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Por que há tão poucos unicórnios no setor de saúde?

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Nos últimos anos, nos habituamos a relacionar o sucesso no ecossistema de inovação e startups à quantidade de unicórnios existentes nesse ambiente. Olhando em retrospectiva, há pouco tempo o Brasil aguardava ansiosamente pelo seu primeiro unicórnio. Hoje em dia, o país já possui cerca de 24 startups com valuation acima de USD 1 bilhão, ocupando posição de grande destaque entre os demais países. Contudo, no setor de saúde, observam-se poucas startups de fato avaliadas acima deste valor.

Analisando o histórico de investimentos de VC no setor de saúde, desde antes da pandemia houve um movimento de maior interesse fomentado sobretudo pela visão acerca do tamanho do mercado. Acreditava-se que tendências como maior penetração de internet móvel, envelhecimento rápido da população, prevalência de hábitos pouco saudáveis como má alimentação e sedentarismo, acelerariam fortemente a adoção ampla de soluções de digital health, levando ao surgimento de novos unicórnios no setor. Entretanto, mesmo que a adoção de muitas dessas soluções tenha se acelerado, inclusive durante a pandemia, o número de unicórnios em saúde ainda é relativamente baixo quando se compara com outros setores.

A consultoria americana HGP traz um histórico de quantos unicórnios foram criados ano a ano em digital health, revelando um total de 87 unicórnios em todo o mundo desde 2017. A série histórica revela o impulso que o setor teve durante a pandemia, quando surgiram mais de 30 novos unicórnios no segmento. Em contrapartida, em 2023, surgiram apenas quatro novos unicórnios em digital health no mundo (CapitalRx, Headway, Kindbody e Shiftkey).

Entre os motivos pelos quais esse setor ainda não conseguiu criar maior quantidade de unicórnios vale citar alguns: aspectos regulatórios e culturais intrínsecos do setor, que tornam a curva de adoção de algumas inovações mais lentas quando comparado a outros setores; o mercado de saúde como um todo, que, apesar de ser muito grande e expressivo, é muito fragmentado, dificultando a absorção de grande quantidade de empresas com valuations bilionários; capacidade financeira dos consolidadores naturais – dado que o número de consolidadores com fôlego para uma transação bilionária é relativamente escasso. Ademais, no mercado de saúde, a estrutura do mercado varia muito entre países, de modo que a internacionalização é um caminho menos óbvio quando comparado a outros setores.

Venture capital e oportunidades de exits no setor de saúde

Ao analisar as oportunidades de investimento no setor, é válido lembrar o processo de tomada de decisão do investidor. O modo tradicional de trabalho de um VC se baseia na busca de oportunidades que possam prover um retorno expressivo de pelo menos algumas vezes o capital investido, sendo o suficiente para remunerar o investimento de todo o fundo. Dada essa dinâmica, é natural que fundos de VC que trabalham no modus operandi tradicional, ao avançar no mercado de healthtechs, procurem também por unicórnios em saúde.

Contudo, a estrutura desse mercado limita o surgimento de startups capazes de romper a barreira de USD 1 bilhão, algo que alguns fundos especializados, que possuem dinâmica distinta de trabalho quando comparados a fundos de VC, tem ganhado força no mercado de healthtechs. No Brasil, desde meados de 2018/2019 começaram a surgir alguns fundos focados em healthetchs – em sua maioria fundos de CVC, mas surgiram também investidores especializados na figura de VC, alguns familly offices focados no setor e também grupos de investidores-anjo com maior disposição para investir em startups de saúde. Uma das principais características desses fundos especializados é que, seja por fugir do modus operandi tradicional de Venture Capital, seja por conhecerem melhor a dinâmica do setor de saúde, muitos deles não estão necessariamente em busca de unicórnios.

O comportamento desses fundos especializados é condizente com o histórico de saídas no mercado privado. No caso, independente do segmento, grande parcela das saídas ocorrem em faixa de valuation muito aquém de USD 1 bilhão. Existem diversos estudos que apontam para ampla prevalência de transações consideradas pequenas entre os M&As que são tornados públicos. Um estudo da PwC de 2020 apontou que cerca de 86% das transações daquele ano foram realizadas em valores abaixo de USD 100 milhões. Nesse sentido, é importante observar ainda o perfil dos consolidadores/compradores usuais no setor de saúde.

Avaliando as oportunidades de saída para healthtechs brasileiras, temos um cenário em que, além dos pontos citados, encontramos muitos dos grandes players em um contexto de margens comprimidas e dificuldades de repassar aumentos de custos do setor. Isso fica evidenciado no desempenho das companhias de saúde com capital aberto na bolsa brasileira, onde praticamente todas apresentam desempenho baixo nesse início de ano e múltiplos de receita tímidos. É de se esperar que esses players continuem cautelosos no movimento de aquisições de startups, focando naquelas que possuam um fit estratégico muito evidente e sinergias mais óbvias. Há também alguns players de saúde que tentaram, nos últimos anos, uma saída via IPO – mas caminhamos para quase três anos sem um IPO na Bovespa e dificilmente assistiremos players de saúde abrindo capital nos próximos meses (exceção para algumas farmacêuticas).

