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Inovação

Método computacional gradua severidade de biópsias de próstata

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pesquisa de mestrado desenvolvida por Maíra Suzuka Kudo no mestrado em Engenharia Biomédica do Instituto de Ciências e Tecnologia (ICT), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), teve como objetivo desenvolver e avaliar um método computacional de classificação e graduação da severidade de imagens patológicas de biópsias de próstata. A pesquisa, concluída em fevereiro de 2022, foi orientada pelo professor Matheus Cardoso Moraes (ICT/Unifesp), campus de São José dos Campos (SP), e coorientada pela professora Kátia Ramos Moreira Leite, da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata foram estimados em 2020, representando o segundo tipo mais frequente de câncer entre homens no Brasil, ficando atrás somente do câncer de pele não-melanoma. Existem dois tipos de tumores na próstata: o benigno, também conhecido como hiperplasia benigna da próstata, e o maligno, chamado de adenocarcinoma. As chances de cura superam 90% quando o diagnóstico é feito precocemente.

Para o rastreamento do câncer de próstata é realizado o exame retal digital e o teste de PSA, sendo recomendados para todos os homens acima de 50 anos ou a partir dos 45 anos se o paciente estiver no grupo de risco. Ambos os métodos apresentam limitações de acurácia na previsão das chances de diagnóstico do câncer de próstata. “O exame retal digital sozinho representa cerca de 51% de sensibilidade. Além disso, deve-se prestar atenção às possíveis causas do aumento do PSA além do câncer, como a hiperplasia benigna da próstata, prostatite e infecções do trato urinário”, pontua Maíra.

Caso haja alguma anormalidade nesses exames, o paciente é encaminhado para a biópsia, sendo este o padrão ouro. As amostras de biópsia são analisadas por um(a) patologista especialista que assinala se há ou não presença de câncer. Essa análise é realizada por meio dos critérios de Gleason, estabelecidos nos anos 60 a fim de padronizar e classificar lesões utilizando características visuais. Segundo Maíra, “os critérios de Gleason classificam a agressividade do câncer de nível inferior como o Gleason 3 até o nível superior Gleason 5″, explica ela.

A discordância entre patologistas especialistas sobre a presença de câncer nas biópsias pode chegar a 20%, o que pode ser um obstáculo para o diagnóstico da doença. Nesse sentido, pesquisas vêm analisando o potencial da implementação de procedimentos computacionais e métodos de processamento de imagem para a qualificação e quantificação do câncer. Em sua dissertação, Maíra visou implementar um método computacional utilizando Redes Neurais Convolucionais (CNNs), uma classe de rede neural artificial aplicada no processamento e análise de imagens digitais. “Classificamos patches de imagens obtidas por intervenções cirúrgicas em pacientes com e sem câncer e, posteriormente, classificamos as graduações de severidade nos padrões Gleason 3, 4 e 5″, conta.

Foram obtidas 32 imagens de biópsia de câncer de próstata, as quais foram revisadas por uma uropatologista especialista. Essas imagens foram, então, transformadas em milhares de patches para alimentar as topologias propostas. Adicionalmente, mais 13 imagens retiradas do conjunto de dados aberto PANDAS foram utilizadas para complementar os dados de classificação dos padrões de Gleason 3, 4 e 5. A metodologia foi dividida em abordagens clínicas para extrair patches e abordagens computacionais para a implementação das CNNs. As imagens de biópsia utilizadas no estudo foram providas e demarcadas pela professora Kátia Ramos Moreira Leite, do Laboratório de Investigações Médicas da USP.

O método apresentou uma acurácia de 98,3% na distinção entre amostras com e sem câncer. Em uma segunda topologia de classificação dos três padrões de Gleason, foram alcançadas 85%, 93% e 96% de taxas de verdadeiro positivo para os Gleasons 3, 4 e 5, respectivamente. Os métodos mostraram-se eficientes na classificação de câncer de próstata e com alta acurácia na graduação de severidade. “As principais contribuições da pesquisa envolvem as topologias propostas avaliadas, identificação da sequência, quantidade e estrutura das camadas, assim como melhores configurações dos parâmetros do modelo para a classificação entre patches saudáveis e cancerígenos e para a graduação nos padrões de Gleason“, finaliza Maíra.

