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Negócios

Planos de saúde têm primeiro prejuízo semestral da história

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As operadoras de planos de saúde registraram o primeiro prejuízo semestral da sua história, de R$ 691,6 milhões. Com o resultado positivo de R$ 1,050 bilhão no primeiro trimestre deste ano, o setor teve prejuízo de cerca de R$ 1,74 bi no segundo trimestre, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Na avaliação da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), o número é resultado de uma combinação de aumento de uso dos planos pelos usuários – volume represado durante a pandemia – e alta de custos do setor, somada a uma aceleração na velocidade de incorporação de novas tecnologias no rol de procedimentos obrigatórios da ANS.

Especialistas, no entanto, vêm sinais de ineficiência no segmento que contribuem para o mau resultado. Marcos Novais, superintendente executivo da Abramge, chama atenção para o fato de a sinistralidade – a relação de mensalidades pagas versus custo com assistência – estar em 88% e para o aumento dos gastos assistenciais. “Ou seja, pagos os custos com assistência sobra 11% do valor arrecado para pagar impostos, custos de comercialização, entre outros. O gasto assistencial aumentou 14,6%, entre o segundo trimestre do ano passo e o atual. Se mantiver nesse ritmo, vamos fechar o ano com R$ 236 bilhões. O que sobraria do pagamento das mensalidades – hoje em R$ 240 bi – não paga nem o ISS.”

Aumento dos insumos

Ele pondera que o aumento dos gastos assistenciais não é fruto apenas da frequência de uso, mas de uma alta de preços de insumos, provocada em parte pela própria pandemia, que não retomou um patamar de normalidade.

Novais afirma ainda que o aumento da velocidade de incorporação de novos procedimentos no rol da ANS – que era feita a cada dois anos e, agora, é um processo permanente – também teve impacto na conta. O executivo ressalta o crescimento das provisões obrigatórias pela ANS – valores depositados pelas empresas como garantia para eventos futuros – terem crescido 15% do segundo trimestre de 2021 para o mesmo período deste ano, como indicativo de risco de que as mensalidades não sejam suficientes para cobrir as despesas nos próximos meses.

“Aumentamos a provisão em R$ 7 bilhões nesse período. O resultado operacional desse trimestre é de menos R$ 8,4 bilhões. Consumimos todo o resultado financeiro, R$ 7,4 bi, proveniente dos rendimentos dos valores dados em garantia e ainda não foi suficiente para fechar a conta. Esse é o cenário mais difícil que enfrentamos até o momento. O negócio foi feito para comportar oscilações, mas não está fácil”, diz o executivo.

O economista Lucas Andrietta, do Grupo de Estudos sobre Planos de Saúde e Interações Público-Privadas (GEPS-FMUSP), pondera que a sinistralidade – tirando o auge da pandemia – vem se mantendo estável, na casa dos 82% aos 85%. Na avaliação de Andrietta, as operadoras já deveriam ter previsto que o uso dos planos de saúde aumentaria depois de um período de redução significativa no auge da pandemia e guardado parte do lucro auferido no período – o resultado do segundo trimestre de 2020 foi de R$ 15 bilhões – para enfrentar este momento.

“Sendo o represamento em grande medida previsível, qualquer empresa responsável dedicada a este tipo de atividade poderia utilizar seus resultados acumulados em períodos anteriores para fazer frente a esse tipo de flutuação. Óbvio que fazer isso não é algo simples, mas o reclame também não deve ser simplista a este ponto. E se há efeito de represamento, ele é temporário, e o uso deve retomar sua tendência normal.”

Andrietta diz ainda que um trimestre negativo não quer dizer que o resultado anual também vá ser de prejuízo. “Muitas operadoras aplicaram reajustes altos nos planos coletivos e acredito que parte delas ainda não tenha contabilizado esse efeito que pode vir no próximo semestre.”

Ineficiência

Para o economista Carlos Ocké-Reis, da diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrura (Diset), do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), os números divulgados pela ANS apontam uma clara ineficiência do setor.

“Se olharmos para as despesas administrativas, por exemplo, há um aumento de R$ 3 bilhões do segundo trimestre de 2021 para o mesmo período deste ano. A curva é quase exponencial. Os dados oficiais do setor apontam que há um problema de gestão. Uma ineficiência que o setor tenta repassar pressionando o governo e a ANS”, avalia.

