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Só 1 entre 10 ações de saúde sobe em 2024 na Bolsa. Setor tem recuperação?

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O ano de 2024 começou endêmico para as ações ligadas à saúde na B3. Com exceção de uma companhia, todo o setor está sofrendo com perdas acumuladas em janeiro, até o fechamento do pregão desta quarta-feira (24). O movimento baixista, contudo, vem de antes, principalmente quando se considera o início da pandemia de covid-19, evento que combaliu a cadeia e deixou sequelas para muitas das companhias até o momento. Diante desse quadro, o que esperar dessas ações neste ano?

Mercado acende alerta para empresas endividadas.

O “adoecimento” geral está ligado sobretudo ao aumento dos custos das companhias reforçado por fatores comportamentais, como mudança de hábito dos consumidores, que passaram a usar mais os serviços, e econômicos, como juros elevados. O diagnóstico é de especialistas ouvidos pelo E-Investidor.

As perspectivas de recuperação seguem incertas e dividem analistas quanto ao futuro das empresas da Bolsa ligadas à saúde, inclusive porque o setor abriga companhias que atuam em diferentes segmentos, como planos de saúde, análises clínicas e hospitais.

Flávio Conde, analista de investimentos da Levante, conta que o mercado considera que o setor cometeu um erro de cálculo. “A pandemia mostrou que é um setor difícil de ganhar dinheiro. Não por conta do crescimento, mas porque com isso ocorreu também uma queda das margens. Foi o que assustou o mercado: uma queda de resultados e o aumento do endividamento das empresas”, diz.

O impacto foi maior para as operadoras de planos de saúde, na opinião de Conde, porque a crise sanitária global provocou nos brasileiros uma mudança de hábito que os levaram a usar mais os serviços, o que acarretou na elevação dos custos para as companhias. Em linhas gerais, ele explica que o lucro das empresas resulta do quanto as pessoas pagam pelo plano menos aquilo que consomem. Logo, se há um maior uso dos serviços, os custos tendem a aumentar, impactando no lucro.

“Cirurgias e tratamentos estão cada vez mais caros. A saúde é cara em qualquer lugar do mundo, não é só no Brasil”, observa Conde. “O mercado não estava precificando corretamente. E isso fez com que as ações caíssem”, afirma.

Nilson Marcelo, analista quantitativo na CM Capital, concorda que o aumento na sinistralidade – relação entre o custo por acionar plano ou seguro e o valor (prêmio) que a operadora recebe – prejudicou as empresas, somado aos reajustes “tardios” no preço dos planos.

Mas há também no meio do diagnóstico agentes de ordem macroeconômica. Um deles foi o peso dos juros contra as empresas de saúde privada, aponta Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos. “Esse é um setor de crescimento, muitas vezes chamado de secular (longo prazo), que vai melhor quando os juros estão baixos ou em queda. Desde 2019, as expectativas para o setor foram reduzidas, com a economia e o emprego crescendo pouco. Isto atrapalha. A única coisa que continua sustentando a tese de crescimento secular é o envelhecimento da população”, diz.

Como os papéis das empresas de saúde estão desde a pandemia?

Conforme levantamento elaborado por Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, dos dez papéis que integram o setor na Bolsa, nove estão negativos no mês. A exceção é Odontoprev (ODPV3), com ganhos de 3,27%. As maiores quedas no período ficam com Qualicorp (QUAL3, recuo de 26,47%), seguida por Kora Saúde (KRSA3, -23,08%) e Alliar (AALR3, -20,19%).

Seis desses dez papéis já eram negociados na Bolsa antes da pandemia ser confirmada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020. Para fins de comparação com patamar de preço atual, Rivero considerou os preços do fechamento da sexta-feira de 20 de fevereiro de 2020 como sendo os últimos sem o impacto da covid-19 nos mercados. Nesse recorte, as ações acumulam quedas que vão de 7,65% (ODPV3) a 92,91% (QUAL3).

Os outros quatro papéis entraram na Bolsa após o início da crise no Brasil, ao longo de 2020 e 2021. E todos estes também apresentam queda acumulada até o momento presente.

O setor da saúde vai se recuperar em 2024?

