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Inovação

Modelo cognitivo artificial é criado para assistir cuidadores de pessoas com demência

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Segundo o World Alzheimer Report 2021, estima-se que 55 milhões de pessoas possuam, atualmente, síndromes demenciais no mundo. Cerca de 72% das pessoas vivendo com a doença nos Estados Unidos têm 75 anos ou mais. De acordo com o relatório 2021Alzheimer’s disease facts and figures, 92% dos(as) cuidadores(as) são pessoas informais nos Estados Unidos, isto é, sem qualificação profissional para a tarefa. “Se temos esse contexto em um país desenvolvido, podemos ter uma ideia dos desafios em outras regiões menos favorecidas economicamente, uma vez que o tratamento profissional é custoso”, explica Wellington Pacheco Ferreira, autor da dissertação sobre o tema. A pesquisa, desenvolvida no Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (ICT/Unifesp) sob a orientação do professor Walter Teixeira Lima Júnior, foi defendida em fevereiro de 2022 e representa a primeira dissertação do Grupo de Pesquisa Sistemas Cognitivos Artificiais da universidade, tornando-se uma das pioneiras na área no Brasil.

Estudos sugerem que as consequências físicas e emocionais do(a) cuidador(a) de pessoa com doença neurodegenerativa estão relacionadas ao estresse mental e físico já que, dependendo do estágio de comprometimento cognitivo do(a) paciente, exige-se constante supervisão para tarefas cotidianas, como para se vestir ou se alimentar, o que pode criar uma sobrecarga ao(à) cuidador(a). Levando em conta esse contexto, o estudo teve como objetivo sugerir um modelo de sistema cognitivo artificial para assistir os(as) cuidadores(as) de forma personalizada através de um agente para a tomada de decisão do(a) cuidador(a) informal. “Um sistema artificial com viés cognitivo é uma tentativa de referenciar o funcionamento da mente humana, característica que pode ser benéfica para uma interação humano-máquina mais fluida e com adoção potencialmente facilitada”, pontua Ferreira.

Segundo o pesquisador, existem diversas pesquisas para a detecção em tempo correto (timing) de síndromes demenciais por intermédio de alguns modelos de inteligência artificial usando dados de testes laboratoriais e clínicos ou ainda informações extraídas de outras formas, como a partir da voz. “O foco de estudo da minha pesquisa de mestrado foi a aplicação de um sistema artificial com viés cognitivo que difere não apenas na perspectiva conceitual, como também na aplicação. Entendo que a minha pesquisa pode ser um ponto de partida mais amplo para que outros estudos concretizem a assistência ao lado humano de quem está enfrentando a doença”, afirma.

A pesquisa, de natureza qualitativa e quantitativa, foi realizada por meio da revisão sistemática de literatura para fundamentação teórica e do método Design Science Research (DSR) para criação de artefatos técnicos do sistema. Foram utilizados dados históricos obtidos de ressonâncias magnéticas de pessoas sem comprometimento cognitivo, de pessoas diagnosticadas com alguma demência (por profissional da saúde) e de pessoas que iniciaram os exames sem demências, mas, após algum tempo, foram diagnosticadas. O experimento do sistema teve o objetivo de classificar e assistir de forma personalizada o(a) cuidador(a) para cada registro da base de dados.

Saúde e tecnologia

Os recentes avanços da inteligência artificial e das redes neurais têm impulsionado o uso de tecnologia para a saúde em trabalhos acadêmicos. No entanto, há uma ausência de tentativa de aplicação de uma arquitetura cognitiva artificial no cuidado de síndromes demenciais. “Não encontrei aplicações nessas doenças neurodegenerativas, o que sugere o caráter pioneiro e altamente interdisciplinar da dissertação ao investigar a aplicação de modelos cognitivos para assistir cuidadores(as)”, destaca o pesquisador da Unifesp.

Segundo o orientador, professor Walter Lima, o modelo desenvolvido na pesquisa, apesar de ser conceitual, foi estruturado com teste de validação computacional, abrindo caminho para outras vertentes de experimentos no campo dos Sistemas Cognitivos Artificiais. “No nosso grupo, temos outros dois orientados desenvolvendo sistemas inteligentes, com viés cognitivo, nas áreas da Educação e da Navegação Fluvial”.

