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Fábio Mattoso, CEO da Tuinda Care: “Com modelos de assinatura, dispositivos médicos não ficariam obsoletos no SUS”

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Tuinda é distribuidora do TytoCare, dispositivo portátil que realiza 8 exames à distância e armazena os resultados em nuvem. Empresa atua em São Caetano do Sul e participa de outras 12 licitações para implementar dispositivo no SUS

Os dispositivos médicos têm potencial para revolucionar cada vez mais a saúde. Com o avanço da tecnologia, a inteligência artificial e a interoperabilidade de dados podem modificar a rapidez, a assertividade em diagnósticos e a forma como profissionais de saúde atuam. Parte dessas tecnologias pode, inclusive, ampliar o acesso da população à saúde. É de olho nesse cenário que a Tuinda Care vem atuando. A empresa é distribuidora exclusiva no Brasil do TytoCare, um dispositivo portátil que realiza 8 exames à distância e armazena os resultados em sua plataforma. Em entrevista ao Futuro da Saúde, o CEO Fabio Mattoso falou sobre os planos da empresa, entrada no SUS e como o modelo de negócio de assinatura poderia contribuir para que equipamentos de saúde não se tornassem obsoletos no SUS.

A healthtech vem buscando aumentar o número de clientes, com o apoio de investidores como o Sabará Hospital Infantil e o Hospital Pequeno Príncipe. Desde janeiro de 2023, a Tuinda realiza atendimentos em São Caetano do Sul, cidade próxima a capital paulista, em uma parceria com a prefeitura. Mais de 11 mil teleconsultas utilizaram a tecnologia e, de acordo com o CEO, foram essenciais para zerar a fila de cardiologia no município.

À frente da empresa, Mattoso quer ampliar o uso do dispositivo no SUS e aponta que a empresa está participando de 12 licitações públicas, mas que ainda não podem ser divulgadas por questões jurídicas. Com experiência no setor, ele foi líder executivo do Watson, tecnologia da IBM que era o “ChatGPT” do tratamento oncológico muito antes do boom da inteligência artificial, além de passagens por GE e Philips.  

Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

Hoje, qual a inserção da Tuinda no SUS?

Fabio Mattoso – Neste momento de calamidade pública no Rio Grande do Sul, fornecemos equipamentos a vários municípios, mas isso é pontual. Além de São Caetano, temos outras iniciativas com o SUS, mas elas não são públicas ainda, estão em um momento de licitação, em aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Estamos participando de 12 licitações diretamente. Isso é muito expressivo. Existe um tempo regulamentar, alguém pode tentar impugnar a licitação, é um instrumento legal e temos que respeitar.

São Paulo está à frente dessa discussão?

Fabio Mattoso – O Estado de São Paulo é onde estamos mais ativos em licitações hoje. Ele está muito maduro em telemedicina. Comparando com outros estados, estamos falando de universos completamente diferentes. A região Centro-Oeste está em uma tendência muito forte, mas em outras regiões não vemos grandes movimentos. Apesar de a telemedicina ser recém-regulamentada, ainda depende muito de um bem querer das pessoas. Alguém que quer fazer isso nascer. A tecnologia está consolidada, mas quando chega um ator disruptivo, se os envolvidos não estiverem com os bons olhos para inserir a telemedicina, não vai para frente.

Como é a parceria com o Hospital Pequeno Príncipe?

Fabio Mattoso – O Hospital Pequeno Príncipe é um dos nossos investidores, através da Associação Eunice Weaver. Cerca de 40% do atendimento é prestado ao SUS, o que o torna um hospital deficitário em lucro, mas que recupera isso através de doações em geral ou de imposto de renda. É totalmente publicizado a maneira como ele trabalha, com seriedade e transparência. O Hospital atende municípios específicos no Paraná utilizando Tyto. Paranaguá e a comunidade indígena de Kakané Porã, por exemplo. O Pequeno Príncipe faz um trabalho belíssimo de atendimento ao SUS, seja para telessaúde, para doenças de alta complexidade, patologias congênitas, pacientes oncológicos ou cirurgias críticas em neonatos. Eles já tratam igual o paciente da saúde suplementar e do SUS. São atendidos na mesma sala, pelo mesmo médico e com hotelaria igual, o que é difícil de ver. Profissionais de saúde nunca viram isso antes. É normal as Santas Casas atenderem ambos sistemas, mas a saúde suplementar na entrada principal e o SUS pela porta da rua lateral. O Pequeno Príncipe atende todo mundo igual, e na alta complexidade. Além de contar com faculdade, centro de pesquisas, centro genômico, unidade oncológica e de transplante. Fico muito orgulhoso de saber que um dos nossos investidores faz um trabalho tão bonito quanto esse.