Acesse a pesquisa clicando aqui

Atualidades

Labchecap inaugura avançado centro tecnológico em Salvador

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Labchecap de Salvador (BA) acaba de inaugurar um novo centro tecnológico por meio de soluções integradas da Roche Diagnóstica. Serão oferecidos cerca de 1,8 milhão de testes por mês nas áreas de imunologia, hematologia e bioquímica, com exames de diferentes patologias, como tireoide, perfil hormonal e doenças infecciosas, com equipamentos que unem simplificação e excelência, aumentam a produtividade, levando a resultados mais rápidos e precisos, garantindo mais agilidade, assertividade e segurança no diagnóstico do paciente.

Com 800m2 dedicados à área técnica, o novo centro contará com um fluxo linear e único de automação e maior padronização nos processos com foco na eficiência operacional. Tudo por meio de soluções que possibilitam uma contingência e backup para segurança da operação, previsibilidade do tempo e rastreabilidade das amostras em tempo real para controle.

Parceria visa levar mais acesso a um diagnóstico ágil, preciso e de qualidade para a região, trazendo mais valor e cuidado aos pacientes.

No total, são 18 plataformas da Roche Diagnóstica, com módulos de Imunologia com o equipamento do modelo cobas® pro e801, que aumenta a produtividade por menor tempo de manutenção, consolidando o maior número de testes em um único tubo e permite maior utilização com a grande estabilidade onboard dos reagentes; 2 soluções cobas® p512, automatizando as etapas pré e pós-analíticas, que abrangem os procedimentos executados dentro dos laboratórios, e automação de Hematologia com o equipamento Sysmex XN 9100.

Também traz o novo e inteligente conceito de manutenção auto-operacional que executa automaticamente as tarefas de manutenção em segundo plano e reduz a carga manual diária para zero na unidade analítica cobas® c 503 e as unidades pós-analíticas cobas® p 701 e output module, que são sistemas de arquivamento refrigerados que simplificam a recuperação de amostras e o gerenciamento de testes complementares.

Créditos: https://medicinasa.com.br/estudo-miopia/

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Atualidades

Inovação: criação de cirurgia pioneira no mundo no HCFMUSP

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Por Francisco Cesar Carnevale

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o maior complexo hospitalar da América Latina, é uma referência mundial em saúde. Este prestígio é resultado de uma combinação de assistência de qualidade, ensino de excelência, pesquisa avançada e investimentos contínuos em inovação e tecnologia. Esses esforços têm permitido o desenvolvimento de tratamentos revolucionários que não apenas melhoram a qualidade de vida dos pacientes, mas também ampliam o acesso à saúde e geram um impacto socioeconômico significativo no Brasil.

A radiologia, tradicionalmente conhecida por seu papel crucial no diagnóstico de diversas condições médicas por meio de exames como raio-X, tomografia e ressonância magnética, tem expandido seu alcance para incluir tratamentos. A radiologia intervencionista, uma subespecialidade terapêutica, utiliza métodos de imagem para realizar cirurgias minimamente invasivas e mais precisas. Esta abordagem proporciona aos pacientes menor risco, recuperação mais rápida e menos dor, comparado aos métodos cirúrgicos tradicionais.

Recentemente, fui surpreendido com a notícia de que serei homenageado em setembro com o prêmio mais importante da Radiologia Intervencionista durante o congresso da CIRSE 2024, em Lisboa. Este título, que avalia profissionais de todo o mundo, está para nós, médicos, como a Bola de Ouro no futebol! Ser o primeiro brasileiro e latino-americano a receber esse prêmio é uma honra indescritível, até porque é o reconhecimento de um trabalho realizado em equipe e um reconhecimento do Brasil como referência em medicina e pesquisa, superando a desconfiança que muitas vezes cerca a produção científica nacional. Sou profundamente grato por isso.

Um dos avanços mais notáveis que desenvolvemos no InRad e, de forma pioneira no Brasil e no mundo, é a técnica de embolização da próstata, uma alternativa inovadora para o tratamento da hiperplasia prostática benigna (HPB). Esta condição, comum entre homens após os 50 anos, geralmente exige a remoção total ou parcial da glândula. A técnica consiste em obstruir as artérias da próstata, bloqueando parcialmente a circulação sanguínea para reduzir seu tamanho e torná-la mais macia. Este procedimento minimamente invasivo melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes ao eliminar os sintomas da HPB e evitar as complicações associadas aos tratamentos tradicionais.

