Conecte-se conosco

Inovação

InCor e Oswaldo Cruz desenvolvem material para a correção cirúrgica de deformação na caixa torácica

Publicado

em

O Instituto do Coração  (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, juntamente com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, participou do desenvolvimento de um novo material para correção cirúrgica de casos de deformação da caixa torácica, o chamado pectus excavatum. A prevalência dessa deformação na população é de 1,2%.

A deformação da caixa torácica é o que chamam de peito escavado: entre cada costela e um osso esterno, existem cartilagens. Trata-se de uma deformidade congênita, que causa má-formação no crescimento anormal das cartilagens do tórax, o que acaba empurrando a caixa torácica, causando, assim, a deformação. Esse afundamento pode comprimir o coração e o pulmão dos afetados. “Quando você olha o paciente, tem a sensação que existe um afundamento na parede torácica”, explica Miguel Tedde, cirurgião torácico do InCor e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e coordenador do projeto de pesquisa

Miguel Tedde – Foto: Lattes

Para além dos problemas físicos óbvios, Tedde lembra que uma consequência da deformidade é o impacto profundo que isso tem na autoestima, bem-estar e qualidade de vida dos pacientes. Ele destaca que o aparecimento disso é, muitas vezes, durante a fase de formação da personalidade, o que afeta drasticamente a forma de percepção física e o psicológico do paciente. “Existe um trabalho mostrando que eles seguiram pacientes, sendo que metade foi operada e [a outra] metade não. Eram jovens, evidentemente, e o que se viu é que a performance escolar dos operados foi muito melhor do que a parte que não foi tratada, mostrando o quanto isso impacta no aspecto psicológico, de qualidade de vida e de autoestima desses”, diz Tedde. 

Cirurgia minimamente invasiva 

Existem tentativas de tratamento não invasivo do pectus excavatum, mas “o problema do tratamento não invasivo é que não existem evidências científicas a sustentar esses tratamentos”, diz o cirurgião. O tratamento tem de ser por meio cirúrgico. Anteriormente, faziam-se cirurgias abertas, com o ressecamento das cartilagens e sustentação do esterno com tela ou algum outro método. Isso, entretanto, não funciona direito: há a possibilidade de volta do problema e a cicatriz fica muito aparente, o que piora a situação psicológica dos pacientes.

Tedde diz que, até o ano passado, a única prótese metálica que eles tinham era importada, mas esta tinha um problema de rotação, o que apresenta um risco sério para o paciente. Não é adequado, inclusive, para quando mais de uma barra metálica faz-se necessária. O que foi feito, a partir da pesquisa do Incor e do Hospital Oswaldo Cruz, é o desenvolvimento de uma barra, estabilizadores e pontes mais seguras. O sistema de fixação faz com que a chance da barra rodar seja eliminada. 

“O tratamento minimamente invasivo do pectus excavatum, que hoje é o padrão de tratamento, se tornou muito mais seguro e mais efetivo para a correção. Do ponto de vista estético, melhorou muito”, diz Tedde. “A gente tem observado que os pacientes têm tido alta mais precoce, eles têm voltado à atividade mais cedo e o resultado estético tem sido muito melhor”, diz o médico. “Eu tenho a impressão que isso não tem volta; os resultados que a gente tem visto com ele [o material] têm sido muito melhores”, complementa.

Um trabalho comparativo não foi feito, mas resultados práticos indicam que o material é melhor do que o utilizado antes. O interessante dessa pesquisa é que, além de uma melhora nos resultados e na confiabilidade dos pacientes, a indústria e a pesquisa nacional podem trabalhar para substituir o material que antes era importado e que hoje é fabricado aqui no País. 

A cirurgia minimamente invasiva se mostrou mais efetiva e segura para os casos de pectus excavatum – Imagem: Wikimedia Commons

Tedde diz que a sensação é que muitos pacientes evitavam a cirurgia anterior – a cirurgia de peito aberto – devido às complicações. Com a diminuição das complicações e uma cirurgia menos invasiva, por meio da videotoracoscopiamais pacientes vão procurar tratamento efetivo. 

A pesquisa

Esse novo material já foi implementado com sucesso em 50 cirurgias realizadas no Incor e já foi aprovado pela Anvisa para uso em qualquer lugar, independentemente de ser uma pesquisa ou não. 

