Conecte-se conosco

Atualidades

Interoperabilidade na Saúde: principais avanços e desafios

Publicado

em

Na teoria, a interoperabilidade na Saúde é a capacidade de diferentes sistemas, soluções e/ou aplicações se comunicarem, compartilharem e utilizarem os dados e informações.

Este recurso permite o compartilhamento de informações importantes entre os profissionais de saúde e, de forma colaborativa, facilita, por exemplo, o diagnóstico e o tratamento de um paciente.

Um registro de saúde digital, integrado e único do paciente, independente da instituição de saúde, reduz a duplicação de exames, aumenta a precisão do diagnóstico, valoriza a personalização dos tratamentos e, claro, melhora a qualidade do atendimento. Então, o que estamos esperando para começar a aplicá-lo?

Inicialmente, precisamos considerar que a interoperabilidade pode ser categorizada em 4 níveis.

São eles:

1- Interoperabilidade Fundamental: Considerada 1º estágio, refere-se à capacidade de troca de dados entre diferentes sistemas e de forma, fundamentalmente, segura. Neste nível o dado trocado pode não ser interpretado entre os sistemas.

2- Interoperabilidade Estrutural: É quando existe a troca de dados de diferentes sistemas de forma que eles possam ser interpretados no nível da estrutura ou formato dos dados e sintaxe. Isso geralmente envolve o uso de padrões de dados comuns e protocolos de comunicação.

3- Interoperabilidade Semântica: Vai além da estrutura dos dados e se concentra no significado dos dados. Isso quer dizer que os sistemas não apenas trocam dados, mas também interpretam e entendem da mesma forma o significado desses dados. Isso geralmente requer normalização e o uso de vocabulários controlados e padrões, garantindo assim a eliminação de significados ambíguos.

4- Interoperabilidade Organizacional: Envolve a capacidade de diferentes organizações colaborarem e compartilharem dados de forma eficaz. O que pode incluir aspectos legais, políticos e sociais, como a conformidade com regulamentos de privacidade de dados, acordos de compartilhamento de dados, alinhamento de processos de negócios e a governança de dados.

Diante desse cenário, os maiores desafios para a implementação da Interoperabilidade do nível mais básico ao mais elevado são: a divergência de padrões de dados ou mesmo inexistência de um padrão; a segurança e privacidade na coleta, armazenamento e manuseio dos dados dos pacientes; os interesses econômicos conflitantes; a complexidade e variedade dos dados de relacionados à saúde; as limitações de recursos financeiros, técnicos e humanos; e a regulamentação.

E o que está sendo feito no Brasil e no Mundo?

Nos Estados Unidos, conforme depoimento de Cheryl Mason, diretora de Conteúdo e Informática da Health Language, empresa que presta consultoria sobre todo o espectro de cuidados de saúde em relação a terminologias padronizadas, governança de dados, normalização de dados e estratégias de mitigação de riscos:

“Fizemos grandes progressos em todos os níveis de interoperabilidade desde os dias em que o Congresso autorizou a utilização de aproximadamente 36 milhões de dólares em incentivos para a adopção de Tecnologias de Informação em Saúde. Isso foi em 2009 e os pagamentos aos fornecedores começaram em 2011. Este foi um longo caminho, mas ainda não chegamos lá. O uso significativo promovendo a Interoperabilidade e a Lei de Curas do Século 21 levaram a novas regulamentações relativas ao compartilhamento de dados usando o padrão de conteúdo do HL7 FHIR. Estamos em uma nova era de interoperabilidade, na qual a qualidade dos dados e sua usabilidade estão se tornando o foco das conversas e das colaborações do setor.”

Na Europa, em maio de 2022 a Comissão Europeia publicou a proposta de regulamentação que cria o Espaço Europeu de Dados de Saúde, que é um ecossistema específico para a saúde composto por regras, normas e práticas comuns, infraestruturas e um quadro de governança.:

Entre seus principais objetivos, destaque para capacitar as pessoas por meio de um maior acesso digital aos seus dados pessoais de saúde eletrônicos e do controle desses dados, a nível nacional e da UE, bem como apoiar a sua livre circulação, promovendo um verdadeiro mercado único para os sistemas de registos de saúde eletrônicos, os dispositivos médicos pertinentes e os sistemas de Inteligência Artificial de risco elevado (utilização primária de dados).

Além disso, também se faz necessário fornecer um enquadramento coerente, fiável e eficiente em matéria de utilização de dados de saúde para atividades de investigação, inovação, elaboração de políticas e regulamentação (utilização secundária de dados).

No Brasil não é diferente. A interoperabilidade é uma questão crucial para a modernização dos serviços públicos e também para a eficiência na troca de informações entre os diferentes órgãos dos sistemas de saúde público e privado.