Wellington Ferreira aponta que novos estudos precisarão ser feitos para que um sistema cognitivo artificial possa intervir e assistir cuidadores(as), profissionais ou não, de forma personalizada. “Minha expectativa é que a pesquisa seja um ativo complementar e que contribua na pavimentação de uma área interdisciplinar de investigação da aplicação de ciências cognitivas ao contexto de síndromes demenciais”, finaliza.

dissertação está disponível no Repositório da Unifesp.

Atualidades

Labchecap inaugura avançado centro tecnológico em Salvador

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Labchecap de Salvador (BA) acaba de inaugurar um novo centro tecnológico por meio de soluções integradas da Roche Diagnóstica. Serão oferecidos cerca de 1,8 milhão de testes por mês nas áreas de imunologia, hematologia e bioquímica, com exames de diferentes patologias, como tireoide, perfil hormonal e doenças infecciosas, com equipamentos que unem simplificação e excelência, aumentam a produtividade, levando a resultados mais rápidos e precisos, garantindo mais agilidade, assertividade e segurança no diagnóstico do paciente.

Com 800m2 dedicados à área técnica, o novo centro contará com um fluxo linear e único de automação e maior padronização nos processos com foco na eficiência operacional. Tudo por meio de soluções que possibilitam uma contingência e backup para segurança da operação, previsibilidade do tempo e rastreabilidade das amostras em tempo real para controle.

Parceria visa levar mais acesso a um diagnóstico ágil, preciso e de qualidade para a região, trazendo mais valor e cuidado aos pacientes.

No total, são 18 plataformas da Roche Diagnóstica, com módulos de Imunologia com o equipamento do modelo cobas® pro e801, que aumenta a produtividade por menor tempo de manutenção, consolidando o maior número de testes em um único tubo e permite maior utilização com a grande estabilidade onboard dos reagentes; 2 soluções cobas® p512, automatizando as etapas pré e pós-analíticas, que abrangem os procedimentos executados dentro dos laboratórios, e automação de Hematologia com o equipamento Sysmex XN 9100.

Também traz o novo e inteligente conceito de manutenção auto-operacional que executa automaticamente as tarefas de manutenção em segundo plano e reduz a carga manual diária para zero na unidade analítica cobas® c 503 e as unidades pós-analíticas cobas® p 701 e output module, que são sistemas de arquivamento refrigerados que simplificam a recuperação de amostras e o gerenciamento de testes complementares.

Créditos: https://medicinasa.com.br/estudo-miopia/

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Atualidades

Inovação: criação de cirurgia pioneira no mundo no HCFMUSP

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Por Francisco Cesar Carnevale

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o maior complexo hospitalar da América Latina, é uma referência mundial em saúde. Este prestígio é resultado de uma combinação de assistência de qualidade, ensino de excelência, pesquisa avançada e investimentos contínuos em inovação e tecnologia. Esses esforços têm permitido o desenvolvimento de tratamentos revolucionários que não apenas melhoram a qualidade de vida dos pacientes, mas também ampliam o acesso à saúde e geram um impacto socioeconômico significativo no Brasil.

A radiologia, tradicionalmente conhecida por seu papel crucial no diagnóstico de diversas condições médicas por meio de exames como raio-X, tomografia e ressonância magnética, tem expandido seu alcance para incluir tratamentos. A radiologia intervencionista, uma subespecialidade terapêutica, utiliza métodos de imagem para realizar cirurgias minimamente invasivas e mais precisas. Esta abordagem proporciona aos pacientes menor risco, recuperação mais rápida e menos dor, comparado aos métodos cirúrgicos tradicionais.

Recentemente, fui surpreendido com a notícia de que serei homenageado em setembro com o prêmio mais importante da Radiologia Intervencionista durante o congresso da CIRSE 2024, em Lisboa. Este título, que avalia profissionais de todo o mundo, está para nós, médicos, como a Bola de Ouro no futebol! Ser o primeiro brasileiro e latino-americano a receber esse prêmio é uma honra indescritível, até porque é o reconhecimento de um trabalho realizado em equipe e um reconhecimento do Brasil como referência em medicina e pesquisa, superando a desconfiança que muitas vezes cerca a produção científica nacional. Sou profundamente grato por isso.

