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Einstein e Ministério da Saúde geram as primeiras evidências científicas de uso da telemedicina em UTIs

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Um estudo do Einstein, realizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), gerou as primeiras evidências científicas do mundo em relação ao uso da telemedicina em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O ensaio clínico randomizado envolveu mais de 17 mil pacientes de 30 UTIs de hospitais públicos brasileiros em 17 estados, entre junho de 2019 e julho de 2021.

Cuidar de pacientes de alta complexidade requer uma equipe de especialistas, incluindo médicos intensivistas. No entanto, diante da escassez global desses profissionais, principalmente fora das grandes cidades, um caminho que vem sendo explorado pelas organizações de saúde é a telemedicina. Porém, apesar da promessa da tecnologia e do seu uso crescente, até hoje, nenhum grande estudo havia testado o real impacto dessa abordagem nas UTIs.

Diante disso, o projeto batizado de Telescope 1, que teve como pesquisador responsável Adriano Pereira, médico intensivista do Einstein, e Otávio Ranzani, da ISGlobal, como autor sênior, buscou, pela primeira vez, determinar se a prática contribui com o tratamento de pacientes internados. Os resultados, apresentados no Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva, em Barcelona, e publicados no The Journal of the American Medical Association (JAMA), indicam que ainda há um desafio em encontrar a melhor forma de utilizar essa tecnologia em cuidados intensivos.

Na metodologia, metade das UTIs seguiu suas rotinas habituais de atendimento, enquanto a outra metade recebeu, além dos cuidados habituais, rodadas diárias de telemedicina que consistiam em reuniões entre um intensivita em regime remoto e a equipe local para discussão de diagnósticos e planos de tratamento. O especialista também fornecia à equipe médica orientações atualizadas de tratamento e realizava sessões virtuais mensais para revisão dos indicadores de qualidade da UTI.

A principal questão do estudo era se a telemedicina poderia reduzir o tempo de permanência dos pacientes na UTI, e a resposta foi que não. Isso porque a permanência média na UTI foi praticamente a mesma nos grupos de telemedicina e de cuidados habituais – cerca de 8 dias. Outros resultados, como taxas de infecção e mortes hospitalares, também não mostraram diferenças significativas.

De acordo com Adriano Pereira, autor principal do estudo, algumas razões podem explicar esses achados. “A questão parece ser mais complexa do que simplesmente colocar um médico intensivista remoto para se conectar diariamente com as equipes que atuam na UTI. Algumas questões importantes podem, por exemplo, ter ficado de fora da jornada de cuidado desses pacientes, como o atendimento multidisciplinar, fornecido por enfermeiros intensivistas, fisioterapeutas e farmacêuticos clínicos; e questões relacionadas à gestão, incluindo o processo e fluxos de cuidado, comunicação entre a equipe, entre outros fatores”, explica. “Além disso, algumas UTIs podem não ter tido recursos ou pessoal suficiente para se beneficiarem plenamente do modelo”.

Outro fator que pode ter influenciado os resultados foi a pandemia de covid-19, que ocorreu durante a realização do estudo e pode ter sobrecarregado os recursos dos hospitais participantes. “Os resultados não significam, porém, que outros modelos não funcionarão em outros ambientes. O primeiro passo foi dado: temos as primeiras evidências científicas sobre o tema. Agora, precisamos seguir em busca da melhor forma de utilizar esta tecnologia em cuidados intensivos”, completa Adriano.

Como resposta a esse desafio, o projeto será continuado por meio de uma nova pesquisa, nomeada “Telescope 2”. Formatado com metodologia que envolve a participação que vai além da atuação médica, o ensaio clínico multicêntrico e randomizado encabeçado pelo Einstein prevê avaliar se um pacote de intervenção via telemedicina composto por visita multidisciplinar diária com médico especialista em medicina intensiva, somado à intervenção prestada por equipe multiprofissional especializada (enfermagem, fisioterapia e farmácia clínica) e intervenção de gestão, focada em qualidade e segurança, reduz o tempo de internação em pacientes internados em unidades de terapia intensiva no Brasil.

