas enfrentam barreiras relacionadas à identidade de gênero, deficiência, orientação sexual e saúde mental. 

Para Tânia Machado, iniciativas como essa são essenciais para combater a exclusão e garantir um atendimento mais justo e eficiente. “Como executiva do setor de saúde, sempre quis deixar um legado de transformação e educação. Essa carta é apenas o começo de um trabalho contínuo com a ANS e outras instituições, visando uma verdadeira mudança”, concluiu.

Créditos: https://www.saudebusiness.com/mercado-da-saude/ans-firma-compromisso-para-tornar-a-saude-suplementar-mais-inclusiva/

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