Embora lenta e de forma não uniforme, os analistas têm perspectivas positivas para algumas ações. Com base no levantamento, é possível constatar que alguns papéis apresentam um quadro de recuperação no acumulado de 2023. A ONCO3, por exemplo, subiu 115,59% no período. No mesmo sentido, KRSA3 e ODPV3 se valorizaram em 66,67% e 33,17%, respectivamente, em todo o ano passado.

André Sandri, sócio da AVG Capital e fundador do EDUCA$, reconhece que a recuperação para as companhias do setor de saúde está acontecendo, embora de forma “bastante lenta”, em relação aos níveis pré-pandemia. Para ele, o ano deve ser mais de consolidação do que de expansão “agressiva”. Quanto à demora na recuperação do setor, ele atribui o ritmo à pressão constante dos custos e aos desafios nas negociações de preços.

Além disso, acrescenta que a crise sanitária da covid-19 trouxe desafios significativos para o setor, como a necessidade de adaptação rápida, investimentos em novas tecnologias e mudanças nos fluxos e processos hospitalares. “A perspectiva para o setor em 2024 é cautelosamente otimista. Algumas casas de análise sinalizam uma melhora lenta e gradual para as margens operacionais das empresas de saúde no Brasil, apesar de pressões contínuas de custos e desafios nas negociações de preços”, diz Sandri.

“Há expectativas de um cenário econômico favorável com a possível queda dos juros que poderia impulsionar o consumo e a atividade econômica, beneficiando indiretamente o setor. No entanto, é importante observar que altos reajustes por parte das operadoras, como os vistos em 2023, podem não ser suficientes para uma recuperação robusta deste setor”, acrescenta Sandri.

Siqueira, da Guide, aposta em um guinada da área da saúde no País, amparada principalmente no envelhecimento da população e no aumento da penetração dos planos de saúde. “Nossa preferência é Rede D’Or, em função da liquidez elevada, tamanho da empresa, portfólio de serviços amplo e alto poder de definição de preços. Fleury também é uma opção interessante de curto prazo, pelas sinergias com a (Hermes) Pardini, mas no médio e no longo prazos a vemos como um investimento muito arriscado”, diz Siqueira.

Embora veja bons resultados e números fortes em Fleury, Conde, da Levante, não tem recomendação para os papéis do setor.

João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, considera o setor de saúde o segundo pior da Bolsa de Valores, perdendo apenas para o setor de varejo. Entre os pontos negativos, ele cita que até 2020 a indústria de planos de saúde privados tinha retorno sobre patrimônio líquido (ROE) na faixa de dois dígitos e, nos últimos três anos, passou a render zero.

Ainda assim, questionado sobre as melhores opções do setor, ele destaca RDOR3 e Hapvida (HAPV3). “Por um outro lado, há uma chance de aumento nos planos empresariais de 20%, o que seria bem interessante considerando a inflação de custo da indústria que será no máximo de 12% ao ano. Retornos que podem mostrar melhorias ainda em 2024”, diz Tonello.

Caso Hapvida afeta o setor de saúde?

O analista da levante entende que o caso revelado pelo Estadão, sobre a Hapvida NotreDame supostamente se negar a prestar tratamentos mesmo com determinação da Justiça, tende a impactar diretamente a empresa e o segmento de planos de saúde. “Isso é preocupante. O investidor não gosta desse tipo de risco porque mostra que tem um potencial de gasto extra. Hospitais e laboratórios clínicos sofrem por tabela. Mas nada que alguém vai vender ações do Fleury porque a Hapvida está com problema”, avalia Conde.

  • Saiba mais: O que o investidor deve fazer com a ação da Hapvida após escândalo?

Siqueira vê o problema como “isolado” e concorda que o impacto é para os planos de saúde, com um risco maior para Odonprev, Qualicorp e Rede D’Or. “As demais são hospitais e seriam pouco impactadas”, aposta o analista da Guide.

Sandri, por sua vez, não vê o caso como apenas um problema isolado para a Hapvida NotreDame e enxerga um grande potencial para afetar significativamente o setor de saúde, principalmente pela forma como pode influenciar a percepção pública e a confiança no setor. Para ele, o caso já está gerando cautela entre os investidores, afetando negativamente o desempenho das ações de outras empresas de saúde na Bolsa.

