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Saúde baseada em valor: o custo e a qualidade do tratamento

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A saúde baseada em valor (SBV) é um conceito que tem progressivamente ganhado destaque no setor. Em resumo, a ideia é que o valor de um tratamento médico deve ser medido não apenas pelo seu custo, mas também pela qualidade do tratamento e pelos resultados obtidos. Ou seja, a saúde baseada em valor busca equilibrar a qualidade do tratamento com a redução de custos.

A qualidade do tratamento é aspecto fundamental da SBV. Isso significa que os tratamentos devem ser eficazes, seguros e baseados em evidências científicas, levando em conta a experiência do paciente e resultados obtidos. O controle de custos é outro aspecto chave, logo uma estratégia de cuidado deve ser projetada para minimizar custos desnecessários e evitar eventos adversos preveníveis.

Para superar esses desafios, a saúde baseada em valor requer uma abordagem colaborativa e multidisciplinar. Os profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto com os fabricantes e com os pacientes para encontrar soluções que equilibrem qualidade do tratamento com redução de custos.

Do ponto de vista do paciente, o conceito de saúde baseada em valor leva em consideração que o cuidado deve ser aplicado quando necessário, com bom custo-benefício e buscar prevenir a necessidade do cuidado.

Além dos benefícios para os pacientes, a SBV traz resultados positivos para operadoras de saúde como a redução de custos assistenciais; o aumento da efetividade e resolutividade das intervenções, reduzindo internações; um maior engajamento por parte dos médicos e provedores em geral; melhor adesão do paciente à sua jornada de tratamento e, por fim, cria um ecossistema positivo que leva a economias em escalas significativas.

O manejo de lesões por pressão – lesões que acometem uma região da pele em decorrência de pressão não aliviada superior a tolerada pelos capilares sanguíneos, e comum em pacientes imobilizados ou de baixa mobilidade, é um excelente exemplo. Estas lesões podem ser consideradas eventos adversos preveníveis, impactando o custo total do cuidado, a satisfação do paciente, sua qualidade de vida e, muitas vezes, sua capacidade produtiva.

Nossa experiência corporativa relacionada à prevenção de lesões tem refletido benefícios econômicos no custo total por paciente e melhores resultados clínicos, ainda que intervenção preventiva signifique um custo inicial adicional aos protocolos utilizados. A magnitude destes benefícios pode variar de acordo com os algoritmos utilizados por cada hospital. De modo geral, observamos resultados compatíveis ao estudo de custo-efetividade apresentado por Genedy et al, onde se observa uma redução média de 15% sobre o custo total de cuidado por paciente quando o protocolo adequado de prevenção é aplicado, em comparação à uma população submetida a um protocolo padrão de cuidado não focado em prevenção ou sem o uso de tecnologias de alta performance. Em resumo: o barato (não prevenir) sai caro, tanto para o paciente como para a operadora de saúde, agravando a crise do sistema de saúde brasileiro.

Resultados como estes demonstram que o uso de protocolos e dispositivos de prevenção podem resultar em um cuidado mais econômico, mas ao mesmo tempo com resultados clínicos e de satisfação do paciente extremamente positivos, exemplificando um dos potenciais modelos de aplicação de SBV na gestão ativa de custos de saúde.

Infelizmente, a realidade atual não tem a SBV como estratégia focal no ambiente de cuidados a saúde, ainda que exista sob a forma de projetos pontuais em diferentes instituições. Retornando ao exemplo de lesões por pressão, temos uma incidência média superior a 20% em UTIs no Brasil, podendo chegar a valores superiores a 50% em alguns hospitais. Estas lesões podem se originar desde o centro cirúrgico, onde procedimentos mais demorados podem dar origem a tais lesões. No período de janeiro a dezembro de 2021, foram reportados 7.043 eventos adversos preveníveis de alta gravidade (Never Events). Entre eles, a lesão por pressão nos estágios III e IV representa mais de 95% desse total.

Levando em consideração que o custo de tratamento destas lesões supera R$ 150.000,00 e submete hospitais e/ou operadoras de saúde ao risco jurídico de pedidos de indenização, se torna evidente os benefícios que a implementação de modelos de SBV podem trazer na gestão do custo no cuidado à saúde e na melhoria da qualidade de tratamentos ofertados.

Por Pedro Schildknecht


*Pedro Schildknecht é Gerente Geral da Mölnlycke para a América Latina.

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Hospital São Luiz Itaim inaugura Centro Avançado de Endoscopia com foco em alta tecnologia e IA

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Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.

Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”

Tratamentos modernos com alta precisão

Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:

  • Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
  • Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
  • POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
  • Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.

O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.

Inteligência artificial a favor da medicina

Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.

“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.

Um marco para o cuidado digestivo no Brasil

A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.

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Justiça obriga plano de saúde a reembolsar R$ 496 mil por sessões de hemodiálise

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Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica

Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.

Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.

A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.

“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.

Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores

Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.

“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.

Conforto e qualidade de vida preservados

Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:

“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.

Precedente relevante para outros casos

A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.

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Correios anunciam plano emergencial para contornar prejuízo bilionário em 2024

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Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.

📉 Causas do prejuízo
A estatal atribui a crise principalmente:

  • à queda nas receitas com encomendas internacionais;
  • ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
  • aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.


📋 Medidas do plano de recuperação:

  1. Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
  2. Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
  3. Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
  4. Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
  5. Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
  6. Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
  7. Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
  8. Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.

🚴‍♂️ Investimentos e transição ecológica

Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:

  • 50 furgões elétricos;
  • 2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
  • 1.502 veículos para renovação da frota.

💸 Alerta de liquidez

A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.


📢 Mensagem da direção

Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.

Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.

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