Especialista alerta sobre o estresse pós-traumático e explica os riscos e a importância do suporte psicológico nestes casos
O acidente ocorrido nesta sexta-feira, 07 de fevereiro, na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, no qual um avião de pequeno porte colidiu com um ônibus, resultando em duas mortes e vários feridos, é uma tragédia de grande impacto emocional para todos os envolvidos.
Do ponto de vista da psicologia, experiências traumáticas como essa podem levar ao desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Roberta Passos, psicóloga que atua há mais de 14 anos como Psicóloga Clínica e Psicopedagoga, com especialização em Neuropsicologia pelo IPQ-FMUSP, explica que o TEPT é uma condição que pode se manifestar após a exposição a fatos que envolvam ameaça de morte, ferimentos graves ou perigo à integridade física, seja pela experiência direta, testemunho ou conhecimento de ocorrências envolvendo pessoas próximas.
No contexto de acidentes de trânsito, estudos indicam que aproximadamente 11,5% dos envolvidos podem desenvolver TEPT. “Os sintomas incluem revivência constante do fato traumático, esquiva de situações que lembrem o trauma, alterações negativas no humor e na cognição, além de hiperexcitabilidade, como irritabilidade e dificuldade de concentração”, diz Roberta.
No caso específico do motorista do ônibus atingido pelo avião, é fundamental considerar o suporte psicológico imediato e contínuo. Intervenções precoces podem auxiliar na prevenção do desenvolvimento do TEPT, promovendo a ressignificação da experiência traumática e o fortalecimento de estratégias de enfrentamento. “A psicoterapia, especialmente as abordagens cognitivo-comportamentais, tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas e na promoção da recuperação”, orienta a especialista.
Além do atendimento psicológico, o apoio social desempenha um papel crucial na recuperação. A presença de familiares, amigos e colegas pode oferecer o suporte emocional necessário para que a vítima se sinta acolhida e compreendida, facilitando o processo de superação do trauma.
“É importante que profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de TEPT em vítimas de acidentes de trânsito e que políticas públicas sejam implementadas para oferecer suporte psicológico adequado a essas pessoas, reconhecendo o TEPT como um problema de saúde pública que requer atenção e intervenção específicas”, finaliza Roberta.