Com o avanço da tecnologia e a difusão de dispositivos móveis, tornou-se cada vez mais comum ver crianças — inclusive muito pequenas — utilizando tablets, smartphones e computadores. Embora esses recursos possam proporcionar entretenimento, aprendizado e interação social, o uso excessivo ou inadequado das telas na infância levanta preocupações quanto ao desenvolvimento físico, emocional e cognitivo dos pequenos.
Impacto no desenvolvimento infantil
- Saúde física: O uso prolongado de telas pode contribuir para o sedentarismo, aumentando o risco de sobrepeso e obesidade, além de prejudicar a qualidade do sono. Um estilo de vida ativo e brincadeiras ao ar livre ainda são fundamentais para o crescimento saudável.
- Atenção e cognição: Em algumas situações, o consumo de conteúdo digital muito rápido e estimulado pode atrapalhar o desenvolvimento das funções executivas, como a capacidade de concentração, de planejamento e de autorregulação.
- Relacionamentos e habilidades sociais: Interagir presencialmente com outras crianças e adultos ajuda a desenvolver empatia, linguagem e comunicação. Quando a maior parte do tempo é dedicada às telas, essas interações podem ser reduzidas, afetando a construção de vínculos.
Recomendações de especialistas
- Limites de tempo: Organizações de saúde, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP), recomendam limitar o uso de telas de acordo com a faixa etária. Para crianças menores de 2 anos, sugere-se evitar ao máximo a exposição. Já para as de 2 a 5 anos, o ideal é restringir a, no máximo, 1 hora diária.
- Seleção de conteúdo: Nem todos os aplicativos e programas são prejudiciais. Jogos educativos, desenhos com conteúdo pedagógico e aplicativos interativos podem estimular o aprendizado e a criatividade. É importante que os pais escolham com atenção o que os filhos vão assistir ou jogar.
- Acompanhamento dos pais ou cuidadores: Sempre que possível, participar do que a criança está vendo ou jogando e conversar sobre o conteúdo ajuda a ampliar o entendimento, desenvolver o senso crítico e evitar que a criança consuma material impróprio.
Estratégias para equilibrar o uso de telas
- Rotina bem definida: Estabelecer horários fixos para uso de dispositivos e priorizar, ao longo do dia, atividades físicas, leitura e brincadeiras livres.
- Ambientes livres de telas: Definir áreas sem tecnologia (como o quarto na hora de dormir) contribui para a higiene do sono e para a criação de hábitos saudáveis.
- Envolvimento familiar: Reservar momentos de interação sem a presença de eletrônicos — conversas, jogos de tabuleiro, passeios — reforça os laços e estimula o desenvolvimento socioemocional.
O papel das escolas e dos profissionais de saúde
- Orientação contínua: Pediatras, psicólogos e educadores têm um papel essencial na conscientização sobre os riscos e benefícios do uso de telas, fornecendo diretrizes para pais e responsáveis.
- Programas pedagógicos inovadores: Ao invés de proibir completamente, algumas escolas equilibram o uso de ferramentas digitais com metodologias ativas de ensino, explorando recursos tecnológicos de forma segura e construtiva.
- Políticas públicas: Incentivar iniciativas que promovam a formação de famílias e educadores no manejo consciente das telas pode trazer impactos positivos na saúde e no aprendizado das crianças.
Conclusão
O uso de telas na infância não precisa ser encarado como um vilão absoluto: ele pode oferecer oportunidades de diversão e aprendizado, desde que haja equilíbrio, supervisão e adequação de conteúdo. Ao compreender os potenciais riscos e estabelecer hábitos saudáveis desde cedo, pais e cuidadores contribuem para o desenvolvimento integral das crianças, garantindo que a tecnologia seja uma aliada — e não um obstáculo — ao bem-estar e à formação das futuras gerações.
Fonte: Futuro da Saúde – Uso de telas na infância