O projeto proporcionou ao Instituto de Radiologia uma projeção internacional e atraiu profissionais do Brasil e do exterior que buscam treinamento para aprender e replicar o procedimento ao redor do mundo.

No InRad, a radiologia intervencionista permite oferecer tratamentos para uma ampla gama de especialidades, incluindo oncologia, ortopedia, transplante de fígado e rim, além de opções terapêuticas em pediatria e ginecologia, como o tratamento de miomas uterinos. Conseguimos atender todos os institutos do complexo, incluindo o InCorICESP, Instituto da Criança e do Adolescente (ICr), Instituto Central e Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOTH).

Realizamos aproximadamente 2 mil cirurgias minimamente invasivas por ano dentro do HCFMUSP, e o impacto social desse trabalho é significativo. Já formamos internamente mais de cem profissionais capacitados a replicar e disseminar as técnicas desenvolvidas aqui, beneficiando não apenas os pacientes do HC, mas também em todo o Brasil.

Crescer e continuar a transformar

A radiologia intervencionista é uma especialidade que demanda e promove inovação, o que a torna extremamente atrativa. Temos aumentado o número de residentes e estamos otimistas em relação ao futuro, já que atuamos em diversos institutos do HC. Além disso, temos a responsabilidade de formar médicos de todo o Brasil, capacitando-os a levar esse conhecimento para suas regiões.

As conquistas que alcançamos até agora são apenas o começo de um caminho promissor. A especialidade tem potencial para transformar a jornada do paciente, oferecendo tratamentos mais eficazes e menos invasivos, que resultam em melhores prognósticos e uma recuperação mais rápida. O reconhecimento internacional que recebemos é um testemunho do impacto positivo que a radiologia intervencionista pode ter na medicina moderna.


*Francisco Cesar Carnevale é Chefe do Serviço de Radiologia Vascular Intervencionista do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da USP, do Instituto do Câncer (ICESP) e professor livre-docente pela Faculdade de Medicina da USP.]

Créditos: https://medicinasa.com.br/radiologia-hcfmusp/

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Atualidades

Uberização: o crescimento do pay per use na saúde brasileira

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Por Graciele Miglio

O sistema de pay per use tem ganhado espaço em diversas áreas, incluindo a saúde, oferecendo uma alternativa flexível e acessível para quem precisa de cuidados médicos. No entanto, o termo “uberização” tem sido erroneamente associado a esse modelo, muitas vezes com uma conotação negativa. É essencial esclarecer que, quando aplicado à saúde, o sistema pay per use não visa precarizar o trabalho dos profissionais ou reduzir a qualidade do atendimento, mas sim democratizar o acesso e oferecer uma opção mais justa tanto para pacientes quanto para médicos.

Os números e estimativas comprovam isso. Especialistas apontam que o sistema de saúde pay per use no Brasil faturou, em 2023, R$ 320 bilhões e as projeções para os próximos dez anos indicam que o mercado de saúde pay per use pode crescer dez vezes em relação ao faturamento atual.

O envelhecimento da população, os altos custos dos planos de saúde e as dificuldades de acesso aos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão impulsionando a demanda por serviços de saúde privados. Esse cenário apresenta uma oportunidade única para o modelo pay per use, que, se bem estruturado, pode se tornar uma alternativa acessível e viável para milhões de brasileiros.

O sistema pay per use na saúde não deve ser confundido com a “uberização” do setor. Enquanto o primeiro busca ampliar o acesso e garantir justiça tanto para pacientes quanto para médicos, o segundo carrega uma conotação negativa que não se aplica ao contexto da saúde.

Ao adotar o modelo pay per use, estamos caminhando em direção a um sistema mais inclusivo e sustentável, onde todos têm a oportunidade de receber cuidados médicos de qualidade a preços justos. O futuro deste modelo é promissor, mas exige atenção e planejamento para que seu crescimento seja harmonioso e benéfico para todos os envolvidos.


*Graciele Miglio é CEO da Nowmed.

Créditos: https://medicinasa.com.br/saude-uberizacao/

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