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Tecnologia

Telemedicina exige passos graduais e sem improvisação

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O debate da implementação da telemedicina no Brasil não é recente, no entanto, foi acelerado devido à emergência pública causada pela pandemia de Covid-19, que exigiu o isolamento social e causou a elevação da ocupação de leitos nos hospitais. Com a urgência de se tomarem medidas para atender a população, o país deu um passo em direção à telemedicina, com a regulamentação da teleconsulta, uma de suas modalidades.

Por envolver questões legais e éticas ao retirar da relação médico-paciente o exame clínico presencial, a medida foi aprovada apenas para o período de vigência da emergência pública, situação que ainda vivemos. Mas os resultados alcançados indicam sua permanência. Um levantamento do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) mostra que, durante o período da pandemia, metade da população utilizou serviços de saúde online.

A pesquisa mostra que a telemedicina foi opção para as classes A e B (42% de todas as pessoas que fizeram teleconsultas). A classe C ficou em segundo lugar, com 22%, e as classes D e E, com 20% das consultas online – deste total, 78% dos usuários das classes D e E fizeram uso da telemedicina na rede pública. Outra pesquisa, contratada pelo Conexa Saúde junto ao DataFolha, mostra que 41% dos brasileiros aprovaram a telemedicina.

Como pode se perceber, mesmo para quem tem maior poder aquisitivo ainda é difícil o acesso a essa nova ferramenta digital. Por isso, ganha força o debate sobre a necessidade de agilização da transformação digital nos serviços de saúde – e, portanto, sobre a continuidade das teleconsultas e a regulamentação das demais modalidades da telemedicina.

É nesta discussão que o setor de saúde enfrenta um de seus principais desafios na área de tecnologia: programar estratégias para aumentar a segurança e proteção de dados pessoais armazenados.

Importância da normatização

Para contribuir para esse processo de normatização, o Conselho Federal de Medicina publicou a resolução CFM 2314/2022, que “define e regulamenta a telemedicina, como forma de serviços médicos mediados por tecnologias de comunicação”.

Primeiro, as regras não são triviais e dependem de sistemas de segurança de informação definidos pela ISO 27000. São pressupostos da regulamentação: integridade, privacidade, confidencialidade, intimidade, sigilo, segurança de informação, titular (proprietário de dados), controlador (empresa que coordena o dado), operador (médico – pessoa que processa o dado pessoal), autenticidade, disponibilidade e legalidade.

Além disso, recaem sobre a prática da telemedicina várias legislações concorrentes, assinatura digital, documentos médicos eletrônicos, regulação.

A resolução da CFM reconhece as modalidades: teleconsulta, teleinterconsulta, telediagnóstico, telecirurgia, telemonitoramento, televigilância, teletriagem e teleconsultoria. E estabelece que:

  • A consulta presencial segue como “padrão ouro”, e a telemedicina é complementar;
  • O atendimento deve ser registrado em prontuário físico ou SRES (eletrônico), com Nível de Segurança 2 (NGS2);
  • O médico tem autonomia para dizer se pode ou não, no contexto, pode atender determinado paciente na modalidade telemedicina;
  • O paciente deve autorizar a modalidade de telemedicina, com consentimento explícito, e pode proibir ou revogar a autorização;
  • O paciente deve ser informado sobre limitações, e eventualmente pode-se solicitar consulta presencial;
  • Nos casos de doenças crônicas é necessário reavaliar o paciente de forma presencial a cada 180 dias;
  • A guarda dos dados dos pacientes fica a cargo do próprio médico assistente ou Responsável Técnico do serviço;
  • A manipulação e acesso dos dados devem respeitar Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD);
  • Dados devem perdurar pelo período de vigência de sua preservação (20 anos após óbito do paciente);
  • As empresas operando no setor devem ser brasileiras, e ter médico brasileiro como RT e o médico tem que informar ao Conselho Regional que vai fazer uso de telemedicina.

Em junho deste ano, seguindo na mesma linha do Conselho Federal de Medicina, o Ministério da Saúde publicou a portaria 1348, que “dispõe sobre as ações e serviços de Telessaúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Todas essas medidas mostram que a permanência legal da telemedicina no Brasil caminha a passos largos. Mas existem riscos inerentes ao processo remoto e que exigem alguns cuidados, como utilizar as melhores plataformas, certificadas por segurança; realizar treinamento de médicos, promover a educação do paciente, garantir a retenção de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Riscos do improviso

Por outro lado, não podemos nos esquecer de que estas mudanças são gradativas. Se, por um lado, a tecnologia exige agilidade, por outro, o improviso é inimigo de qualquer processo de transformação digital – e, quando falamos em saúde, estamos falando de vidas.

Entre os exemplos estão as redes sociais, como o WhatsApp. É uma ferramenta que oferece uma interação fácil e rápida. Mas, por mais que seja uma opção para o diálogo entre paciente e médico (para tirar dúvidas na pós-consulta, por exemplo), a consulta on-line em si exige um grau de formalidade e procedimentos que os aplicativos de comunicação não atendem.