A pesquisa, que tem resultados esperados para 2026, também é realizada por meio do PROADI-SUS e busca ampliar o olhar inicial testado pelo Telescope 1.

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USP Desenvolve Sistema Nanotecnológico para Remover Medicamentos da Água Potável e Proteger o Meio Ambiente

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Pesquisadores da Escola Politécnica da USP criaram uma tecnologia inovadora que promete acelerar a degradação de medicamentos, como o paracetamol, presentes em águas residuais e, potencialmente, na água potável. O avanço usa nanomateriais dopados para ampliar a eficiência da fotocatálise, processo que utiliza luz ultravioleta para decompor contaminantes orgânicos.

O paracetamol, amplamente consumido no Brasil com cerca de 500 toneladas anuais, está presente em níveis nanométricos em rios e lagos, representando um desafio crescente para o tratamento de água. Douglas Gouvêa, coordenador do Laboratório de Processos Cerâmicos da Poli-USP, explica que o segredo está na manipulação precisa de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO), um semicondutor que, quando “dopado” com cloro, potencializa a reação fotocatalítica sob luz solar.

“Controlar a dopagem do cloro permite aumentar a condutividade elétrica e a reatividade do material, acelerando a degradação do paracetamol e outros poluentes,” detalha Gouvêa. A inovação reside na técnica de lixiviação seletiva, que remove o excesso de cloro da superfície das partículas, concentrando-o nas extremidades e otimizando seu efeito catalítico.

Utilizando ondas ultrassônicas para incorporar o cloro ao ZnO e um rigoroso processo de centrifugação, os cientistas garantem uma eficiência até três vezes maior na decomposição dos micropoluentes em laboratório. André Luiz da Silva, coautor do estudo, reforça que essa nanotecnologia aplicada na escala nanométrica permite maior exposição da superfície reativa, essencial para a fotocatálise.

Os pesquisadores utilizam espectroscopia para analisar a estrutura dos materiais e confirmar a posição do cloro após a lavagem seletiva, assegurando o funcionamento ideal do catalisador. Apesar do uso de substâncias químicas potencialmente tóxicas no processo, a tecnologia é segura, pois os materiais não participam diretamente das reações químicas e não se incorporam aos poluentes.

Aplicações Futuras e Impacto Ambiental

A técnica, publicada na revista ACS Applied Nano Materials, pode ser aplicada em sistemas de tratamento de água residuais para reduzir a contaminação por fármacos antes que eles atinjam os ecossistemas naturais. Os cientistas planejam testar o método para eliminar herbicidas como o glifosato, cuja concentração já se aproxima dos limites seguros definidos para consumo.

“Esse avanço representa um passo fundamental para proteger a saúde pública e o meio ambiente, ao combater a presença silenciosa de poluentes orgânicos na água,” afirma Gouvêa.

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Hospital São Francisco Desenvolve App para Registro Ágil da Evolução do Paciente à Beira-Leito

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Com o objetivo de agilizar e tornar mais eficiente o registro da evolução dos pacientes internados, a equipe de Tecnologia da Informação (TI) do Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF-RJ) desenvolveu um aplicativo inovador. Utilizado via tablet, o app está totalmente integrado ao sistema operacional do hospital, permitindo a inserção de informações em tempo real, diretamente no momento do atendimento à beira-leito.

Michelle Estefânio, gerente de enfermagem do HSF, explica a motivação por trás da solução:
“Registrar a evolução do paciente no prontuário é rotina, mas o processo envolvia muita burocracia. Precisávamos facilitar essa etapa para que os profissionais pudessem dedicar mais atenção ao paciente.”

A ferramenta entrou em operação no último dia 12 de maio, data que marca o Dia Internacional da Enfermagem, simbolizando um avanço na modernização da assistência hospitalar. Para o diretor executivo, Márcio Nunes, o projeto reflete a escuta ativa das necessidades da equipe de enfermagem:
“Simplificar processos sem abrir mão da segurança e qualidade da informação é investir no bem-estar do paciente e na valorização da linha de frente.”