“Hoje em dia nós não falamos mais em pesquisa, pois está em uso corrente. O cirurgião torácico brasileiro tem hoje, à sua disposição, e isso eu não tenho dúvida de falar, o mais completo material para operar os pacientes”, diz. De acordo com o cirurgião, são possíveis técnicas diferentes de uso das barras metálicas, das quais o cirurgião escolhe de acordo com o paciente. “Se eles precisarem desse tratamento hoje, eles têm um tratamento melhor do que tinham no passado recente”, finaliza.

Atualidades

Pesquisadores estudam insônia como sintoma principal da depressão

Publicado

em

A insônia não é apenas um sintoma secundário da depressão, mas sim, parte integrante da doença mental. Esse é o resultado da pesquisa descoberto por um grupo de pesquisadores do Instituto do Sono, empresa da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP) em um estudo inédito que foi apresentado nos EUA, no SLEEP 2024, durante a 38ª Reunião Anual das Sociedades Profissionais Associadas de Sono.

Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores examinou a relação entre o risco genético para problemas de sono e sintomas de depressão em uma amostra epidemiológica da cidade de São Paulo chamada EPISONO (Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo). Os participantes selecionados tinham faixas etárias entre 20 e 80 anos e foram submetidos à avaliação clínica, polissonografia noturna completa e responderam a um conjunto completo de questionários sobre sono. Houve também coleta de amostras de sangue para extração de DNA e genotipagem dos voluntários. Esses dados serviram para calcular o risco genético dessas pessoas a problemas de sono e a sintomas depressivos.

A pesquisadora Mariana Moysés Oliveira é uma das responsáveis pelo estudo e conta que a privação de sono de forma pontual não potencializa o desenvolvimento da depressão, mas a insônia, como um problema de sono crônico, sim. “Já foi descrito que em pessoas com sintomas depressivos graves, o fato de ter insônia estava relacionado com a falta de resposta aos tratamentos para depressão. Também já foi provado que pessoas com insônia têm maior risco de ter depressão no futuro”, conta. Ela explica que os achados desta nova pesquisa são inéditos e que a insônia e os sintomas depressivos partem de origens genéticas muito parecidas. A conclusão é de que os problemas de sono não podem ser tratados como algo secundário em pessoas com depressão, eles são parte central da doença.

Risco genético para problemas do sono

Por meio de um modelo estatístico avançado chamado “escore poligênico”(que permite prever o risco para doenças complexas ao considerar milhares de variantes genéticas), a pesquisa mostrou a interrelação entre o risco genético para esses problemas de saúde.

É a primeira vez que modelos de predição de risco genético são usados para identificar risco aumentado de problemas de sono em uma amostra brasileira e o exame em questão se chama varredura genômica, ou SNP-array.

Moysés conta que a análise foi baseada em estudos de associação do genoma completo para depressão e insônia. Os resultados indicam que os escores poligênicos foram eficazes em alocar os indivíduos em grupos de alto e baixo risco para problemas de sono e depressão. Pessoas com má qualidade de sono tendiam a apresentar sintomas depressivos mais graves. “Quanto maior o risco genético para queixas de sono, aumentava o risco genético para sintomas depressivos. Os genes que contribuíram para os escores poligênicos se sobrepuseram, indicando uma correlação genética forte entre essas condições”, explica.

A pesquisadora acredita que os resultados podem ter implicações significativas para a saúde pública, pois políticas que promovam a identificação precoce e o tratamento integrado podem ser mais eficazes na redução da carga dessas condições na sociedade. “Acredito que as pesquisas podem levar a novos protocolos clínicos que abordem de forma integrada a saúde mental e a qualidade de sono, abrindo caminhos para a pesquisa científica e permitindo uma compreensão mais profunda das causas desses problemas de saúde. Além disso, usar dados genéticos para prever a predisposição permite identificar pessoas em risco antes mesmo que os sintomas se manifestem”, ressalta.

Fatores genéticos

A manifestação de doenças comuns geralmente é determinada por fatores genéticos e ambientais. Os fatores genéticos não mudam desde a concepção e as pessoas são expostas aos fatores ambientais, como raios ultravioleta, alimentação, uso de substâncias, ao longo da vida.