Um dos avanços mais notáveis que desenvolvemos no InRad e, de forma pioneira no Brasil e no mundo, é a técnica de embolização da próstata, uma alternativa inovadora para o tratamento da hiperplasia prostática benigna (HPB). Esta condição, comum entre homens após os 50 anos, geralmente exige a remoção total ou parcial da glândula. A técnica consiste em obstruir as artérias da próstata, bloqueando parcialmente a circulação sanguínea para reduzir seu tamanho e torná-la mais macia. Este procedimento minimamente invasivo melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes ao eliminar os sintomas da HPB e evitar as complicações associadas aos tratamentos tradicionais.

O projeto proporcionou ao Instituto de Radiologia uma projeção internacional e atraiu profissionais do Brasil e do exterior que buscam treinamento para aprender e replicar o procedimento ao redor do mundo.

No InRad, a radiologia intervencionista permite oferecer tratamentos para uma ampla gama de especialidades, incluindo oncologia, ortopedia, transplante de fígado e rim, além de opções terapêuticas em pediatria e ginecologia, como o tratamento de miomas uterinos. Conseguimos atender todos os institutos do complexo, incluindo o InCorICESP, Instituto da Criança e do Adolescente (ICr), Instituto Central e Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOTH).

Realizamos aproximadamente 2 mil cirurgias minimamente invasivas por ano dentro do HCFMUSP, e o impacto social desse trabalho é significativo. Já formamos internamente mais de cem profissionais capacitados a replicar e disseminar as técnicas desenvolvidas aqui, beneficiando não apenas os pacientes do HC, mas também em todo o Brasil.

Crescer e continuar a transformar

A radiologia intervencionista é uma especialidade que demanda e promove inovação, o que a torna extremamente atrativa. Temos aumentado o número de residentes e estamos otimistas em relação ao futuro, já que atuamos em diversos institutos do HC. Além disso, temos a responsabilidade de formar médicos de todo o Brasil, capacitando-os a levar esse conhecimento para suas regiões.

As conquistas que alcançamos até agora são apenas o começo de um caminho promissor. A especialidade tem potencial para transformar a jornada do paciente, oferecendo tratamentos mais eficazes e menos invasivos, que resultam em melhores prognósticos e uma recuperação mais rápida. O reconhecimento internacional que recebemos é um testemunho do impacto positivo que a radiologia intervencionista pode ter na medicina moderna.


*Francisco Cesar Carnevale é Chefe do Serviço de Radiologia Vascular Intervencionista do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da USP, do Instituto do Câncer (ICESP) e professor livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP.]

Créditos: https://medicinasa.com.br/radiologia-hcfmusp/

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Atualidades

Uberização: o crescimento do pay per use na saúde brasileira

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Por Graciele Miglio

O sistema de pay per use tem ganhado espaço em diversas áreas, incluindo a saúde, oferecendo uma alternativa flexível e acessível para quem precisa de cuidados médicos. No entanto, o termo “uberização” tem sido erroneamente associado a esse modelo, muitas vezes com uma conotação negativa. É essencial esclarecer que, quando aplicado à saúde, o sistema pay per use não visa precarizar o trabalho dos profissionais ou reduzir a qualidade do atendimento, mas sim democratizar o acesso e oferecer uma opção mais justa tanto para pacientes quanto para médicos.

Os números e estimativas comprovam isso. Especialistas apontam que o sistema de saúde pay per use no Brasil faturou, em 2023, R$ 320 bilhões e as projeções para os próximos dez anos indicam que o mercado de saúde pay per use pode crescer dez vezes em relação ao faturamento atual.

O envelhecimento da população, os altos custos dos planos de saúde e as dificuldades de acesso aos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão impulsionando a demanda por serviços de saúde privados. Esse cenário apresenta uma oportunidade única para o modelo pay per use, que, se bem estruturado, pode se tornar uma alternativa acessível e viável para milhões de brasileiros.

O sistema pay per use na saúde não deve ser confundido com a “uberização” do setor. Enquanto o primeiro busca ampliar o acesso e garantir justiça tanto para pacientes quanto para médicos, o segundo carrega uma conotação negativa que não se aplica ao contexto da saúde.

Ao adotar o modelo pay per use, estamos caminhando em direção a um sistema mais inclusivo e sustentável, onde todos têm a oportunidade de receber cuidados médicos de qualidade a preços justos. O futuro deste modelo é promissor, mas exige atenção e planejamento para que seu crescimento seja harmonioso e benéfico para todos os envolvidos.


*Graciele Miglio é CEO da Nowmed.

Créditos: https://medicinasa.com.br/saude-uberizacao/

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