E além do SUS?

Fabio Mattoso – Fora isso, estamos atendendo o sistema carcerário, que era uma grande dor. A dificuldade do médico lá é ter a colaboração do paciente e também a ajuda de outros colegas dele para o tratamento ou acompanhamento. O médico ficar em uma entidade distante do preso não é o que realmente ajuda. Estar inserido dentro do contexto também é prejudicial, tanto para o médico – porque coloca em risco –, quanto para a população prisional. Muitas vezes instrumentos de telemedicina são importantes como ferramentas para aproximação de extremos, quando você não tem médico, especialista ou subespecialistas para população ou através de interconsultas.

No SUS, a entrada da Tuinda é feita através de parcerias com empresas de telemedicina ou sozinha, em contratos diretos com as próprias prefeituras?

Fabio Mattoso – Em alguns casos, entramos em parceria porque é uma solução mais completa, não queremos colocar só o device. O device sozinho vira um peso de papel, como um estetoscópio normal. Quando entramos prestando serviços médicos ou com uma empresa de telemedicina/telessaúde, às vezes precisa ter todo um aparato para atendimento remoto, mas ao mesmo tempo precisa ter funcionários físicos. Nesse ambiente híbrido a gente não opera, porque aumenta muito a complexidade e esforço, é mais fácil a gente entrar em associação. É muito transparente.

Na sua visão, quais os maiores desafios do SUS?

Fabio Mattoso – Há vários desafios. O primeiro deles, independente se na esfera federal, estadual ou municipal, é que não falta profissionais em um âmbito global, o que falta é uma distribuição demográfica para isso. Faltam especialistas. Quando você busca atendimento médico, você espera alguém que te dê um norte, uma luz. Não obrigatoriamente essa pessoa vai resolver seu problema, mas que pelo menos consiga te encaminhar para o especialista correto. Esse é o segundo ponto de dor do SUS. A gente não tem especialistas para cobrir tudo. Em São Caetano do Sul trabalhamos em grupos específicos, com linhas de cuidado, para cardiologia e dermatologia. A falta de dermatologistas no país é um ponto importante. Um dos cânceres que mais mata é o melanoma, por falta de diagnóstico. Então, um médico com formação generalista ao utilizar o TytoCare como um instrumento de triagem, consegue dizer que a lesão é suspeita e encaminha para um especialista. Em cardiologia atendemos grupos específicos de pessoas com doenças crônicas que precisam de atendimento e não será através de uma Unidade Básica de Saúde. Precisa de um atendimento com um médico acostumado a tratar doenças crônicas e orientar a buscar uma farmácia com tratamentos adequados.

Qual a contribuição do dispositivo para trazer mais resolutividade na telessaúde?

Fabio Mattoso – Em São Caetano zerou a fila de atendimentos para pacientes cardiológicos, por exemplo. Quando falamos que zerou uma fila é muito tocante. A cardiologia tem um peso muito grande, potencializado por patologias prévias como diabetes e hipertensão. Tinha uma lista de espera que foi zerada, é um sinal de orgulho para a gente, e simplesmente porque conectamos um médico especialistas com um médico generalista na ponta. O TytoCare é um estetoscópio também, tem uma ausculta pulmonar, cardíaca e carótida perfeita, comparado a um Littmann digital. A própria FDA diz isso: comparado ao melhor estetoscópio do mundo para pequenas alterações cardíacas, que poderiam passar despercebidos pela utilização de um estetoscópio convencional. Para um leigo é tudo a mesma coisa, pode achar que é preciosismo. Mas se você usa no dia a dia um fone de ouvido ruim, vai ouvir a essência da coisa, mas vai perder detalhes. Na saúde, vai comprometer o diagnóstico. A acurácia depende de qualidade. Além disso, mede função cardíaca. Todas essas informações médicas são armazenadas em cloud, tem o efeito comparativo que não existe hoje, já que depende da memória do médico, que depois de 10 pacientes já esqueceu. Além disso, está gravado. Há dúvidas? Escuta novamente ou faz uma teleinterconsulta com um especialista para ver os detalhes.