Os pesquisadores da AFIP conseguiram usar modelos matemáticos para calcular o risco genético, como uma forma de predizer se uma pessoa tem um risco aumentado ou diminuído para uma determinada doença. “Para doenças comuns, não conseguimos atribuir um único gene. Não existe o gene da depressão, da insônia ou do câncer. O risco genético é determinado por diversas (muitas vezes milhares de) variações genéticas. Apenas quando avaliamos o conjunto dessas variações genéticas podemos calcular o risco genético”, afirma.

Ainda segundo ela, com uma amostra epidemiológica, o estudo fornece uma base sólida para identificar variações genéticas que podem ser usados como biomarcadores de risco. Compreender essas conexões genéticas permite desenvolver tratamentos que atacam as causas das doenças, não apenas os sintomas, reduzindo a chance de recaídas.

Continue Lendo

Atualidades

Mercur quer atingir 45% da produção com matérias-primas renováveis

Publicado

em

Meta para o ano de 2024 integra Relatório de Impactos da empresa, que também apresenta outras iniciativas

Em 2024, a Mercur, indústria das áreas da saúde e educação, busca aumentar a meta de sua produção com matérias-primas renováveis para 45%. Esse indicador tem relação direta com a premissa de utilizar insumos renováveis para a regeneração do planeta desde o início da cadeia de produção. Em 2023, 39,12% da produção esteve focada no uso de renováveis nos recursos de saúde e educação. 

Nesse sentido, a empresa lançou em 2023 a primeira borracha termoplástica do mercado brasileiro com 65% de insumos renováveis, mais leve e livre de cargas minerais. Outro produto que pontua a caminhada da Mercur é a Bolsa Térmica Natural para Bebês, elaborada com tecido 100% orgânico e caroços de açaí da palmeira juçara, aproveitando material que antes era descartado.  

Para a empresa, o relacionamento com o meio ambiente e a produção responsável são pilares estratégicos assumidos após a Virada de Chave em 2009. Isso significa fazer escolhas que beneficiam as pessoas e o planeta e gere lucros. O Relatório de Impactos de 2023, disponível a partir de 20 de maio, apresenta esses e outros indicadores de sustentabilidade da Mercur, que logo comemora 100 anos de fundação. Também há uma linha do tempo que mostra todas as ações ambientais que a empresa desenvolve desde 2009. “Com esse Relatório buscamos ampliar nossos relacionamentos para avançarmos ainda mais para uma economia de baixo carbono e de responsabilidade social”, afirma Jorge Hoelzel Neto, Facilitador de Direção da Mercur. 

O material relata ainda que a Mercur é uma indústria de carbono neutro desde 2015. Assim, a empresa tem reduzido todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e, quando não é possível, faz a compensação. A compensação acontece por meio do plantio de mudas nativas e compra de créditos de carbono. Em números: em 2022, foram 1.144 Ton CO2e; em 2023 – 1.189 Ton CO2e. Há um crescimento de 3,9% nas emissões, embora o faturamento tenha crescido aproximadamente 10%. Além disso, 100% das transportadoras fornecedoras compensarão este ano 597 toneladas de gases do efeito estufa emitidos em 2023. 

  Há mais de um ano, a Mercur produz 53% da energia que utiliza por meio da sua Usina de Energia Solar Fotovoltaica. Os outros 47% são adquiridos no mercado livre de energia de fontes renováveis. A Mercur investiu 4 milhões com a construção da usina no solo, localizada no Distrito Industrial de Santa Cruz do Sul. São 1,5 hectares com mais de 2.600 placas solares, com capacidade de gerar 1.600MWh de energia anual. Outra forma de uso de energia limpa é a produção de lenha de eucalipto reflorestada para alimentar a caldeira da fábrica. A lenha é considerada uma forma de energia limpa porque o balanço de carbono emitido é zerado por ter sido consumido pelas plantas durante o seu desenvolvimento. 

Conheça outros resultados da Mercur 

Com o Projeto Borracha Nativa há 13 anos, a Mercur tem trabalhado em parceria com a Imaflora e o Origens Brasil para a manutenção da floresta em pé e viva com a compra de borracha natural de seringueiros que vivem em áreas protegidas na Terra do Meio em Altamira (PA). Nesse período foram mais de 63 toneladas de borracha natural adquirida de forma justa e solidária, gerando mais de 165 mil reais em renda local para as comunidades. Em 2023, o projeto foi expandido para o estado de Rondônia (RO). Até 2022, a média de compra é de 4,37 toneladas/ano. Em 2023, chegou a 8,65 toneladas/ano. Com a ampliação o objetivo é chegar a 30 toneladas/ano nos próximos anos, sempre respeitando o tempo da natureza. 