Outro ponto de alerta é que a certificação digital da teleconsulta deve utilizar o padrão ICP-Brasil. É essa certificação que assegura reconhecimento jurídico e atesta que o signatário está ciente e de acordo com o seu conteúdo. Além disso, possibilita que os médicos assinem digitalmente documentos, agilizem procedimentos de consulta e usem a assinatura digital na prescrição de exames e receituários – inclusive de controle especial.

Por fim, é preciso ter uma política de segurança de dados clara e explícita, de acordo com a LGPD. Os procedimentos e políticas de privacidade de dados protegem a coleta, o armazenamento e a disseminação da informação pessoal identificável (PII) e o proprietário da companhia ou uma informação confidencial, enquanto a segurança de dados engloba a proteção física e lógica da PII e os dados da companhia de ciberataques, manuseio incorreto de dados, acidentais ou intencionais e outras brechas de dados.

A telemedicina é um grande avanço para a saúde no Brasil, mas é preciso estudo, preparação, protocolos e medidas para garantir o eficiente funcionamento do sistema e a segurança das informações de pacientes. Improvisar representa um grande risco, principalmente neste momento em que estamos dando passos importantes para efetivar o processo da saúde digital no país.

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Microsoft lança Fabric: plataforma que unifica dados e IA e será utilizada por ICTs empresariais no Brasil

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A Microsoft anunciou o lançamento oficial da Microsoft Fabric, uma plataforma inovadora que promete revolucionar a forma como empresas armazenam, processam e utilizam dados em escala. A novidade integra recursos avançados de inteligência artificial (IA) e combina as principais ferramentas da Microsoft em um único ecossistema, com o objetivo de oferecer uma solução de análise de dados unificada e mais eficiente. E o melhor: a Microsoft Fabric também será adotada por Infraestruturas de Chaves Tecnológicas (ICTs) empresariais no Brasil, fortalecendo a base digital de organizações públicas e privadas.

Desenvolvida com base na arquitetura Data Lakehouse, a Microsoft Fabric une os principais serviços da empresa — como Power BI, Azure Synapse, Data Factory e Azure Data Lake — em uma única interface, totalmente integrada com o Microsoft 365 e o Azure AI. A proposta é simplificar o acesso e o gerenciamento de dados, promovendo insights em tempo real e democratizando a análise de dados por meio da IA generativa.

“A Microsoft Fabric é uma evolução natural da nossa estratégia de dados e IA. Com ela, pretendemos tornar mais simples, seguro e eficiente o processo de tomada de decisão baseado em dados, desde o nível operacional até o estratégico”, afirmou Satya Nadella, CEO da Microsoft.

Por que isso importa para o Brasil?

A adoção da Microsoft Fabric por ICTs empresariais no Brasil representa um salto importante na modernização digital das organizações nacionais. Ao integrar análise de dados, machine learning e IA em um único ambiente, instituições públicas, hospitais, universidades, indústrias e bancos de dados científicos poderão acelerar o desenvolvimento de pesquisas, projetos e soluções com maior assertividade e menor custo.

Além disso, o uso da plataforma em ambientes altamente regulados, como saúde e finanças, é facilitado pelo alto nível de compliance e segurança oferecido pela Microsoft, o que a torna compatível com legislações como a LGPD e os protocolos internacionais de proteção de dados.

Principais recursos do Microsoft Fabric:

  • Lakehouse unificado: permite armazenar dados estruturados e não estruturados em um único repositório.
  • Power BI integrado: análise de dados em tempo real com visualizações otimizadas.
  • Copilot com IA generativa: assistente de inteligência artificial que responde em linguagem natural, ajudando na criação de relatórios, dashboards e análises complexas.
  • Pipeline de dados automatizado: coleta, transformação e carga de dados simplificadas com integração com centenas de fontes.
  • Governança avançada: controle total sobre quem pode ver, editar e usar os dados, com trilhas de auditoria e gerenciamento de acesso.

Inovação acessível e escalável

Com uma proposta de custo mais eficiente e um modelo de assinatura modular, a Microsoft Fabric busca ser acessível não apenas para grandes corporações, mas também para startups, universidades e organizações de médio porte. No Brasil, diversas instituições de ensino e pesquisa já iniciaram projetos-piloto com a plataforma, com apoio direto da Microsoft Brasil e de parceiros estratégicos.

Um futuro mais inteligente e conectado

A chegada da Microsoft Fabric marca um momento importante na jornada de transformação digital do país. Com uma plataforma única para governança, análise e IA, as empresas e instituições brasileiras terão mais ferramentas para inovar, melhorar seus processos e oferecer serviços mais eficientes à população.

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Nova ferramenta gratuita de IA auxilia oncologistas e profissionais de saúde no tratamento do câncer

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A oncologia ganha um novo reforço tecnológico com o lançamento da OncoIA, uma plataforma gratuita de inteligência artificial desenvolvida para apoiar oncologistas e profissionais de saúde na análise de dados clínicos e na personalização do tratamento contra o câncer. Criada pelo oncologista Raphael Brandão, a ferramenta integra dados clínicos e biológicos, aumentando a precisão terapêutica e permitindo abordagens mais individualizadas para cada paciente.