Qual a principal barreira para atuar no SUS?

Fabio Mattoso – Vejo resistência dos profissionais de saúde. É muito mais simples andar com um estetoscópio no pescoço, auscultar e mandar o paciente embora. Com o dispositivo vai gastar alguns segundos a mais, mas as informações vão estar salvas para sempre. Existe essa resistência, assim como existe para diabetes, por exemplo. O resultado da glicemia no dispositivo dá um resultado, se ninguém transcrever para um prontuário, a informação está perdida. Gestores não têm resistência. Quando ele olha, observa se é um instrumento de custo, que vai trazer uma economia ou qualidade na melhora de atendimento. Cada um pensa na sua realidade naquele momento, o que é legítimo. Avalia-se caso a caso. Na saúde suplementar, temos clientes operadoras que veem o Tyto como uma ferramenta de saving. Se mando um dispositivo para a casa de um paciente que tem uma patologia específica e remotamente consegue atender esse paciente, ele não precisa ir a unidade. A vaga do pronto-socorro fica livre para outro paciente, reduzindo inclusive, o pedido de exames desnecessários. Existe uma resistência sim, mas é muito mais pelo lado humano do que pelo lado de gestão. 

Vocês atuam através do modelo de assinatura. Os acordos com prefeituras ou estados seguem o mesmo modelo?

Fabio Mattoso – Estamos trabalhando com todos os clientes com esse modelo de assinatura porque achamos melhor. A desvantagem para nós é entrar menos dinheiro de capex, o retorno é mais a longo prazo. Mas é prazeroso saber que esse modelo propicia que mais pessoas tenham acesso a tecnologia. E aí, como gestor, vou ganhar de qualquer jeito, mas vou ganhar um pouco mais pra frente porque não vai ser um modelo transacional. Temos algumas licitações que querem fazer a compra transacional, onde ganharíamos mais dinheiro, mas entramos em um problema de manutenção da solução. Não é caro o suficiente para vender um suporte, é mais fácil trocar o equipamento se acontecer alguma coisa. O modelo de assinatura é mais vantajoso para todo mundo. Porém, existe um hábito dos modelos de licitação que tratam dispositivos médicos igual insumos. Um vidro de constaste radiológico não pode ser tratado como um equipamento de tomografia computadoriza. Mas é. Quantos lugares tem um mamógrafo, mas está parado há tanto tempo porque não tem peças, porque não tinha um contrato de manutenção? Se tivesse um modelo de assinatura ou um modelo de subscrição, o ativo não fica da União. A responsabilidade é do fabricante em fazer a manutenção. Não tem que lidar com a obsolescência de hardware, software ou uma solução. O modelo é respeitosamente viciado a tratar tudo da mesma maneira, e não posso tratar uma solução de tecnologia como se fosse uma caixa de filme de raio-x.

Como a política do Governo para ampliar a saúde digital pode ser uma oportunidade para a Tuinda?

Fabio Mattoso – Vejo uma oportunidade de negócios gigantesca. Está sendo conduzido pela Ana Estela Haddad de um modo primoroso, dentro de todas as dificuldades que tem de regulamentação ou como lida com dados médicos. Mas não é para amanhã. Tudo tem que ter um começo. Demora para sair, mas quando sair, a inércia vai levando. Uma vez que documenta todo o histórico médico do paciente, começa a ter ferramentas de gestão na sua mão que te ajudam não somente na gestão do indivíduo e suas patologias, mas na gestão municipal, estadual ou federal de como o recurso está sendo utilizado. Por isso vejo com excelentes olhos. Não é um programa tapa buraco, que se mudar o governo ele irá mudar. Não tem mais volta. Está sendo muito bem conduzido, mas não é uma coisa que vai acontecer do dia para a noite justamente pelo peso que ele carrega, de seriedade, regulamentação e legislação envolvidas.

E vocês têm capacidade para atender a demanda de todo o país ou há uma limitação na produção da TytoCare?