Nesse contexto, as alternativas de saída mais atrativas no curto e médio prazo seriam algumas companhias de capital fechado que já atuam em saúde, bem como novos entrantes. Seja porque para estes inexiste ainda a pressão do mercado por uma comparação imediata com os múltiplos do comprador ou porque o comprador está mais propenso a pagar um prêmio para entrar em um novo mercado.

Para os próximos meses (talvez anos) é de se esperar que tenhamos ainda algumas correções na avaliação de operações em healthtechs, motivadas também pelo lado dos consolidadores tradicionais, que se veem num momento de ajustes de margens após a pandemia. Todos esses fatores contribuem para que tenhamos menos unicórnios no setor de saúde, o que não significa que não existam casos de sucesso e de empreendedores que conseguiram construir operações de valor, captar investimentos (de maneira estratégica) e vender o negócio, capturando o retorno do investimento de tempo e demais recursos que depositou em sua jornada empreendedora. Seguiremos acompanhando!

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Bradesco Saúde dobra rede de atendimento especializada em TEA e reforça acolhimento a beneficiários

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Em um cenário de crescente atenção às necessidades de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Bradesco Saúde celebra os avanços do seu Programa de Acolhimento, desenvolvido com foco na personalização e qualidade do cuidado prestado. Em um ano de implementação, a operadora de saúde duplicou sua rede de atendimento especializada, alcançando mais de 570 prestadores credenciados em todo o país.

Lançado em 2024, o programa oferece uma Central Exclusiva de Atendimento, que funciona como ponto de acolhimento e triagem inicial, orientando os pacientes e suas famílias sobre os caminhos adequados de cuidado e acompanhamento clínico. A jornada do beneficiário é monitorada pela operadora, garantindo suporte contínuo e especializado.

Resultados expressivos no primeiro ano

Entre março de 2024 e março de 2025, o programa especializado para TEA registrou aproximadamente 12 mil acionamentos, beneficiando mais de 5 mil pacientes. De acordo com levantamento da Bradesco Saúde, 70% das demandas foram para o sexo masculino e 30% para o feminino. Além disso, 42% dos pacientes atendidos estavam na faixa etária de 0 a 5 anos, público no qual o diagnóstico e as intervenções precoces são especialmente relevantes.

“O programa tem sido bem-sucedido na sua proposta de proporcionar o cuidado adequado aos pacientes diagnosticados com o TEA. Temos como pilares o acolhimento humanizado às famílias, protocolos integrados e parcerias com redes especializadas”, destaca Fernando Pedro, superintendente sênior de Gestão de Rede da Bradesco Saúde.

Compromisso com o cuidado humanizado

A expansão da rede e o modelo de acompanhamento reforçam o compromisso da Bradesco Saúde com uma abordagem centrada no paciente, especialmente em um tema tão sensível como o TEA. Ao investir em uma estrutura dedicada, a operadora contribui não apenas para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, mas também para a conscientização da sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce, do apoio às famílias e da inclusão.

A iniciativa integra a estratégia da empresa de inovação no cuidado em saúde, alinhada aos princípios da medicina personalizada e baseada em valor. Ao promover ações integradas e especializadas, a Bradesco Saúde avança em sua missão de proporcionar mais acesso, qualidade e eficiência assistencial no setor de saúde suplementar.

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Novas plataformas digitais ampliam suporte ao uso do e-SUS APS por gestores e profissionais de saúde

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Com o objetivo de fortalecer a atenção primária e qualificar a gestão da informação no Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde lançou novos sites dedicados à Estratégia e-SUS APS, ao Painel e-SUS APS e ao Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab). As plataformas reúnem funcionalidades essenciais para o uso adequado das ferramentas digitais, além de conteúdos voltados à capacitação técnica e apoio à implementação nos municípios.

A iniciativa integra o esforço do governo federal para reduzir o tempo de espera no SUS e aprimorar o cuidado prestado aos usuários, conforme destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, a modernização dos sistemas de informação em saúde é um dos pilares para acelerar o acesso aos serviços, monitorar indicadores e facilitar a tomada de decisões baseadas em evidências.