OncoIA: inteligência artificial como aliada na oncologia

A OncoIA foi projetada para atuar como um suporte inteligente aos médicos, oferecendo insights baseados em evidências científicas e auxiliando na tomada de decisões terapêuticas.

“A OncoIA foi concebida para ser uma aliada dos médicos, fornecendo informações baseadas em evidências para aprimorar a personalização do tratamento oncológico”, explica Raphael Brandão, fundador da Clínica First e Coordenador de Oncologia da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo.

Segundo Brandão, a ferramenta busca transformar a prática clínica ao tornar o atendimento mais ágil, eficiente e preciso, contribuindo diretamente para a qualidade da assistência ao paciente.


Tecnologia avançada e usabilidade intuitiva

A plataforma conta com uma interface amigável, facilitando a navegação e o uso por profissionais da saúde. Entre os principais diferenciais da OncoIA, destacam-se:

  • Análise avançada de dados clínicos para suporte à decisão médica.
  • Integração de informações biológicas e genéticas, permitindo tratamentos personalizados.
  • Base de conhecimento atualizada, garantindo acesso a diretrizes médicas e protocolos de referência.

Além da versão web, a OncoIA em breve será disponibilizada em formato de aplicativo, ampliando ainda mais seu alcance e praticidade para médicos e equipes multidisciplinares.


Impacto na oncologia e inovação no atendimento ao paciente

A adoção de inteligência artificial na oncologia tem sido um caminho promissor para aprimorar o tratamento do câncer, ajudando médicos a identificar padrões de resposta terapêutica, prever efeitos adversos e melhorar a precisão das condutas médicas.

A OncoIA reflete um compromisso contínuo com a inovação no setor de saúde, tornando-se uma ferramenta valiosa no suporte ao diagnóstico e no planejamento terapêutico, sem substituir a expertise dos médicos, mas atuando como uma aliada estratégica na assistência ao paciente oncológico.


Conclusão

O lançamento da OncoIA representa um avanço significativo na oncologia, trazendo a inteligência artificial como suporte essencial para decisões médicas mais precisas e personalizadas. Com o objetivo de tornar o atendimento mais eficiente e acessível, a plataforma reforça o compromisso de Raphael Brandão com a inovação na medicina e pode se tornar uma referência no tratamento do câncer no Brasil.


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Mercado de Business Intelligence (BI) na saúde no Brasil deve atingir uma receita projetada de US$ 259,8 milhões até 20301

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Tecnologias como o AeroRemote® Insights, da Konica Minolta, impulsionam eficiência hospitalar, precisão diagnóstica e experiência do paciente

De acordo com a empresa de consultoria e pesquisa de mercado, Grand View Research, o mercado de Business Intelligence (BI) na saúde no Brasil deve atingir uma receita projetada de US$ 259,8 milhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 13,6% entre 2023 e 2030. Esse avanço reflete a crescente digitalização do setor, impulsionada pela necessidade de otimizar processos, reduzir custos e aprimorar a experiência dos pacientes.

A análise de dados em tempo real tem sido uma peça-chave na transformação digital da saúde. Ferramentas de BI e telemetria possibilitam o monitoramento constante de equipamentos médicos, a análise preditiva de demandas hospitalares e a personalização do atendimento ao paciente, garantindo mais precisão nos diagnósticos e eficiência na gestão hospitalar.

“Os dados são hoje um ativo fundamental na saúde, permitindo decisões mais rápidas, precisas e baseadas em evidências. Com a inteligência de dados, os gestores hospitalares podem prever falhas em equipamentos, otimizar fluxos de trabalho e, principalmente, garantir um atendimento mais ágil e eficiente aos pacientes”, afirma Yan Maia, Especialista de Produto da Konica Minolta Healthcare do Brasil.

A transformação digital na saúde não apenas aprimora a capacidade de prever e corrigir falhas antes que impactem os atendimentos, mas também contribui para a otimização de custos. Segundo a McKinsey & Company, a digitalização e o uso de inteligência artificial (IA) no setor podem gerar economias de US$ 200 bilhões a US$ 360 bilhões globalmente, reduzindo desperdícios e melhorando a alocação de recursos2.

“O avanço da inteligência de dados melhora a gestão hospitalar e também tem um impacto direto na qualidade do atendimento. Com ferramentas analíticas avançadas, profissionais de saúde conseguem identificar padrões e tendências que permitem a detecção precoce de doenças, reduzindo complicações e melhorando os desfechos clínicos”, complementa Maia.

Diante desse cenário, ampliar o acesso a tecnologias de BI e telemetria na saúde no Brasil é essencial para garantir um sistema mais eficiente, acessível e preparado para os desafios do futuro

Sobre a Konica Minolta

A Konica Minolta Healthcare do Brasil é pioneira em inovação, dando forma às ideias através de tecnologias avançadas de diagnóstico por imagem. Nós colaboramos com nossos clientes para moldar um futuro mais brilhante e trazer inovação para a saúde. Nossa visão é contribuir para uma sociedade melhor.

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