“Enquanto o impacto imediato pode ser mais evidente na própria empresa, acredito que o episódio pode levar a uma maior vigilância regulatória sobre todo o setor. Isso pode resultar em custos operacionais mais altos para todas as empresas de saúde, pressionando suas margens de lucro”, diz o sócio da AVG Capital.

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Hospital São Luiz Itaim inaugura Centro Avançado de Endoscopia com foco em alta tecnologia e IA

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Novo centro oferece tratamentos menos invasivos para obesidade, tumores e distúrbios digestivos, com apoio de inteligência artificial e equipe multidisciplinar

O Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or, inaugurou um moderno Centro Avançado de Endoscopia que promete transformar o cuidado com doenças do trato gastrointestinal. A estrutura une alta tecnologia, inteligência artificial (IA) e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo alternativas inovadoras para tratar desde obesidade e diabetes tipo 2 até tumores e complicações pós-operatórias.

Segundo o médico endoscopista Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, responsável técnico pelo serviço, a proposta é clara: “Hoje conseguimos realizar procedimentos que antes exigiam cortes e internações prolongadas, com uma câmera e acesso minimamente invasivo, muitas vezes com alta no mesmo dia.”

Tratamentos modernos com alta precisão

Entre os destaques do novo centro estão técnicas de:

  • Gastroplastia endoscópica – alternativa à cirurgia bariátrica tradicional, realizada por endoscopia para reduzir o estômago;
  • Ablação da mucosa gástrica – aplicação de calor em áreas específicas do estômago para controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2;
  • Dissecção endoscópica da submucosa (ESD) e ressecção endoscópica de parede total (EFTRD) – para remoção de tumores e lesões digestivas de forma precisa, sem cirurgia aberta;
  • POEM e G-POEM – procedimentos para tratar distúrbios digestivos como megaesôfago e gastroparesia;
  • Vacuoterapia endoluminal – técnica inovadora que acelera a cicatrização por meio de pressão negativa aplicada diretamente no local da lesão.

O centro também se destaca por aplicar colangioscopia e ecoendoscopia guiadas por imagem em tempo real, permitindo tratamentos mais seguros para doenças do fígado, pâncreas e vias biliares.

Inteligência artificial a favor da medicina

Um dos diferenciais mais inovadores do centro é a utilização de IA no apoio ao diagnóstico precoce. A tecnologia permite detectar lesões gastrointestinais com maior precisão e agilidade, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de cirurgias invasivas.

“Unimos o melhor da medicina com o poder da tecnologia. A inteligência artificial nos permite detectar lesões com mais precisão e rapidez, algo que impacta diretamente no sucesso dos tratamentos”, afirma Fernando Sogayar, diretor-geral do Hospital São Luiz Itaim.

Um marco para o cuidado digestivo no Brasil

A proposta do novo Centro Avançado de Endoscopia é colocar o Hospital São Luiz Itaim na vanguarda do cuidado digestivo no Brasil, integrando assistência, ensino e pesquisa clínica. Com foco na humanização e na precisão, o centro representa um salto qualitativo na forma como condições gastrointestinais serão diagnosticadas e tratadas nos próximos anos.

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Justiça obriga plano de saúde a reembolsar R$ 496 mil por sessões de hemodiálise

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Decisão da 2ª Vara Cível do Butantã considera abusiva a suspensão de reembolso de tratamento vital a paciente com doença renal crônica

Em decisão proferida na última quinta-feira (8), a Justiça de São Paulo determinou que uma operadora de plano de saúde reembolse R$ 496,6 mil a um paciente com doença renal crônica que teve o reembolso de sessões de hemodiálise suspenso de forma unilateral e sem justificativa contratual válida. O caso foi julgado pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 2ª Vara Cível do Butantã.

Segundo os autos, o paciente depende da hemodiafiltração de alto fluxo, realizada cinco vezes por semana, e vinha sendo ressarcido desde 2013. No entanto, a operadora reduziu gradualmente os valores a partir de novembro de 2023, interrompendo completamente os pagamentos em maio de 2024, mesmo sem qualquer alteração contratual ou mudança no tratamento prescrito.

A empresa alegou estar seguindo limites contratuais, mas o argumento foi rechaçado pela magistrada, que classificou como abusiva e ilegal a recusa de reembolso para um tratamento vital à sobrevivência do paciente.