Ferramentas disponíveis nos novos hotsites

Os hotsites disponibilizam recursos estratégicos para apoiar os profissionais no uso dos sistemas, tais como:

  • Downloads para instalação do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC);
  • Orientações para instalação e uso do Painel e-SUS APS;
  • Manuais técnicos e materiais de apoio à implantação;
  • Linha do tempo com principais entregas e versões;
  • Biblioteca de vídeos explicativos e de apoio;
  • Ambiente de treinamento com dados simulados (XML);
  • Integração direta com a plataforma de educação permanente Educa e-SUS APS;
  • Canal de suporte técnico e seção de novidades;
  • Blog com atualizações e notícias da área.

O que é a Estratégia e-SUS APS

Liderada pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), a Estratégia e-SUS APS visa reestruturar a gestão da informação na atenção primária por meio da informatização qualificada dos serviços. A proposta é criar um novo modelo de gestão de dados em saúde, promovendo mais eficiência e rastreabilidade nos atendimentos.

A principal inovação recente é o Painel e-SUS APS, plataforma que permite o monitoramento em tempo real de indicadores populacionais e clínicos. A solução oferece suporte direto à tomada de decisão em saúde, possibilitando que equipes realizem intervenções mais rápidas e eficazes no cuidado dos pacientes.

Educação permanente para os profissionais

Para apoiar a implementação e a melhoria contínua dos sistemas, o Ministério da Saúde também disponibilizou o Educa e-SUS APS, uma plataforma gratuita de educação permanente. O ambiente oferece cursos, treinamentos e materiais atualizados para profissionais de saúde, gestores e equipes de tecnologia, com foco no uso eficiente das ferramentas e na aplicação prática dos dados para a gestão da atenção primária.

Acesso às plataformas

Com essas novas iniciativas, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com um SUS mais digital, eficiente e integrado, contribuindo para uma gestão pública mais transparente e centrada na saúde das pessoas.

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Vacina contra herpes zóster pode reduzir risco de demência em até 20%, revela estudo publicado na Nature

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Um estudo internacional liderado pela Stanford Medicine, nos Estados Unidos, trouxe evidências promissoras sobre o impacto positivo da vacinação contra herpes zóster na saúde cerebral de idosos. Segundo a pesquisa, publicada na prestigiada revista Nature, o imunizante foi associado a uma redução de 20% no risco de desenvolvimento de demência, incluindo Alzheimer.

A pesquisa teve como base os registros de saúde de idosos no País de Gales, onde uma política de vacinação restritiva — permitindo a aplicação da vacina apenas para pessoas com 79 anos completos em 1º de setembro de 2013 — criou um “experimento natural”. Os pesquisadores, então, compararam grupos vacinados e não vacinados com perfis semelhantes ao longo de sete anos.

“A situação permitiu um estudo observacional robusto com dados reais e controle adequado de variáveis como idade e estado de saúde”, destacou o professor Pascal Geldsetzer, autor sênior do estudo.

O elo entre vírus latentes e doenças neurodegenerativas

O herpes zóster, conhecido popularmente como cobreiro, é causado pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora. Após a infecção inicial, o vírus permanece dormente no sistema nervoso e pode ser reativado décadas depois, especialmente em idosos com imunidade reduzida. Além de causar dores intensas e erupções cutâneas, ele também pode desencadear inflamações crônicas nos nervos.

Essas inflamações — em especial quando envolvem o sistema nervoso central — vêm sendo estudadas como possíveis fatores de risco para doenças como a demência e o Alzheimer.

Como a vacina pode proteger o cérebro

A principal hipótese para os efeitos neuroprotetores da vacina contra o herpes zóster é a redução da neuroinflamação. Ao evitar a reativação do vírus, o organismo sofre menos episódios inflamatórios, preservando melhor as funções cerebrais ao longo do tempo. Além disso, os pesquisadores sugerem que a vacina possa gerar uma resposta imunológica mais ampla, fortalecendo o sistema imune contra infecções silenciosas que impactam a cognição.

Mulheres e pessoas com doenças autoimunes ou alergias, que normalmente apresentam respostas imunológicas mais fortes, mostraram benefícios ainda mais expressivos na pesquisa.

“A inflamação é prejudicial para diversas doenças crônicas, incluindo a demência. Impedir reativações virais pode ser uma forma eficaz de proteger o cérebro no longo prazo”, reforça Geldsetzer.

Um novo caminho para prevenção da demência

Com mais de 55 milhões de pessoas afetadas pela demência no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e com o aumento da expectativa de vida global, a descoberta acende uma luz sobre novas estratégias de prevenção.

A demência, especialmente a do tipo Alzheimer, ainda não tem cura, e os tratamentos disponíveis são limitados. Assim, iniciativas de prevenção ganham relevância, e a vacinação pode ser uma aliada inesperada e poderosa — não apenas contra o herpes zóster, mas também na proteção da saúde neurológica.

A pesquisa também reforça a necessidade de ampliar o acesso à vacina, especialmente em países em desenvolvimento, onde o envelhecimento populacional se acelera e os recursos para tratar doenças neurodegenerativas são limitados.

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