As principais normas e iniciativas relacionadas à interoperabilidade no contexto brasileiro são:

a. Conecta gov.br:

i. O Conecta gov.br é um programa do governo federal que promove a interoperabilidade.
ii. Seu objetivo é evitar que o cidadão precise reapresentar informações que o governo já possui.
iii. Por meio do Conecta, os sistemas do governo conversam entre si e obtêm informações automaticamente, simplificando o serviço público e reduzindo fraudes.

b. Catálogo de APIs Governamentais:

i. O Catálogo de APIs Governamentais reúne as principais interfaces de programação de aplicativos (APIs) disponíveis para órgãos públicos.
ii. As APIs permitem que sistemas “conversem” entre si sem intervenção humana.
iii. A adesão ao Conecta por meio dessas APIs simplifica a integração e a troca de dados.

c. CCGD (Comitê Central de Governança de Dados):

i. Instituído pelo Decreto 10.046/2019, o CCGD trata da governança no compartilhamento de dados no âmbito da administração pública federal.
ii. Define responsabilidades dos órgãos gestores e receptores de dados.

d. SGD (Secretaria de Governo Digital):

i. A SGD tem o papel de promover, incentivar e facilitar a interoperabilidade entre os órgãos.
ii. Ela é responsável pela normatização e orientação relacionadas à interoperabilidade.

Além disso, a Lei 14.129/2021 estabelece princípios e diretrizes para o Governo Digital, incluindo a interoperabilidade.

Porém, ainda é necessário o avanço na adoção de prontuários eletrônicos e informatização das unidades básicas de saúde em todo o país.

O que podemos concluir então?

A interoperabilidade na área da saúde é um aspecto crucial para o funcionamento do sistema, principalmente em razão da evolução tecnológica, da necessidade de otimizar recursos e de compartilhar informações de forma eficiente e segura.

Essa seriam algumas tendências atreladas à interoperabilidade e aos respectivos avanços de nível que podemos esperar:

Segurança e Qualidade de Dados: A interoperabilidade permite o fornecimento de dados relevantes no ponto de atendimento, melhorando a utilidade clínica das informações apresentadas. Isso resulta em colaboração positiva entre fornecedores e, consequentemente, em resultados de saúde positivos para os pacientes. Não é preciso reforçar que os requisitos de segurança de informação exigidos nesta plataforma, devem ser altamente rigorosos.

Redução da Carga Administrativa: A integração de sistemas por meio da interoperabilidade reduz a carga administrativa, otimizando o gerenciamento de capacidade e facilitando a tomada de decisões mais eficientes.

Amplificação da Relação Saúde-Tecnologia: A interoperabilidade interliga toda a cadeia de informações de saúde, permitindo uma visão integrada do paciente. Isso inclui antecedentes, alergias, diagnósticos prévios e histórico clínico, tudo em tempo real.

Melhoria da Eficiência Operacional: A capacidade de agregar dados em tempo real e analisá-los contribui para a otimização dos processos produtivos e estratégicos. A interoperabilidade define o padrão para o futuro da gestão da saúde.Gestão Populacional: A interoperabilidade proporciona a Gestão Populacional que busca a promoção da saúde e prevenção de doenças em larga escala.

Ainda sobre o mercado brasileiro, o movimento conduzido pelo governo vem impulsionando a transformação digital das empresas do segmento de Saúde, de forma a viabilizar a Interoperabilidade Nível 4. Ações essas que visam resgatar a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro.

Portanto, temos que ficar atentos às regulações e normativas e estarmos preparados caso sejam estabelecidos prazos para intensificar os projetos de implementação de interoperabilidade.

Por Nancy Mitiko Abe


*Nancy Mitiko Abe é consultora de TI para o setor de healthcare da Softtek.

Atualidades

Hospital São Luiz Itaim inaugura Centro Avançado de Endoscopia com foco em alta tecnologia e IA

Publicado

em

Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.

Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”

Tratamentos modernos com alta precisão

Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:

  • Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
  • Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
  • POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
  • Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.

O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.

Inteligência artificial a favor da medicina

Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.

“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.

Um marco para o cuidado digestivo no Brasil

A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.

Continue Lendo

Atualidades

Justiça obriga plano de saúde a reembolsar R$ 496 mil por sessões de hemodiálise

Publicado

em

Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica

Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.

Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.

A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.

“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.

Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores

Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.

“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.

Conforto e qualidade de vida preservados

Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:

“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.

Precedente relevante para outros casos

A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.

Continue Lendo

Atualidades

Correios anunciam plano emergencial para contornar prejuízo bilionário em 2024

Publicado

em

Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.

📉 Causas do prejuízo
A estatal atribui a crise principalmente:

  • à queda nas receitas com encomendas internacionais;
  • ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
  • aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.


📋 Medidas do plano de recuperação:

  1. Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
  2. Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
  3. Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
  4. Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
  5. Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
  6. Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
  7. Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
  8. Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.

🚴‍♂️ Investimentos e transição ecológica

Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:

  • 50 furgões elétricos;
  • 2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
  • 1.502 veículos para renovação da frota.

💸 Alerta de liquidez

A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.


📢 Mensagem da direção

Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.

Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.

Continue Lendo

Mais Vistos