Fabio Mattoso – A Tuinda é acelerada por duas grandes instituições, o Hospital Pequeno Príncipe e o Hospital Infantil Sabará. Houve um investimento financeiro agressivo justamente para termos um estoque muito sólido. Diferente de outras empresas, que vendem primeiro, correm atrás do dinheiro para fazer, tiramos as licenças de Anvisa, Inmetro e Anatel, construímos a empresa e a partir daí fomos para mercado. Estamos 100% confortáveis com a nossa capacidade atual e com a capacidade de investimentos dos acionistas. Infelizmente, essas limitações atingem o grosso das startups, que tem um grande ideia e vendem para virar um unicórnio ou dependem do dinheiro alheio. A Tuinda tem que ser auditada por duas das big four [empresas de auditoria multinacionais] e faz impairment tests todos os anos. Temos um nível de governança e compliance muito alto, justamente pela capacidade de investimentos dos nossos investidores.

Como você vê a Tuinda nos próximos anos?

Fabio Mattoso – Tenho certeza que estaremos mais consolidados no setor privado, porque tem uma capacidade e velocidade mais rápida para gerar negócios, mas gostaríamos de estar envolvidos no SUS, porque é onde a gente mais precisa de atendimento médico – e não é por falta de médicos. Hoje, temos 575 mil médicos, em pouco tempo vão existir 1 milhão de médicos. Não vai faltar. Mas ao mesmo tempo, vemos notícias de que quase 800 mil pessoas no Rio de Janeiro vão se beneficiar com a chegada de profissionais do Mais Médicos. Estamos falando de 200 médicos. Pegamos um estado do tamanho do Rio de Janeiro e estamos falando que virou um super anúncio colocar 200 médicos a mais lá, sendo que médicos não faltam. Faltam especialistas. O que me incomoda muito é a distribuição demográfica e o acesso. Estamos falando de um país do tamanho do Brasil que só tem 2.500 oncologistas. Gostaria de ver a Tuinda distribuindo mais acesso, estar mais no SUS ajudando como ferramenta de diagnóstico, tratamento e evitando agravos de patologias.

Créditos: https://futurodasaude.com.br/fabio-mattoso-tuinda-care/?trk=organization_guest_main-feed-card_feed-article-content

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O futuro do armazenamento de imagens médicas no Brasil

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Por Ricardo Prudêncio

A gestão de imagens médicas no Brasil enfrenta desafios crescentes, especialmente em relação à infraestrutura necessária para garantir o armazenamento seguro e eficiente desses dados. Desde 1983, o padrão DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine) se consolidou como o formato ideal para exames como ultrassonografias, raios X, mamografias, tomografias, ressonâncias magnéticas e PET/CTs. Contudo, o volume crescente de informações médicas, geradas diariamente, tornou o armazenamento e a gestão desses dados cada vez mais complexos e dispendiosos. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a telerradiologia tem se desenvolvido cada vez mais no país, gerando valor para toda a cadeia de saúde. Além disso, o mercado global de diagnóstico por imagem projeta um crescimento anual de aproximadamente 8-10% nos próximos cinco anos, alcançando um valor estimado entre 40 a 50 bilhões de dólares até 2028.

A necessidade de modernizar o armazenamento de dados e reduzir os custos crescentes no setor de saúde tem impulsionado a adoção de soluções em nuvem em todo o mundo. O mercado global de armazenamento em nuvem na saúde deve alcançar US$ 153,1 bilhões até 2030, com um crescimento anual de 15,8%. Esse cenário deixa claro que não se trata apenas de uma inovação isolada, mas uma transformação global, com a promessa de enfrentar os desafios modernos de segurança, eficiência e escalabilidade no setor de saúde.

Quando comecei a trabalhar com sistemas de PACS em 2010, vi de perto a realidade das instituições de saúde brasileiras. Era comum encontrar grandes salas dedicadas apenas a servidores de TI, ocupando espaço valioso e exigindo manutenções constantes. Em muitos casos, era preciso alugar áreas externas para garantir que, em caso de desastre, os dados estivessem minimamente protegidos. Isso representava um custo alto e um risco considerável, tanto financeiro quanto operacional.

A nuvem, então, surge como uma alternativa revolucionária a esses antigos métodos de armazenamento. Com sistemas de arquivamento e comunicação de imagens (PACS) em nuvem, os custos associados a infraestrutura física, manutenção e atualização de servidores são substancialmente reduzidos. E há um benefício crucial: a escalabilidade. À medida que a demanda cresce, a nuvem se adapta, permitindo o armazenamento de dados de maneira flexível, sem a necessidade de investimentos adicionais em hardware.

