Do físico para o digital, do digital para a nuvem, o recente boom da inteligência artificial (uma preciosa aliada, nunca substituta do radiologista) e, agora, o avanço da democratização do acesso à informação no ensino médico, acelerado pela pandemia. Nessas poucas linhas, estão 20 anos de uma revolução na Radiologia, além de um convite para refletir sobre como as novas tecnologias têm nos brindado com oportunidades de evoluir como profissionais e de formar melhores médicos para a assistência mais eficaz ao paciente.
Parece meio óbvio dizer que a transformação digital é oportunidade, mas, no dia a dia, ela muitas vezes é encarada com medo, o famoso medo do novo que sempre traz consigo o esforço de adaptação e de nos reconhecermos como aprendizes, mesmo com muitos anos de carreira. Na Radiologia, lidamos com esse “incômodo” todos os dias, visto que, diferente de outros ramos da ciência, nossa área adota novas tecnologias com uma frequência altíssima. O ditado anglo-saxão atribuído a Platão já dizia que “a necessidade é a mãe da inovação´”. É com esse espírito que convido todos os médicos e estudantes a encararem com vivacidade e otimismo a velocidade das mudanças em nossa área.
Vamos focar na mais recente grande transformação que cito no início desse texto: o desafio que foi imposto a todas as instituições voltadas ao ensino médico, em caráter de urgência na pandemia, de criar estratégias usando o digital para manter a formação dos alunos.
O virtual trouxe a oportunidade de aprimoramento dos elos da cadeia de ensino médico. Quebramos barreiras geográficas e estamos mais inclusivos. Afinal, nem todos teriam acesso a um aprendizado de qualidade num país com as dimensões do Brasil. Hoje, mesmo em um lugar com radiologia analógica, é possível levar o conhecimento apenas com um ponto de internet.
Entrando um pouco mais nas novas metodologias de ensino, o virtual é o terreno ideal para o funcionamento dos quatro pilares de engajamento no ensino – Struggle, Structure, Systemize e Syntesize (Enfrentar, Estruturar, Sistematizar e Sintetizar) – manejados de forma assíncrona ou síncrona. Posso disponibilizar uma aula pré-gravada para o aluno assistir, depois dar um caso para a interação e o desafio mental, para que estruture as ideias e as transcreva no relatório de forma sintética e, em seguida, ter uma discussão com ele sobre o processo de diagnóstico. Esse ensino assíncrono é muito mais fácil no mundo virtual do que no real.