Já Novais argumenta que os dados de eficiência das despesas administrativas do setor são crescentes e que esse não é um fator que tem impacto, por exemplo, nos reajustes. Ele pondera que a sociedade tem feito escolhas que causam maior impacto nas despesas futuras, citando a lei que tornou o rol de cobertura da ANS exemplificativo.

Atualidades

Healthtech Mevo capta R$ 110 milhões em Série B

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Mevo, healthtech brasileira especializada em prescrições digitais, captou R$ 110 milhões em sua série B. O aporte teve como principal investidor a Matrix, tradicional fundo de venture capital sediado em São Francisco, na Califórnia, que já investiu em empresas como a Apple e FedEx  quando ainda estavam começando, e teve a participação da Jefferson River Capital, family office de Hamilton E. James, ex-presidente da Blackstone e atual presidente do conselho da Costco.

Neste ano, a healthtech – que aplicará os recursos recém captados no avanço tecnológico e desenvolvimento de novos produtos – deve superar a marca de 10 milhões de brasileiros atendidos com prescrições eletrônicas e outras soluções digitais.

“Esse investimento não é apenas um voto de confiança em nosso modelo de negócios, mas também um passo crucial para acelerarmos a adoção da prescrição eletrônica no Brasil. Ainda existem muitas instituições de saúde e médicos que não têm acesso a essa tecnologia, e nosso objetivo é desenvolver a melhor solução do mercado para alcançá-los”, comenta Pedro Dias, fundador e CEO da Mevo, que já atende instituições como o Sírio-Libanês, Rede D’Or São Luiz e Oncoclínicas.

Reconhecida por sua expertise em identificar e apoiar startups inovadoras, a Matrix escolheu a Mevo como seu primeiro investimento no Brasil e o segundo, depois de mais de 13 anos, na América Latina. A Matrix possui US$ 2,2 bilhões em Assets Under Management (AUM) e a chegada ao Brasil reforça seu compromisso em apoiar o ecossistema de inovação onde quer que esteja.

“Temos a convicção de que, na próxima década, a prescrição manuscrita será algo do passado. Nosso foco é trazer mais segurança, transparência e qualidade para pacientes e profissionais de saúde, e este investimento nos permitirá continuar perseguindo esse sonho com ainda mais determinação”, completa Pedro.

Anteriormente, a Mevo já havia realizado outras captações seed e série A, entre 2019 e 2022, totalizando aproximadamente R$ 100 milhões levantados, que contaram com a participação de investidores como Floating Point, fundo de venture capital sediado em NY, IKJ Capital, FIR Capital, além de representantes de grupos e famílias de referência como a LTS Investments, dos fundadores do 3G Capital, Paul Fribourg, da Continental Grain Company, e a família Martins do Grupo Martins e Tribanco, entre outros.

Recentemente, a empresa foi selecionada para participar da 4ª turma do Programa Emerging Giants, uma parceria entre o Distrito e a KPMG, para apoiar os próximos passos estratégicos de startups em rápido estágio de crescimento e já consolidadas em seus mercados.

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Atualidades

Saúde suplementar registra queda em maior parte dos procedimentos

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Com o objetivo de descobrir por que os custos da saúde suplementar vêm aumentando, a 3ª Edição do Balanço Observatório Anahp, publicação trimestral com o panorama financeiro e operacional do setor, apresenta entre os dados, um levantamento específico para o período de 5 anos, de 2019 a 2023. Os números apontam que não houve elevação no uso por beneficiário, e sim uma queda na maior parte dos procedimentos.

Hoje, os usuários de planos de saúde realizam menos consultas médicas e internações do que em 2019. O aumento de custos, mostram os números, ocorre pelo crescimento dos beneficiários e pelo descontrole em itens específicos como exames e terapias.

“A busca por eficiência e o combate ao desperdício precisam partir de uma avaliação técnica, e é isso que buscamos ter com estes números referentes aos últimos 5 anos e que foram analisados do ponto de vista financeiro e operacional”, destaca Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp.

Do ponto de vista do custo com os procedimentos cobertos pelos planos de saúde, as terapias e outros atendimentos ambulatoriais cresceram 40% e 31%, em valores reais, respectivamente; e as despesas com consultas médicas baixaram 1%, aplicado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para deflacionar esse valor.

No que se relaciona especialmente às operadoras, dados do segundo trimestre de 2024 mostram um cenário econômico favorável. Os números parciais indicam que o mercado de saúde suplementar vem garantindo algum resultado ou atenuando déficits de sua operação em função do resultado das aplicações financeiras, como aconteceu em 2023 .