A Mercur tem se tornado mais eficiente ao evitar os desperdícios de matérias-primas e reduzir o tempo de produção para aproveitar o potencial das pessoas. Com isso, revitalizou o portfólio de produtos e serviços, focados em seu DNA. Também possibilitou rever os processos internos e dar maior agilidade no desenvolvimento de novos produtos, o que refletiu no número de entregas. A empresa, fortaleceu ainda as parcerias para criação de produtos transformacionais, como os lançados recentemente da Linha Apoio e da Linha Inclusão. Esse movimento possibilitou a ampliação do relacionamento para a cocriação de produtos e soluções. 

Esses e outros resultados estão disponíveis no Relatório de Impactos 2024 que pode ser acessado em www.mercur.com.br/relatorio-de-impactos/ Para conhecer mais sobre a empresa acesse mercur.com.br 

Créditos: Marina Albuquerque
marina.albuquerque@engajecomunicacao.com
(51) 99321-3572

Continue Lendo

Inovação

Principais práticas antiéticas, fraudes e ilegalidades na saúde

Publicado

em

Estudo analisou canais de denúncias, informações extraídas de prestações de contas, relatos formais e informais de profissionais da saúde e pacientes.

As 25 atitudes oportunistas no mercado da saúde mais identificadas pelo Instituto Ética Saúde (IES) foram tabuladas em um estudo inédito da entidade, de acordo com o grau de prejudicialidade e de frequência no setor da saúde.

As práticas antiéticas, fraudes e ilegalidades mais frequentes nos oito anos mapeados foram: pagamento de propinas a profissionais de saúde vinculados à indicação de produtos; pagamento de despesas profissionais de saúde em eventos de terceiros; patrocínio indevido de eventos de terceiros; presentes e brindes sem cunho científico em troca de indicação de produtos; informalidade nas remessas de comodato e consignação de produtos e equipamentos médicos.

Foram consideradas mais prejudiciais, ou seja, com alto impacto a curto, médio e longo prazos na cadeia econômica do setor saúde, incluindo riscos à segurança do paciente: pagamentos de propinas a profissionais de saúde, disfarçados de descontos financeiros; profissionais médicos praticando atos mercantilistas vedados pelos órgãos reguladores; empresas sem CNAE do setor de saúde comercializando dispositivos médicos – covid-19 (flexibilização da pandemia pelo governo); pagamento inadequado de materiais cirúrgicos, com incentivo à reesterilização de produtos de uso único; fraudes em cobranças de material utilizado – troca de material efetivamente comercializado; falsificação de produtos cirúrgicos; fraudes em registros de materiais – produtos sem registro da Anvisa; fraudes em concessão de leitos do SUS – covid-19.

Filipe Venturini Signorelli, diretor executivo do Instituto Ética Saúde, explica que o estudo tem o objetivo de disseminar conhecimento sobre as más práticas para profissionais do setor, terceiros interessados (que atuam indiretamente no setor da saúde) e pacientes, com a natureza primária de sensibilização e educação. “Precisamos fomentar as denúncias e informações para aqueles que podem agir de forma preventiva e coercitiva no combate a tais práticas nocivas à sustentabilidade da saúde. É preciso uma atuação conjunta, via Instituto e órgãos estatais reguladores, para maior imputação e apuração das responsabilidades, além da identificação dos infratores e de eventuais punições”.

O estudo informa como as práticas prejudiciais ao setor são executadas por profissionais oportunistas. “São pessoas mal-intencionadas, antiéticas, corruptas, ou seja, criminosas e desprovidas de caráter e compromisso real com a sustentabilidade econômica do setor e com a vida do paciente. Muitas dessas práticas não são crimes tipificados pela lei, mas configuram condutas claramente prejudiciais, e isso é ponto pacífico, o diálogo ético e a responsabilidade social são urgentes para que o setor não seja sufocado pelo custo excessivo”, finaliza o diretor executivo.

Continue Lendo

Mais Vistos