“Se há fraudes, cabe à empresa analisar com o devido cuidado as relações individuais, não penalizando aquele que não tem correlação com os fatos. No limite, importa saber se o autor está sendo tratado e se os valores de reembolso são condizentes com o que se pratica no mercado no mesmo nível de serviços”, afirmou a juíza na sentença.

Cláusulas vagas e livre escolha de prestadores

Outro ponto destacado foi a falta de clareza contratual quanto aos limites de cobertura. A juíza entendeu que o plano de saúde violou os direitos do consumidor ao impor restrições sem transparência e que, mesmo havendo uma rede credenciada, o contrato previa a livre escolha de prestadores.

“Haver rede credenciada é um irrelevante jurídico, pois o contrato permite a livre opção do consumidor”, destacou a magistrada.

Conforto e qualidade de vida preservados

Para a advogada do paciente, Giselle Tapai, especialista em Direito à Saúde, a decisão representa mais do que a garantia de um direito contratual — trata-se de preservar a dignidade e o bem-estar do paciente:

“A decisão permitirá ao beneficiário promover o seu tratamento em clínicas que ofereçam um cuidado diferenciado, como era feito antes do conflito. Ambientes confortáveis, sofisticados e acolhedores impactam positivamente a qualidade de vida do paciente e de sua família”, declarou ao portal Terra.

Precedente relevante para outros casos

A decisão judicial representa um importante precedente para casos semelhantes, nos quais pacientes com doenças crônicas enfrentam dificuldades no custeio de tratamentos contínuos por conta de reembolsos negados ou limitados de forma arbitrária pelas operadoras.

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Correios anunciam plano emergencial para contornar prejuízo bilionário em 2024

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Enfrentando um déficit histórico de R$ 2,6 bilhões em 2024 — quatro vezes maior que o prejuízo de 2023 — os Correios lançaram um pacote de medidas para tentar recuperar o equilíbrio financeiro da estatal. A proposta, divulgada internamente nesta segunda-feira (12), pretende economizar R$ 1,5 bilhão ao longo de 2025 e exige forte adesão dos mais de 86 mil empregados da empresa.

📉 Causas do prejuízo
A estatal atribui a crise principalmente:

  • à queda nas receitas com encomendas internacionais;
  • ao aumento dos custos operacionais, que chegaram a R$ 15,9 bilhões (+ R$ 716 milhões em relação a 2023);
  • aos gastos com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

📦 Apenas 15% das mais de 10 mil unidades de atendimento registraram superávit, reforçando o desafio de manter a capilaridade do serviço postal em todos os municípios do país.


📋 Medidas do plano de recuperação:

  1. Redução de jornada de trabalho e salários: de 8h para 6h diárias, com 34h semanais;
  2. Suspensão de férias a partir de junho de 2025, retomando apenas em 2026;
  3. Corte de 20% nos cargos comissionados na sede;
  4. Fim do home office: retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho;
  5. Prorrogação do PDV (Programa de Desligamento Voluntário) até 18 de maio;
  6. Revisão dos planos de saúde com nova rede credenciada e economia prevista de 30%;
  7. Lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025;
  8. Captação de R$ 3,8 bilhões com o NDB para modernização e investimento interno.

🚴‍♂️ Investimentos e transição ecológica

Apesar das dificuldades, a estatal afirma manter seu plano de transição sustentável em até 5 anos. Foram investidos R$ 830 milhões em 2024, com destaque para:

  • 50 furgões elétricos;
  • 2.306 bicicletas elétricas e 3.996 convencionais com baú;
  • 1.502 veículos para renovação da frota.

💸 Alerta de liquidez

A empresa consumiu R$ 2,9 bilhões do caixa, restando apenas R$ 249 milhões disponíveis. Isso levou ao atraso de repasses a transportadoras e agências franqueadas, resultando em entregas mais lentas e paralisações parciais dos serviços.


📢 Mensagem da direção

Segundo o documento interno, “cada pequena contribuição dos empregados será essencial para superar os desafios e construir um futuro mais promissor”.

Com o plano de contenção, os Correios tentam evitar nova crise estrutural como a enfrentada em 2016, quando também registraram prejuízo bilionário. A proposta, porém, deve gerar forte resistência dos sindicatos diante da suspensão de direitos e da redução salarial.

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