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Saúde Única: uma abordagem efetiva para os desafios da saúde

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Por Marina Domenech

Com o encontro do G20 no Rio de Janeiro e a um ano da COP30 em Belém, o Brasil tem a oportunidade de se tornar não apenas palco, mas também protagonista nas discussões globais sobre saúde e sustentabilidade. Um tema central nessa agenda é a adoção do conceito de Saúde Única (One Health), proposto pela Organização Mundial da Saúde, como um modelo eficaz para enfrentar os desafios da saúde global. Essa abordagem sugere uma visão integrada da saúde humana, animal e ambiental para prevenir, detectar e responder de forma eficaz a questões que surgem na interação dessas três esferas — uma necessidade cada vez mais urgente.

Um estudo publicado na revista Nature revelou que cerca de 60% das doenças infectocontagiosas são exacerbadas por eventos climáticos extremos, como ondas de calor e enchentes. Além disso, um artigo recente no The Lancet indica que, com o aumento previsto de 2,7 °C na temperatura global até 2100, óbitos relacionados ao calor — decorrentes de desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico — podem quadruplicar. Esse tipo de impacto já é observado no Brasil: no início do ano, as enchentes no Rio Grande do Sul acenderam o alerta para possíveis surtos de doenças respiratórias, dengue, leptospirose, tétano e hepatite A, todas ligadas às condições adversas enfrentadas pela população.

Eventos recentes na Europa também ilustram a importância da abordagem de Saúde Única. A Espanha sofreu uma catástrofe com inundações devastadoras, que não apenas causaram destruição de infraestruturas e mortes, mas também elevaram o risco de surtos de doenças infecciosas devido ao aumento da exposição à água contaminada e à proliferação de mosquitos vetores em regiões antes livres dessas condições. Esse exemplo, junto ao aumento de casos de dengue registrados no último ano em países como França, Itália e Espanha, reforça a urgência de integrar as respostas de saúde pública com estratégias ambientais.

Pois as doenças tropicais negligenciadas não respeitam fronteiras. Mesmo assim, países de baixa e média renda tendem a ser mais afetados, dada a vulnerabilidade de alguns grupos — como vimos durante a pandemia de COVID-19. No Brasil, onde cerca de 80% da população depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde e um em cada três brasileiros não tem acesso à saúde básica (especialmente no Norte e Nordeste), quais ações concretas poderiam mitigar esses impactos?

Ao considerar as frentes possíveis para enfrentar futuros desafios globais de saúde, o Brasil tem duas áreas de destaque. Primeiramente, um olhar estratégico para nossa biodiversidade, diferencial competitivo para o desenvolvimento científico. Nossa variedade de biomas, fauna e flora, o saber ancestral dos povos originários — que ainda carecem de protocolos específicos de saúde — e a vasta miscigenação do nosso povo tornam o Brasil um território promissor para a inovação, desde a descoberta de novas moléculas até a condução de estudos clínicos.

A segunda frente envolve a articulação entre setor público e privado e a formulação de políticas públicas eficientes. Isso inclui iniciativas que tornem a América Latina mais autossuficiente na produção de vacinas e tratamentos em geral. Ao reduzir a dependência externa — seja de conhecimento ou insumos —, fortalecemos nosso ecossistema de inovação científica e direcionamos mais recursos para necessidades de saúde não atendidas na região.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Fiocruz, menos de 5% do financiamento global de medicamentos é destinado a doenças tropicais negligenciadas. Enquanto isso, indígenas e ribeirinhos enfrentam problemas como febre tifoide e malária, que, embora de baixa letalidade, causam grande impacto físico, social e econômico nas comunidades e no sistema de saúde.

Investir em educação e pesquisa científica, capacitar profissionais para lidar com novos desafios, aprimorar a infraestrutura de vigilância, criar sistemas de monitoramento de doenças zoonóticas e mudanças ambientais, expandir redes de telemedicina e atendimento remoto e garantir estruturas de saneamento básico são passos essenciais.

Com comunicação, cooperação e coordenação, o Brasil pode se posicionar como um modelo de aplicação prática da abordagem One Health, ampliando o acesso à saúde de qualidade para sua população e consolidando-se como líder global no avanço de soluções integradas para saúde e sustentabilidade.


*Marina Domenech é fundadora e CEO da SAIL for Health.

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Hospital São Luiz Itaim inaugura Centro Avançado de Endoscopia com foco em alta tecnologia e IA

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Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.

Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”

Tratamentos modernos com alta precisão

Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:

  • Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
  • Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
  • POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
  • Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.

O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.

Inteligência artificial a favor da medicina

Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.

“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.

Um marco para o cuidado digestivo no Brasil

A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.

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Justiça obriga plano de saúde a reembolsar R$ 496 mil por sessões de hemodiálise

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Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica

Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.

Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.

A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.

“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.

Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores

Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.

“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.

Conforto e qualidade de vida preservados

Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:

“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.

Precedente relevante para outros casos

A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.

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Correios anunciam plano emergencial para contornar prejuízo bilionário em 2024

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Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.

📉 Causas do prejuízo
A estatal atribui a crise principalmente:

  • à queda nas receitas com encomendas internacionais;
  • ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
  • aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.


📋 Medidas do plano de recuperação:

  1. Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
  2. Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
  3. Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
  4. Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
  5. Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
  6. Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
  7. Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
  8. Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.

🚴‍♂️ Investimentos e transição ecológica

Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:

  • 50 furgões elétricos;
  • 2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
  • 1.502 veículos para renovação da frota.

💸 Alerta de liquidez

A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.


📢 Mensagem da direção

Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.

Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.

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