Contudo, o indicador de prazo médio de recebimento, que expressa a quantidade média de dias em que o hospital recebe pelo serviço prestado, o prazo segue elevado (cerca de 65 dias) e, sugere dificuldade de negociação entre hospitais e operadoras, com contas hospitalares que levam meses para serem pagas; o que traz maior dificuldades aos hospitais para manutenção de seu fluxo de caixa.

Houve também uma mudança nas provisões técnicas, que são valores contabilizados no passivo da operadora que refletem as obrigações esperadas decorrentes da operação de plano de saúde. Como se pode ver no gráfico abaixo, a PEONA (Provisão para eventos ocorridos e não avisados), passou o PESL (Provisão de eventos/sinistros a liquidar), fato que não ocorria há quatro anos. Isso aponta que as operadoras estão provisionando mais do que antigamente.

O Balanço Observatório Anahp traz dados econômico-financeiros do setor da saúde suplementar é resultado de desdobramento do Observatório Anahp, e para seu conteúdo há duas fontes básicas de dados: Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Sistema de Indicadores Hospitalares da Anahp. Os números contam com a análise da consultoria Arquitetos da Saúde.

Créditos: https://medicinasa.com.br/3-observatorio-anahp/

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Negócios

Clínicas privadas perdem até R$ 144 mil por problemas com agendamento de consultas

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A confirmação de consultas médicas tem se mostrado um desafio para muitas clínicas privadas. Não por acaso, uma pesquisa feita recentemente pelo software médico Conclínica mostra que 42,2% das clínicas privadas do país enfrentam dificuldades em confirmar a consulta com os seus pacientes.

Intitulado “O setor clínico no Brasil: um estudo sobre os desafios e necessidades de médicos e gestores”, o estudo também mostra que conquistar novos pacientes é uma dificuldade para 60% dos respondentes. Quando o assunto são as ausências, as principais razões podem estar na falta de conciliação da agenda de médico e paciente, assim como experiências negativas com a unidade de saúde, filas demoradas, atendimentos insatisfatórios e outros.

Independente do motivo, o fato é que essas ausências podem ter um impacto impactam significativamente a saúde financeira das clínicas. Por exemplo, na grande São Paulo, uma estimativa feita pela redação mostra que os prejuízos podem chegar em média a casa dos R$ 12 mil mensais, ou até R$ 144 mil por ano, considerando uma média de 30 faltas por mês a um valor médio de R$ 300 por consulta.

Comparação com Outros Setores

Esse fenômeno não é exclusivo da área da saúde. Setores como salões de beleza e academias também lidam com o desafio do não comparecimento. Nesses segmentos, são utilizadas algumas estratégias para precaver os empreendedores como:

  • Pré-pagamento
  • Taxas de cancelamento
  • Envio de lembretes por SMS ou Whatsapp

No entanto, tais medidas no setor de saúde precisam ser cuidadosamente avaliadas para não impactar negativamente os pacientes, especialmente em situações de emergência.

Uso de Tecnologia e Qualidade no Atendimento

Para mitigar as faltas, diversas abordagens podem ser adotadas, como a utilização de sistemas automatizados de lembretes, que enviam mensagens de texto ou e-mails, pode melhorar a comunicação e ajudar os pacientes a se lembrarem de seus compromissos. Além disso, a implementação de plataformas online para confirmação e reagendamento de consultas facilita o gerenciamento de horários tanto para pacientes quanto para as clínicas.

Flexibilizar as políticas de cancelamento e permitir que os pacientes cancelem ou remanejem consultas com antecedência é outra estratégia eficaz. Isso ajuda a reduzir as ausências imprevistas e a liberar vagas para outros pacientes.

A humanização do atendimento é igualmente importante. Uma equipe bem treinada e atenciosa pode melhorar significativamente a experiência do paciente, aumentando a probabilidade de comparecimento. Um atendimento de qualidade gera confiança e contribui para a fidelização do paciente.

Abordar o problema das faltas é essencial para manter a sustentabilidade financeira das clínicas e garantir um atendimento de qualidade. Compreender os fatores que levam os pacientes a não comparecer às consultas e implementar soluções práticas pode minimizar as perdas financeiras e aumentar a satisfação dos pacientes.

Clínicas que investem em uma comunicação eficaz, uso de tecnologia e humanização no atendimento estão mais bem preparadas para enfrentar esse desafio. O foco deve estar sempre na melhoria da experiência do paciente e na eficiência dos processos, garantindo um serviço de saúde eficaz e acessível.

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