Mesmo com esses avanços, a realidade é que muitas instituições de saúde ainda permanecem apegadas a soluções cliente-servidor e armazenamento local. Essa resistência à mudança geralmente está enraizada em modelos de negócios ultrapassados e na falta de inovação de certos fornecedores de tecnologia. Infelizmente, essa postura limita o potencial de modernização e expõe as instituições a riscos operacionais e financeiros evitáveis.

Mas, migrar para a nuvem envolve mais do que simplesmente modernizar a infraestrutura. Há questões fundamentais que precisam ser abordadas para que essa transição seja realmente bem-sucedida. Como a equipe de TI lida com os altos custos iniciais e contínuos? Como será garantida a segurança dos dados sensíveis dos pacientes? Existe um plano robusto para recuperação de desastres que proteja informações críticas? E, conforme a demanda cresce, como o sistema será escalado para suportar o aumento no volume de dados?

Além disso, a mobilidade e o acesso remoto exigem uma adaptação cuidadosa da equipe médica. Em um país como o Brasil, onde o número de médicos radiologistas é limitado, especialmente nas áreas mais remotas, como a equipe médica pode contar com um sistema que permita diagnósticos rápidos e precisos, sem comprometer a qualidade do atendimento? Essas são perguntas que destacam a importância de uma análise cuidadosa e de uma implementação estratégica de soluções em nuvem.

Quando falamos de PACS em nuvem, os benefícios vão muito além da redução de custos. A segurança dos dados, por exemplo, é um aspecto essencial. Provedores de nuvem como a Amazon Web Services (AWS) projetam suas infraestruturas para atender aos mais altos padrões de conformidade e segurança, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e a HIPAA nos Estados Unidos. Esse tipo de proteção é vital para as instituições de saúde, que lidam diariamente com dados sensíveis de seus pacientes.

Outro ponto importante é a mobilidade. Em emergências ou em áreas remotas, onde especialistas locais podem ser escassos, o acesso rápido às imagens e laudos é essencial para garantir diagnósticos ágeis e precisos. Além disso, a continuidade do negócio é garantida em casos de desastres naturais, como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul, que destruíram servidores e resultaram na perda de dados críticos. O armazenamento em nuvem protege essas informações e assegura a continuidade das operações, oferecendo uma camada de segurança que o armazenamento local simplesmente não consegue alcançar.

Mesmo com todos esses benefícios, algumas instituições ainda optam por soluções híbridas, armazenando dados recentes localmente e transferindo apenas arquivos mais antigos para a nuvem. Essa abordagem, embora econômica à primeira vista, pode prejudicar a eficiência dos profissionais de saúde, dificultando o acesso rápido a históricos de pacientes e ainda comprometendo o diagnóstico. A decisão de migrar para um PACS em nuvem vai muito além do porte ou do orçamento da instituição; trata-se de uma busca por eficiência, segurança e excelência no atendimento ao paciente. Para garantir um sistema de saúde moderno e sustentável no Brasil, é fundamental que as instituições reavaliem seus modelos de armazenamento e gestão de imagens médicas, adotando tecnologias que estejam em sintonia com as demandas contemporâneas.

A modernização do armazenamento de imagens médicas não é uma escolha, mas uma necessidade imperativa para o setor de saúde brasileiro. A nuvem é um caminho sólido nessa direção, proporcionando benefícios tangíveis que impactam positivamente tanto as instituições quanto os pacientes.


*Ricardo Prudêncio é Country Manager da Eden no Brasil.

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Atividade física é caminho para quem quer parar de fumar

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Exercícios melhoram o condicionamento e liberam substâncias que aliviam sintomas da abstinência

Com benefícios que vão além do condicionamento do corpo, a atividade física contribui significativamente para quem deseja parar de fumar, aliviando os sintomas físicos e psicológicos da abstinência e ajudando a reduzir o hábito em momentos de ócio.

Segundo Carolina Salim, pneumologista do A.C. Camargo Cancer Center, o esporte pode oferecer uma “injeção” natural de bem-estar que alivia sintomas das crises de abstinência gerados pela dependência da nicotina, como dores de cabeça e irritabilidade, e até substitui a sensação de bem estar proporcionada pela substância em quem é fumante. 

“O esporte libera substâncias no corpo que ajudam a reduzir a necessidade do cigarro, como a serotonina e a endorfina. É comum que muitos pacientes relatem que, após o exercício, passam várias horas sem sentir sequer vontade de fumar”, afirma.