Como Funciona o Aplicativo

O app permite o registro dinâmico e intuitivo de dados essenciais como sinais vitais, administração de medicamentos e balanço hídrico diretamente no prontuário eletrônico. Campos estruturados com checkboxes e textos pré-formatados diminuem drasticamente o tempo de digitação, mantendo a conformidade com normas do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), auditorias e exigências legais.

Além disso, a ferramenta possibilita o registro por imagens: a câmera do tablet é ativada para confirmar o uso correto dos medicamentos prescritos, reforçando a segurança do processo. Pietro Lima, desenvolvedor da equipe de TI, destaca essa funcionalidade como um diferencial importante.

Michelle ressalta o valor do aplicativo para a equipe:
“É um presente para os profissionais durante a Semana da Enfermagem, oferecendo uma ferramenta que torna o cuidado mais humano e menos burocrático.”

Inicialmente implantado na Unidade de Terapia Intensiva, que atende pacientes crônicos e de alta complexidade, o app deverá ser expandido gradualmente para outros setores do hospital, promovendo um padrão de registro mais ágil, centrado no paciente e próximo da rotina dos profissionais.

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SBCO Revela: 90% dos Pacientes Oncológicos Passam por Cirurgia, Mas Investimento em Cirurgias Fica Abaixo de 30% do Total em Oncologia no Brasil

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A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) divulgou dados recentes que destacam o papel central da cirurgia no tratamento do câncer e apontam para o desequilíbrio nos investimentos atuais em Oncologia no Brasil. Aproximadamente 90% dos pacientes oncológicos passam por algum tipo de cirurgia ao longo da sua jornada clínica, seja para diagnóstico, estadiamento, tratamento curativo ou paliativo.

Segundo Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO, cerca de 60% dos pacientes oncológicos recebem tratamento cirúrgico em algum momento, mais da metade dos cânceres sólidos iniciais são tratados exclusivamente por cirurgia, e 80% dos casos envolvem procedimentos curativos ou paliativos. Apesar disso, os dados do DATASUS mostram que, em 2023, foram investidos R$ 2,77 bilhões em quimioterapia, R$ 1,5 bilhão em cirurgias oncológicas e R$ 665 milhões em radioterapia.

“Há um desequilíbrio claro entre esses três pilares do tratamento do câncer. O investimento global ainda é insuficiente para lidar com a segunda maior causa de morte no mundo,” alerta Pinheiro.

A Necessidade de Ampliação e Redirecionamento dos Investimentos

Além de aumentar os investimentos em todos os setores da Oncologia, o presidente da SBCO reforça a importância de redirecionar os recursos para ações preventivas e de rastreamento, que são comprovadamente eficazes para reduzir a incidência da doença e os custos associados. Atualmente, grande parte dos recursos é destinada a tratamentos avançados, de alto custo e resultados clínicos limitados.

A concentração dos centros de assistência ao câncer no Sul e Sudeste do país também é motivo de preocupação, pois limita o acesso para pacientes de outras regiões, criando desigualdades que impactam diretamente o prognóstico. “O CEP do paciente muitas vezes determina o desfecho da doença,” ressalta Pinheiro.

Caminhos para o Fortalecimento da Oncologia no Brasil

Entre as estratégias recomendadas estão:

  • Fortalecimento da cirurgia oncológica com treinamento contínuo e atualização dos profissionais;
  • Criação e integração de redes hospitalares eficientes, com centralização de casos complexos em centros de referência;
  • Valorização e fortalecimento do SUS, reconhecido como o maior sistema público de saúde do mundo;
  • Melhoria da gestão e governança tanto no sistema público quanto no suplementar;
  • Incentivo à inovação em técnicas, tecnologias e modelos assistenciais para ampliar a eficácia e acessibilidade dos tratamentos.

“Com esses avanços, poderemos oferecer um cuidado mais eficiente, humanizado e acessível, beneficiando milhares de pacientes em todo o país,” conclui Rodrigo Pinheiro.

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