Segundo Daniel Carlos, treinador da Smart Fit, outro benefício da atividade física nesse processo é a melhora de desempenho nos treinos, que deixa mais evidente os malefícios que o cigarro causa no organismo e a importância de parar.  

“O cigarro prejudica muito os sistemas respiratório e cardiovascular. Isso faz com que quem fuma sinta mais cansaço durante os exercícios físicos. Quando a pessoa para de fumar e percebe que o treino fica mais fácil, os benefícios tornam-se mais evidentes e funcionam como incentivo para manter-se longe do cigarro”, explica.

Salim reforça que, embora importante, a atividade física é apenas uma parte do processo. Abandonar o cigarro demanda uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir suporte psicológico, ajustes alimentares e, em alguns casos, o uso de medicamentos. 

A médica também alerta que fumantes interessados em começar a treinar como parte dessa jornada devem realizar testes físicos antes de iniciar os exercícios, além de sempre realizar as atividades com o acompanhamento de um profissional de educação física.

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A importância do estadiamento na estratégia para tratar o câncer

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Quando se trata do câncer, existem diversos termos que, até então, eram desconhecidos pelo paciente. Um deles é o estadiamento, fundamental no momento do diagnóstico.

Pensando em esclarecer melhor o assunto foi que desenvolvi este conteúdo. Afinal, o que é o estadiamento do câncer?

Consiste no processo de verificar a extensão da doença quando ela é diagnosticada. Ou seja, analisar qual a extensão do câncer, já que uma das suas características é se disseminar localmente ou à distância.

O estadiamento considera vários fatores, incluindo subtipo do tumor, tamanho, se está localizado apenas na região de origem ou já se espalhou pelos gânglios linfáticos ou órgãos distantes.

Qual a importância de termos esse conhecimento?

O estadiamento do câncer é fundamental para a definição de estratégias de tratamento. Por exemplo, se um tumor de mama está confinado somente na região de origem, pode ser indicada cirurgia em conjunto com outros tratamentos, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo.

Em contrapartida, se no momento do diagnóstico já houver metástases em outros órgãos, o procedimento cirúrgico pode não ser recomendado, apenas outros protocolos para o controle da doença.

Além disso, ele também é um importante indicador do prognóstico do paciente, nos ajudando a prever a probabilidade de cura, recuperação e sobrevida. Ou seja, ele fornece informações valiosas que permitem aos profissionais de saúde oferecerem um tratamento personalizado e mais eficaz, aumentando as chances de sucesso e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Como é feito o estadiamento?

Normalmente é realizado por meio de uma combinação de diferentes exames, por exemplo: ressonância magnética, tomografia computadorizada, cintilografia óssea e PET-CT.

Em alguns casos, marcadores tumorais como o PSA no câncer de próstata fazem parte da avaliação de risco inicial. O resultado da biópsia também faz parte dessa avaliação, pois fornece o grau de agressividade do tumor e isso é usado na avaliação inicial e classificação de risco (próstata, mama).

Se o tratamento cirúrgico é feito de forma upfront, ou seja, antes dos demais tratamentos, ele fornece informações relevantes no estadiamento que chamamos patológico. Isso porque o médico patologista consegue definir com precisão, examinando a peça cirúrgica que foi retirada, a medida do tumor, o grau de invasão, a quantidade e forma de disseminação pelos linfonodos.

Com base nos resultados, o câncer é classificado em estágios, que normalmente variam entre 1 e 4, com estágio 1 quando a doença é inicial, e com estágio 4 quando está avançada, ou seja, metastática. Existe também o estágio 0, ou seja, um tumor mais precoce que o estágio 1, e que ainda não tem potencial de invasão e disseminação de outros órgãos e tecidos.

Vale ressaltar que existem diversos sistemas de estadiamento usados para diferentes tipos de neoplasias. Por exemplo, o sistema TNM é geralmente utilizado para tumores sólidos, levando em conta o tamanho do tumor primário (T), se o câncer se espalhou para os gânglios linfáticos (N) ou já se disseminou para outras partes do corpo (M).

Conhecer o estadiamento dos diferentes tipos de neoplasias é essencial para garantir aos pacientes o tratamento mais adequado. Por isso, é parte significativa no momento do diagnóstico.

*  Fernanda Ronchi é professora de Oncologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e responsável técnica do serviço de Oncologia Clínica e do Centro de Pesquisas do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM).

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